Você sabe para que serve a Aspirina? Também conhecida como AAS (ácido acetilsalicílico), seu princípio ativo, é um dos principais medicamentos para o alívio dos sintomas de febre e dor e é o remédio com propriedades anti-inflamatórias mais utilizado no mundo inteiro, além de ter propriedades antiaplaquetárias. Para entender os efeitos e as recomendações do medicamento, o EU Atleta conversou com o cardiologista e médico do esporte Mateus Freitas Teixeira e com a médica clínica e do esporte Lara Ramalho.
Propriedades e indicações
A aspirina é analgésica, antipirética, anti-inflamatória e antiplaquetária, mas pode causar efeitos colaterais quando usada em excesso e sem prescrição — Foto: Istock Getty Images
- Analgésico - Combate a dor;
- Antipirético - Reduz a febre;
- Anti-inflamatório - Trata inflamações;
- Antiplaquetário (ou antiagregante plaquetário) - para prevenção primária e secundária das doenças cardiovasculares, além de tratamento em situação de infarto agudo do miocárdio ou síndrome coronariana aguda.
Médico cardiologista do Vasco e especialista em medicina do Esporte, Mateus Teixeira explica que na dosagem em que é usada como antiagregante, a Aspirina não tem valor antipirético, anti-inflamatório ou analgésico. Ela funciona como medicamento antiplaquetário, ou seja, inibe a adesividade das plaquetas, a qual pode causar trombos e placas de ateroma. Em pacientes cardiopatas, a Aspirina é usada para a prevenção primária, secundária e no tratamento de infarto agudo do miocárdio, AVC e vasculopatias.
Apesar de pertencer à classe dos anti-inflamatórios, a Aspirina é pouco usada na prática clínica para o controle da dor. Por isso, segundo a médica do esporte do Comitê Olímpico Brasileiro Lara Ramalho, o maior benefício do ácido acetilsalicílico é a prevenção de mortalidade e de doenças cardiovasculares em pacientes com alto risco de doença cardiovascular ou em pacientes após evento agudo, ou seja, após o infarto, a colocação de stents e etc. Isso por o AAS tem propriedades antiplaquetárias, prevenindo a formação de coágulos sanquíneos. Diz-se, por isso, que a Aspirina "afina" o sangue.
Ou seja, Aspirina faz bem quando é usada na dose certa por pessoas que necessitam do medicamento, mas pode fazer mal quando há automedicação. Vamos entender abaixo.
É doping?
Muitos são os analgésicos com riscos de doping, mas a Aspirina não é um deles. Apesar da grande quantidade de medicamentos com substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping (WADA), o ácido acetisalicílico não aparece na lista. Por isso, Mateus Teixeira afirma que a medicação não é considerada doping. Segundo o cardiologista, o AAS funciona na maioria dos casos como anti-inflamatório, utilizado pelos atletas apenas para amenizar a dor muscular.
- Como a Aspirina possui efeito anti-inflamatório, o medicamento é muito usado para prevenir inflamação e dor. Com isso, muitos atletas usam dosagens altas de medicação no pré e pós exercício. No entanto, não compreendem o risco de tal prática - comenta o cardiologista, reforçando a necessidade de prescrição médica individualizada.
Principais riscos cuidados com o uso da Aspirina
Assim como qualquer outra medicação, antes de fazer uso da Aspirina é importante consultar um profissional. Um cuidado fundamental com o uso da medicação é sempre ter indicação médica, pois somente em uma consulta o médico consegue avaliar cada paciente, os prós e contras do uso do medicamento, e assim evitar efeitos indesejados. Automedicação com anti-inflamatórios pode aumentar riscos de insuficiência renal, por exemplo, e com o AAS não é diferente.
- O seguimento regular com o médico prescritor da medicação é indispensável, tanto para reavaliação de queixas iniciais quanto para o surgimento de novas e para exames complementares. Se houver sangramento espontâneo, o contato com o médico deve ser imediato. Importante também sempre relatar o uso do AAS em caso de necessidade de procedimentos cirúrgicos ao cirurgião - explica a médica do esporte Lara Ramalho.
Contraindicações
- Hipersensibilidade ao ácido acetilsalicílico ou a qualquer outro componente contido na formulação da medicação, o que pode causar urticária, broncoespasmo ou anafilaxia;
- Úlcera péptica ativa;
- Discrasia sanguínea, que é qualquer alteração nos elementos do sangue, como neutropenia, agranulocitose, trombocitopenia, leucopenia ou disfunções plaquetárias;
- Hepatopatia grave, ou seja, doenças do fígado como hepatite e cirrose;
- Insuficiência renal grave.
Efeitos colaterais
Existem efeitos adversos que, em caso de surgimento ou suspeita, devem ser comunicados imediatamente ao seu médico. São eles:
- Sintomas gastrointestinais, como dor abdominal. Em raros casos, úlcera péptica;
- Sangramentos, tais como: hematoma, epistaxe, sangramento gengival e urogenital;
- Reações de hipersensibilidade, desde rash cutâneo até anafilaxia;
- Insuficiência renal aguda;
- Alterações transitórias de enzimas hepáticas.
ECA (Efedrina, Cafeína e Aspirina)
Frequentemente usado por pessoas que desejam perder peso, o suplemento que combina efedrina, cafeína e aspirina vem sendo muito utilizado como termogênico para aumentar performance. No entanto, o cardiologista Mateus Teixeira alerta para os riscos da combinação do ECA para a saúde:
- É importante lembrar que esses suplementos podem causar arritmia cardíaca, hipertensão arterial, cefaleia, sudorese intensa e deflagrar morte súbita. A comercialização de efedrina é restrita. Logo ela não é recomendada para praticantes de atividade física e afins - alerta Mateus Teixeira.
Além disso, é importante entender como cada uma das substâncias age no corpo. A médica do esporte Lara Ramalho explica:
- Efedrina: pertence à categoria de estimulantes na lista de substâncias proibidas pela WADA, portanto é doping e seu uso isolado ou em combinações com outras substâncias é contra-indicado em atletas;
- Cafeína: estimulante amplamente utilizado e permitido no esporte, com evidência de melhora na performance, principalmente em esportes aeróbicos, na dose de 3-5mg/kg de peso, sendo sua dose no ECA de 100mg considerada subdose na maioria dos casos;
- Aspirina: não tem evidência em melhora na performance em qualquer dose.
Fontes:
Mateus Freitas Teixeira é médico cardiologista do Vasco, especialista em medicina do Esporte e diretor da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro;
Lara Ramalho é Médica do Comitê Olímpico Brasileiro, da Seleção Brasileira de Ginástica Artística, do Futebol Feminino do Vasco e da base do Futebol Masculino do Vasco. Fez residência médica em Clínica Médica, em Medicina do Exercício e do Esporte e Pós-Graduação em Ultrassonografia Músculo-Esquelética.
Aspirina faz bem? O que é, para que serve e efeitos - Globo
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