Seu funcionamento é simples e lembra o dos dispositivos intrauterinos (DIU) utilizados há décadas como método contraceptivo não hormonal: graças a uma estrutura altamente porosa, a esponja absorve grandes quantidades de fármaco (nesse caso, os testes foram feitos com o conhecido antifúngico clotrimazol, comumente comercializado na forma de creme) e, na temperatura e pH internos do corpo, passa a liberá-lo lentamente e na medida certa. Uma das vantagens é que a própria paciente pode inserir a esponja no canal vaginal.
"Os ensaios in vitro com células do trato vaginal mostraram atividade anticândida contra seis cepas diferentes, liberação completa do medicamento em até quatro horas e bioequivalência entre fármaco livre e fármaco carregado na esponja [ou seja, o material não afetou a ação do antifúngico], atestando sua eficiência como sistema de liberação para o clotrimazol", relata Martins.
Outra facilidade é ser feita de quitosana e polivinil caprolacta, materiais biocompatíveis com as células do trato vaginal e que, em contato com os fluidos da região, originam um gel que se desfaz. Dessa forma, não há a necessidade de remoção do material após o tratamento, como ocorre com outros dispositivos - por exemplo, os produzidos com poliuretano.
Produto comercial
"O estudo mostra que, ao criar novos dispositivos com propriedades biofarmacêuticas aprimoradas, podemos melhorar a aceitabilidade do tratamento pelo paciente, aspecto fundamental para a saúde pública", acredita Emerson Rodrigues de Camargo, professor do Departamento de Química da UFSCar e coordenador do trabalho, conduzido no âmbito do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento de Materiais Funcionais (CDMF) - um Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID) da FAPESP sediado na UFSCar.
"Neste trabalho, unimos ciência básica, que responde às perguntas gerais, e ciência aplicada, que trata de questões específicas e leva todo esse conhecimento para um ganho social de curto, médio e longo prazo. Uma não existe sem a outra."
Esponja intravaginal pode tornar tratamento da candidíase mais confortável - VivaBem
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