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Tuesday, February 28, 2023

Lucia Helena - Entenda por que deixar de comer feijão aumenta o risco de obesidade - VivaBem

Dizem, o feijão virou o símbolo máximo do que seria a nossa cozinha graças ao Modernismo na década de 1920. Famintos por símbolos para representar o que seria a tal da brasilidade, artistas e intelectuais modernistas logo sacaram que esse alimento era servido à mesa de todos na nossa terra, dos mais ricos ao povão.

Voltando às nossas raízes, já era consumido pelos indígenas, socados no pilão. Deu força e sustentou um mínimo de saúde aos escravos vindos da África e, cozido com muito mais água para agradar ao paladar dos europeus, fazia parte da refeição dos portugueses que aqui desembarcaram.

O alimento, portanto, concentra a nossa gente e suas origens em cada grão, assumindo o protagonismo de preparações diferentes conforme a tradição de cada região, do tutu ao feijão tropeiro, passando pela feijoada e pelo simples companheiro do arroz.

Mas, se hoje em dia ele continuasse sendo a preferência dos brasileiros, quem sabe não encontrássemos duas em cada dez pessoas com obesidade por aí. A balança aponta que, no país, 42,6% da população está, no mínimo, um pouco acima do peso.

Para engrossar o caldo, o hábito de comer feijão vem diminuindo ano após ano. Se você perguntar para a nutricionista Fernanda Serra Granado o que uma coisa tem a ver com a outra, ela achará mais do que mera coincidência nos dois fenômenos.

Em uma pesquisa que ainda está quentinha, aguardando para ser publicada logo mais, Fernanda — que está no programa de pós-graduação da Faculdade de Medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) — notou que a probabilidade de alguém engordar além da conta é 10% maior se esse indivíduo não consome feijão. E o risco de desenvolver obesidade pra valer cresce em 20%.

Ela chegou a essa conclusão depois de analisar as informações de mais de 500 mil adultos, coletadas em entrevistas telefônicas entre 2009 e 2019 pelo Vigitel (o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção de Doenças Crônicas por Inquérito do Ministério da Saúde).

Fernanda Granado dividiu essas pessoas em quatro grupos para compará-los entre si. Um deles era o de quem comia feijão regularmente, isto é, em mais de cinco dias por semana. A segunda turma era a do consumo moderado, que se serve desse alimento em três ou quatro dias da semana. Feijão no prato em apenas um ou dois dias da semana agrupou pessoas com consumo baixo e, claro, o último grupo era o daqueles que, infelizmente, riscaram essa opção da dieta.

Se quem deixou o feijão de lado não fez uma boa escolha pensando na balança, em compensação quem o saboreia em cinco ou mais dias da semana apresenta o que a ciência chama de fator de proteção. "O risco de ficar com excesso de peso, então, diminui em 14% e o de surgir a obesidade cai 15% em comparação com quem come feijão em três dias da semana ", conta a nutricionista.

O segredo dos feijões

Não imagine os grãos guardam algum componente mirabolante de dieta da moda. Não é por aí. O que eles têm com fartura são proteínas, vitaminas, sais minerais e fibras, o suficiente para saciar o desejo de uma alimentação mais rica e equilibrada. "Na verdade, são um marcador de qualidade nutricional", explica Fernanda Granado.

Isso porque geralmente o feijão nunca está sozinho. Ao seu lado, costumamos encontrar uma saladinha, a parceria quase inseparável do arroz, legumes e uma fonte de proteína, feito um bife, um filé de frango, um peixe grelhado. Ora, um cardápio assim não favorece o ganho de peso.

"Já quando a pessoa tira o feijão do prato, o seu lugar pode ser ocupado por opções menos saudáveis", observa Fernanda, dando como exemplo as salsichas, o macarrão instantâneo e a pizza industrializada. "E esses alimentos ultraprocessados têm relação direta com a obesidade", diz ela.

Aliás, até no tempo o feijão é o oposto de um ultraprocessado. Enquanto este mata a fome de quem come voando, o grão pede para ficar de molho, gosta do fogo lento e só se apressa se a panela botá-lo na maior pressão.

