O mesmo vale para serviços hospitalares e exame. Os médicos abusam da prescrição de testes laboratoriais: 40% dos exames no Brasil são desnecessários, consumindo R$ 12 bilhões ao ano, diz o IESS.
Convênios demoram a adotar medicina preventiva. No Brasil, o médico especialista (mais caro) é visto como de melhor qualidade, enquanto países desenvolvidos preferem os generalistas. Por lá, o investimento é na saúde preventiva com o médico de família, que acompanha o paciente ao longo da vida, um modelo com eficácia acima de 85%, segundo o pesquisador Ademir Lopes Júnior (USP).
As operadoras são mal geridas no Brasil. Elas contratam hospitais, médicos, laboratórios e vão empurrando com a barriga um modelo obsoleto. Se há uma crise no setor, ela já é crônica.
Ligia Bahia, do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da UFRJ.
"É insustentável"
As operadoras culpam a preferência do brasileiro por médicos especialistas. "O atual modelo é insustentável, mas gera a sensação de que existe acesso aos serviços", admite Marcos Novais, superintendente da Abramge (Associação Brasileira de Planos de Saúde). "Se oferecer ao brasileiro um plano com médico de família e outro tradicional, ele compra o segundo."
Tem de haver um acordo social para mudar essa percepção. As mudanças começaram, mas leva tempo mudar a cultura e formar médicos generalistas, em falta no Brasil.
Marcos Novais, da Abramge
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