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Thursday, May 11, 2023

Série 'Treta', da Netflix: raiva pode ser um sintoma de depressão? - VivaBem

É a partir de uma briga de trânsito que a série "Treta", da Netflix, desenvolve-se, desenhando a linha tênue entre o sentimento comum de raiva e os sintomas de uma saúde mental instável.

A raiva faz parte das nossas emoções, é uma resposta emocional a situações em que há o sentimento de injustiça, ameaça, mágoa, frustração, contradição. O problema é quando ela sai do nível controlado para um desequilíbrio do comportamento humano, provocando impulsividade e reações intensas a coisas simples do dia a dia.

Na série, os protagonistas estão em crise. Daniel (Steve Yeun) está à beira da falência e Amy (Ali Wong) é tão ocupada com o trabalho que tem dificuldade em lidar com a família. A junção dessas situações com a raiva sentida em uma simples briga de trânsito evolui para pensamentos obsessivos e situações desconcertantes. Mas ao se aprofundar mais na psicologia dos personagens, dá para perceber que eles flertam com ideações suicidas e sintomas depressivos.

"Pessoas com diagnóstico de depressão podem conviver com a raiva e criar confusões com a família, no trabalho, com amigos ou sentir raiva de si mesmas e se boicotar, depreciar ou até mesmo mutilar", explica Dartiu Xavier da Silveira Filho, psiquiatra e professor da Unifesp.

Relação entre raiva e depressão

De acordo com Estácio Amaro, psiquiatra e professor da Universidade Federal da Paraíba, a raiva e irritabilidade são características específicas da depressão bipolar, um transtorno que costuma se manifestar com sintomas de mania e de depressão a longo prazo.

Na depressão unipolar, conhecida como transtorno depressivo maior, e o mais comum entre os diagnósticos, a raiva é avaliada como um problema subjacente, ou seja, quando a pessoa apresenta outros comportamentos e sintomas da doença, como a tristeza muito intensa ou a dificuldade de sentir prazer, além de dificuldade para dormir e perda de apetite.

O psiquiatra explica que os momentos de raiva são também um pedido de ajuda e uma forma irracional de expressar o sofrimento e a culpa por estar em um estado depressivo.

É uma forma de projetar e descontar o sofrimento sentido. Muitas vezes é direcionada a pessoas próximas como amigos e familiares, que são a rede de apoio. É preciso compreender a depressão, que é um momento difícil e que [essa raiva] não é uma característica da personalidade da pessoa, e sim uma consequência de uma doença grave. Estácio Amaro, psiquiatra e professor da Universidade Federal da Paraíba

Treta (Netflix) - Reprodução/Netflix - Reprodução/Netflix

Na série, personagens estão constantemente com raiva, mas também flertam com sintomas depressivos

Imagem: Reprodução/Netflix

A psicóloga Claudia Martini Fracaroli, especialista em saúde ocupacional e head de Saúde Populacional na eCare Clínica, diz ainda que o sentimento pode vir de uma depressão não tratada. Ao invés de a pessoa deprimida se mostrar triste, ela pode ficar mais irritada e instável.

Nos quadros depressivos, o mau humor e a irritação vão se intensificando com o passar do tempo, trazendo consequências para a convivência da pessoa, do isolamento até ataques de raiva, além de trazer dificuldades de encontrar tratamento e pedir ajuda. Claudia Martini Fracaroli, psicóloga especialista em saúde ocupacional

Como diferenciar ataque de raiva "normal" de um relacionado a transtorno mental

Os ataques de fúria geralmente ocorrem quando a pessoa está no limite, ou seja, sustentando uma situação de muita pressão e desconforto sem conseguir aliviar o estresse. De acordo com Fracaroli, perder o controle às vezes faz parte. "Nem sempre conseguimos manter a paz interior e superar a situação estressante. Mas deixar que isso aconteça com frequência pede por um processo de autoconhecimento, alteração de comportamento por meio de terapia ou uma avaliação para entender se é um transtorno emocional."

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5, os ataques de raiva podem ser considerados como transtorno emocional quando há explosões recorrentes —ao menos dois ataques por semana—, que podem apresentar agressividade ou violência ou reação desproporcional ao evento estressor. Além disso, os episódios devem persistir por pelo menos três meses.

"Nessas horas, ter uma rede de apoio é essencial, pois além de acolherem, essas pessoas podem ajudá-lo a buscar tratamento especializado, seja ele terapêutico ou medicamentoso", aponta a psicóloga.

Muitas vezes, a pessoa pode acordar com raiva, ou ela surge durante o dia, sem nenhum motivo aparente, e você nem consegue se lembrar por que está se sentindo assim. Isso pode ser um sinal, um pedido de socorro da sua mente, indicando que algo internamente não vai bem. Claudia Martini Fracaroli, psicóloga especialista em saúde ocupacional

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