Ou seja, quem costuma fazer um feijãozinho em geral fica mais tempo na cozinha para preparar uma refeição completa. Logo, quando a gente vê que uma pessoa come feijão, isso indica o seu gosto por comida caseira — disposição e disponibilidade para prepará-la também.

Cada vez mais raro

O que preocupa Fernanda Granado e muita gente ligada em saúde é que esse hábito se torna cada vez mais raro. O consumo de feijão é prova disso.

Aliás, o que rendeu a pesquisa atual associando o seu consumo regular à proteção contra o ganho de peso foi outro estudo. Nele, Fernanda previu que o brasileiro vai deixar de comer feijão regularmente — isto é, entre cinco e sete dias por semana — em 2025. Esse desastre acontecerá em um "tirinho", como diriam os colegas mineiros dessa nutricionista paulista de Campinas.

Na verdade, o ano de 2025 é uma média na linha do tempo. Desde 2022, a maioria das mulheres brasileiras só come feijão quatro vezes por semana ou até menos — algumas nem comem. Por ironia, seria por causa da preocupação com o peso? "Não acredito", opina a pesquisadora. "Acho que as mulheres levam uma vida ainda mais corrida", completa, esclarecendo que seu trabalho não levanta os motivos. Já a maioria dos homens brasileiros irá alcançar essa mesma marca de consumo de feijão aquém do desejável apenas em 2029.

A nutricionista conta que focou no feijão depois de constatar a queda do consumo de alimentos in natura em geral. De acordo com dados da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), em vez de se alimentar de uma maneira mais saudável, 7% da população consumia rotineiramente alimento ultraprocessado em 2002. Agora, cerca de vinte anos depois, esse é um hábito de 46% dos brasileiros.

"Quando olhamos para o feijão especificamente, vemos que seu consumo cai em todas as faixas de idade e em todas as classes sociais", afirma. Daí ela querer examinar o impacto disso na saúde e encontrar a relação entre o abandono do feijão de todo dia e o ganho de peso.

Menos acessível do que no passado

Dá para deduzir que o alimento se tornou ainda mais raro na panela das famílias economicamente mais vulneráveis. Não tem a ver apenas com a crise dos últimos anos que reabriu a ferida da fome no país.

O feijão, em especial, vem encarecendo um bocado. Fernanda Granado lembra que há uma redução das áreas destinadas ao seu cultivo, já que plantar milho ou soja é bem mais lucrativo, abastecendo os produtores de ração animal e da própria comida ultraprocessada, Sem contar chuvas e mudanças climáticas encolhendo as safras e, consequentemente, catapultando o preço.

Como aumentar as porções?

"O primeiro passo é informar a população para que faça melhores escolhas alimentares", responde Fernanda Granado, que também elenca medidas de saúde pública bem-vindas, como subsídios aos grãos e a outros alimentos in natura paralelamente à maior taxação dos ultraprocessados. Assim, a distância de preço entre as duas opções favoreceria o feijão na boca do caixa.

"Já as empresas deveriam oferecer espaços equipados para que as pessoas tenham condições de levar uma marmita com a comida de casa", acrescenta.

O que está ao nosso alcance de imediato, porém, é separar um intervalo na agenda para preparar um feijão gostoso. O abandono dessa tradição denota a fragilidade da nossa cultura diante de uma alimentação pronta e globalizada que só está levando o mundo inteiro a engordar e a adoecer.

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O que acontece no seu corpo quando você come comida apimentada - VivaBem

Frescas, desidratadas, inteiras, em pó ou em conserva, sozinhas e até acompanhadas, as pimentas vão da mesa aos perfumes e ainda podem ser encontradas nas prateleiras das farmácias mais próximas da sua casa.

O sucesso dessa família de frutos se deve a um de seus gêneros, o Capsicum, cujo principal princípio ativo é a capsaicina. Essa substância garante a típica picância, e ainda se mantém íntegra mesmo em contato com o álcool, o vinagre ou o óleo. Daí a multiplicidade de seus usos.

  • Existem mais de 20 espécies desse gênero;
  • ¼ da população do globo consome esse tipo de pimenta;
  • 500 mg é o consumo diário desse item entre os brasileiros;
  • Os maiores consumidores são coreanos, tailandeses, indianos e mexicanos.

