As fezes dão sinais de que algo não vai bem na alimentação ou na digestão. — Foto: Reprodução/Freepik
Você olhou para o seu cocô hoje? Pode parecer nojento, mas tão importante quanto ir ao banheiro regularmente é saber avaliar o que as fezes podem dizer sobre sua alimentação e digestão.
Para entender o que acontece dentro do organismo, o g1 ouviu três especialistas que explicam, nesta reportagem, quatro pontos que devem ser considerados.
1 - Pelo começo: a alimentação
De acordo com Sérgio Alexandre Barrichello Júnior, endoscopista bariátrico, a evacuação está relacionada com a presença do bolo alimentar já digerido no intestino grosso. Ou seja, a qualidade e quantidade de alimento consumida influenciará o modo que a evacuação se dará.
Para Murilo, especialista em modulação intestinal, tudo pode ser resumido em:
Descasque mais e desembale menos.
Ele afirma que quanto mais naturais os alimentos, melhor o funcionamento intestinal. "Ao serem metabolizados pela microbiota intestinal, vão dar saúde e vitalidade para as células do intestino que geram a movimentação intestinal."
A nutricionista Mayara Rocha ressalta a importância das fibras. "É importante fazer a ingestão associada ao consumo de água, porque elas, junto da água, fazem com que as fezes saiam com mais facilidade, porque o intestino fica mais lubrificado", explica.
As fibras são classificadas de duas maneiras:
- as solúveis se dissolvem em água e ficam mais tempo no estômago, aumentando a sensação de saciedade e hidratando as fezes, facilitando a evacuação. São encontradas na aveia, na cevada, no bagaço de frutas cítricas e em leguminosas;
- as insolúveis não dissolvem na presença de água, gerando um aumento do volume das fezes e estimulando a movimentação do intestino, evitando a prisão de ventre. Elas estão nos cereais integrais, legumes, verduras e cascas de frutas.
2 - Digestão
Uma dieta rica em legumes e verduras proporciona um hábito intestinal mais regulado do que têm aqueles que comem bastante carne e alimentos ultraprocessados. — Foto: Reprodução/Freepik
Uma digestão ineficaz também se traduz em uma evacuação inadequada. Cada organismo é único e, portanto, tem os próprios desafios. Alguns nutrientes são mais difíceis de serem digeridos para algumas pessoas, causando constipação (intestino preso), diarreia ou gases.
3 - Evacuação
O corpo dá sinais por meio das fezes. Murilo dá um exemplo que os donos de animais de estimação vão entender bem:
"Quando o cachorro faz cocô mole, a gente ja se preocupa com o que ele comeu de errado. Quando isso acontece com o próprio adulto, em vez de entender como um aviso para mudar a alimentação, a pessoa procura um remédio".
Para avaliar se a consistência das fezes está adequada foi criada a Escala de Bristol, que leva em consideração fatores como o formato, a umidade e a cor. Veja abaixo:
Para avaliar se a consistência das fezes está adequada foi criada a Escala de Bristol, que leva em consideração fatores como o formato, a umidade e a cor. — Foto: Arte g1/Wagner Magalhaes
De acordo com o especialista em modulação intestinal, a cor das fezes, quando não relacionada a algum alimento, pode indicar outros problemas de saúde. Veja o que observar antes de dar apertar a descarga:
- fezes esbranquiçadas podem indicar problemas na vesicular biliar;
- fezes muito pretas podem indicar sangramento;
- fezes esverdeadas em crianças, especialmente durante a introdução alimentar, indicam Alergia à Proteína do Leite de Vaca (APLV);
- fezes esverdeadas na fase adulta podem ser sinal de alguma parasitose;
- se é possível ver algum pedaço inteiro de alimento, há um problema de digestão.
4 - Probióticos e prebióticos
O que são?
Probióticos são microrganismos vivos que auxiliam o funcionamento da microbiota intestinal. A nutricionista Mayara Rocha diz que eles são encontrados em alimentos como o leite fermentado, missô e kefir.
Já os prebióticos ajudam na reprodução desses microrganismos. Entre os alimentos que auxiliam esse processo estão as fibras solúveis, presentes em alimentos como cebola, alho, banana e chicória.
Como agem?
Os probióticos agem melhorando a imunidade, fazendo com que o organismo seja mais tolerante a agentes que podem causar doenças e até mesmo alergias alimentares. Também são muito usados para tratar quadros persistentes de diarreia, principalmente após um período prolongado de uso de antibióticos, classe de remédios que destrói a microbiota intestinal.
Já os prebióticos estimulam a reprodução dos probióticos, alimentando essas 'bactérias do bem' e facilitando a sua ação no organismo.
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