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Wednesday, October 18, 2023

‘Pensei que fosse fibromialgia, mas eram sintomas de menopausa aos 35 anos’ - Marie Claire Brasil

O primeiro sinal de algo errado foi quando o ciclo menstrual da microempreendedora Beatriz Oliveira Costa, que mora em Miracema, no Rio de Janeiro, começou a falhar. O sangue não descia mais todo mês. Quando vinha, trazia coágulos ou aquele aspecto de borra de café. Até que, aos 35 anos, Beatriz menstruou pela última vez.

“Eu tinha cansaço, o meu humor ficou péssimo, perdi a libido, passei a acordar no meio da noite e sentia calor”, relembra ela, aos 41 anos. “Só que esses sintomas se confundiam com os da fibromialgia, uma doença que eu tenho diagnosticada desde os 20 anos. Os médicos não cogitaram que fosse menopausa.”

A microempreendedora ainda teve dois episódios de sangramento, um aos 38 e outro aos 40 anos, até finalmente descobrir que tinha entrado na menopausa precocemente.

Beatriz começou a fazer terapia de reposição hormonal, mas não suportou efeitos colaterais, como vômito e tontura. Ela, então, seguiu a recomendação médica de procurar um nutricionista, ter acompanhamento psicológico e fazer musculação para prevenir osteoporose e osteopenia.

“Eu acredito que tanto a causa da fibromialgia quanto da menopausa precoce são as violências que eu sofri de um parente próximo. O stress é o fator que mais acelera o envelhecimento do nosso corpo. Com os ovários não seria diferente”, opina.

O que é a menopausa precoce

Menopausa é o termo usado para descrever o fim da vida reprodutiva da mulher, em geral, por volta dos 50 ou 51 anos. Ela é considerada precoce quando ocorre entre os 40 e os 49 anos.

No entanto, se a menstruação cessa antes dos 40, trata-se de insuficiência ovariana prematura, uma condição também conhecida pela sigla IOP.

Para receber o diagnóstico de menopausa, uma pessoa precisa ficar um ano sem menstruar. No caso da IOP, no entanto, os critérios são diferentes. Se, antes dos 40 anos, a mulher parar de menstruar ou tiver ciclos menstruais superiores a 120 dias, é preciso investigar se há insuficiência ovariana prematura.

A suspeita é confirmada por meio de um simples exame de sangue: duas dosagens de FSH, um hormônio da hipófise que estimula o ovário a funcionar. Caso a pessoa esteja tomando pílula ou outra medicação hormonal, precisa suspender o remédio antes do teste.

“É um diagnóstico muito sério. Primeiro, porque significa que a chance daquela pessoa engravidar é pequena ou inexistente. Segundo, porque a mulher vai ter que tomar um remédio pelo menos até os 50 anos, que seria a idade da menopausa habitual”, afirma a ginecologista Cristina Laguna, presidente da Comissão Nacional Especializada em Ginecologia Endócrina da Febrasgo.

Segundo a médica, estudos recentes apontam que a IOP atinge pouco mais de 3% das mulheres. “O número está aumentando, porque a medicina começou a dar mais importância para esse problema e investigar mulheres que tinham sintomas”, diz a médica.

As causas da IOP são variadas e podem incluir fatores genéticos, doenças autoimunes como hipotireoidismo e diabetes, cirurgias de remoção de ovários, radioterapia e quimioterapia. No entanto, na maioria dos casos, as causas são desconhecidas. “Em 60 a 80% das pacientes, a gente investiga todas as possibilidades e não encontra nada”, afirma a ginecologista da Febrasgo.

Desafios no diagnóstico da menopausa precoce

O diagnóstico precoce e o início do tratamento são essenciais para minimizar as consequências da falência ovariana prematura. No entanto, é comum que as mulheres demorem a descobrir o que têm.

A literatura científica mostra que as pessoas passam por três a cinco consultas com médicos até alguém investigar o problema e fazer o diagnóstico. Os profissionais ficam tentando regularizar a menstruação da mulher, em vez de procurar a causa do sintoma.

— Cristina Laguna, ginecologista

Outro desafio para a descoberta da menopausa é o uso de hormônios. “É frequente que mulheres parem de tomar a pílula e descubram que já não estão menstruando mais. Quando a pessoa usa uma combinação de estrogênio e progestagênio, não é tão preocupante, porque ela está recebendo hormônio”, informa Cristina Laguna.

Mas como uma pessoa pode saber se está na menopausa, se ela usa alguma terapia hormonal que suspende a menstruação? “Se ela começar a sentir sintomas como onda de calor ou secura vaginal, é preciso investigar. Se não, ela só vai saber no dia em que parar com a medicação”, afirma a médica.

O impacto da menopausa

Quando os ovários param de funcionar, o organismo fica sem a ação do estrogênio, o principal hormônio feminino, e a pessoa tem mais risco de ter problemas ósseos e cardiovasculares.

A IOP pode ter impactos significativos na saúde da mulher. A curto prazo, as pacientes podem experimentar alterações de humor, depressão, perda de qualidade do sono, secura vaginal, dor durante o sexo e diminuição do desejo sexual. Com o tempo, as consequências mais graves podem se manifestar, incluindo perda óssea e risco de osteoporose, aumento do risco de doenças cardiovasculares e redução da expectativa de vida.

Tratamento com e sem hormônio

“A reposição hormonal é obrigatória em casos de insuficiência ovariana prematura, exceto se a pessoa tiver alguma contraindicação, como um diagnóstico de câncer de mama”, diz Cristina Laguna, que também é professora titular do departamento de tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. “O tratamento é necessário, porque o ovário parou de produzir hormônio numa idade que ele tinha que estar funcionando.”

Em comparação com mulheres na menopausa normal, aquelas com IOP precisam de doses mais altas de estrogênio e, se tiverem útero, também de progesterona. As doses são diferentes, pois mulheres mais jovens requerem uma quantidade maior de hormônios para restaurar o equilíbrio do corpo.

De acordo com a médica, a opção hormonal é segura: “As evidências mostram que mulheres com IOP que fazem reposição hormonal não têm aumento do risco de câncer de mama".

Se o paciente não pode ou não deseja fazer a reposição hormonal, é possível recorrer a outras opções de tratamento. “Nesse caso, a principal medida é que as mulheres sejam bem esclarecidas sobre os efeitos da IOP. Em seguida, a gente lança mão de uma série de outras recomendações relacionadas a estilo de vida, como prática de atividade física e alimentação orientada para tentar reduzir os impactos ósseos e metabólicos”, explica a médica.

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