Verrugas genitais são lesões comuns provocadas por alguns subtipos de HPV: elas podem aparecer no pênis, na vulva, no colo do útero. O tratamento, de cauterização, cura a lesão, mas o vírus pode ficar presente com carga muito baixa e, com a própria reação imunológica da pessoa, desaparecer em até dois anos, sendo necessário acompanhamento médico durante esse período. No entanto, continua o risco de ser contaminada pelo mesmo subtipo ou outro, a não ser que a pessoa esteja vacinada para aquele subtipo. Ninguém morre de verruga genital, mas a depender da variante, elas podem ser lesões pré-câncer, aumentando o risco da pessoa pode perder um pedaço do colo de útero, aumentando risco da prematuridade dos bebês, dificuldade para engravidar e também de transmissão vertical.
Mas as lesões podem também aparecer na boca, garganta, por transmissão do vírus pelo sexo oral. Estima-se que 35% dos cânceres de cavidade oral e orofaríngeo são provocados pelo HPV do tipo 16, transmitidos pelo sexo oral. Os sintomas podem levar até 30 anos para aparecer, por isso é mais comum em adultos entre os 40 e 60 anos. Então, embora os homens sejam aqueles que menos desenvolvam sintomas genitais e, por isso, são os vetores silenciosos do HPV, os cânceres de cavidade oral e orofaríngeo estão entre os dez tipos de maior incidência em homens brasileiros — mais um motivo para que se vacinem.
O Ministério da Saúde divulgou em fevereiro que a meta mínima de vacinação de 80% do público-alvo, com duas doses, não foi batida. Segundo o informativo, entre a população feminina, as coberturas vacinais atingiram 75,91% e 57,44% para a primeira e a segunda dose, respectivamente. Os números são mais graves entre os meninos: nesta população, para a primeira e a segunda dose, as coberturas vacinais foram de 52,26% e 36,59%, respectivamente. O que estamos esperando para mudar essa mentalidade?
A vacina quadrivalente, que cobre quatro subtipos ligados a cânceres está disponível no SUS principalmente para meninas de 9 a 14 anos, meninos de 11 a 14 anos e pessoas imunossuprimidas de 9 a 45 anos. Na rede privada há a vacina nonavalente, que protege de mais cinco variantes. Todas as pessoas sexualmente ativas, independentemente de idade, podem se beneficiar da proteção.
Cada um de nós é responsável pela sua saúde sexual e corresponsável pela de suas parcerias. Quando somos acometidos por uma IST, o sexo pode ficar associado a dor, sofrimento, culpa, vergonha. Profissionais de saúde precisam ser orientados para falar sobre sexualidade com seus pacientes, com foco no acolhimento e cuidado, sem viés moral. Aliás, são os julgamentos negativos sobre a conduta sexual das pessoas que retroalimentam comportamentos de risco. Preservativo, vacina, exames de rotina e comunicação clara entre as pessoas são fundamentais para o combate do HPV.
"IST é quase uma associação direta que as pessoas fazem com promiscuidade'"
HPV atinge de 50% a 80% da população: camisinha ajuda, mas não resolve - Universa
Read More
No comments:
Post a Comment