Ardência que tem valor

As pimentas do gênero Capsicum são definidas como hortículas para diferenciar das pimentas do reino, preta, etc., que pertencem a outra família, a Piperaceae. Este texto considera apenas as primeiras.

Ao incluí-las na dieta, você investe em nutrientes como a capsaicina e outros compostos como a dihidrocapsaicina e a homocapsaicina, e também colabora para atender às recomendações dos nutricionistas de colocar mais cor no seu prato.

  • Dada a presença de pigmentos vermelho, alaranjado e amarelo, as pimentas são ricas em carotenoides --considerados ativadores das vitaminas A e C;
  • As vitaminas B6 e K1 também estão presentes. A primeira tem papel no metabolismo; e a segunda é essencial para a saúde dos ossos, rins e atua na coagulação sanguínea;
  • Minerais como potássio e cobre garantem o efeito protetor da saúde do coração e dos neurônios, respectivamente;
  • De quebra, você capricha na ingestão de flavonoides, uma classe de ácidos fenólicos que possuem ação antioxidante e anti-inflamatória.

O que mais você ganha com isso

Há 7.000 anos esses vegetais já eram conhecidos e usados para fins medicinais, provavelmente para combater picadas de insetos ou de cobras. Hoje, os cientistas têm observado a influência dos componentes das pimentas na saúde, em especial a capsaicina. Entre as suas propriedades já comprovadas e as potenciais, destacam-se:

  • Ação analgésica
  • Antiobesidade
  • Melhora das defesas do corpo
  • Redução do risco de doenças do coração e outras doenças
  • Equilíbrio da microbiota

Você potencializa o controle da dor

Ao incluir na dieta alguma dessas pimentas, você colabora para o controle de vários tipos de dor. A capsaicina compõe a fórmula de alguns implastros que você compra na farmácia para dores musculares, e também é ingrediente de várias medicações de uso tópico ou oral indicadas para o alívio de vários incômodos:

  • Dor neuropática diabética
  • Neuralgia pós-herpética
  • Osteoartrite
  • Dor crônica musculoesquelética
  • Dor pós-operatória

Você pode até perder peso

Os cientistas são claros: investir no consumo de pimenta está longe de ser uma receita mágica para alcançar sua meta de peso.

Os resultados das pesquisas, até o momento, mostram que ela colabora para o maior consumo de energia, a queima de gordura (inclusive abdominal) e ainda reduz o apetite.

  • Essas características, porém, devem ser consideradas em conjunto com um plano de reeducação alimentar e atividade física. O que tem o potencial de acelerar o processo é a sinergia desses elementos.
  • A pimenta, isoladamente, pouco faz nesse sentido. Os dados foram publicados na revista acadêmica Appetite.

Você toma shots de antioxidantes

Ricas em fitoquímicos, incluindo fenóis e flavonoides, importantes antioxidantes, as pimentas vão além dos benefícios nutritivos.

  • Elas ajudam a eliminar as toxinas do organismo que contaminam o seu ambiente, ou seja, o terreno biológico;
  • Em pessoas predispostas geneticamente, o acúmulo dessas toxinas abre as portas para doenças;
  • Ao prevenir ou atrasar a oxidação de células, proteínas e gorduras, os antioxidantes que compõem as pimentas funcionam como shots protetores dos sistemas fisiológicos, em especial o imunológico --e você se blinda contra doenças.

Você protege o coração (e vive mais)

Um estudo preliminar apresentado no congresso anual da Sociedade Americana do Coração, em 2020, observou 570 mil indivíduos dos Estados Unidos, China e Itália para analisar a influência da capsaicina nas causas e na mortalidade de todas as doenças do coração. Os resultados até agora revelados são promissores:

  • Mais pimenta na dieta pode reduzir a mortalidade por doenças cardiovasculares em 26%.
  • Quando comparadas pessoas que nunca ou raramente comem pimentas às que usualmente o fazem, consumi-las resultou em 26% a redução de morte por todas as causas, e 23% menos câncer.
  • Para além desses achados, quem aprecia pimentas acrescenta sabor ao prato e reduz o uso do sal, inimigo da pressão arterial. Faça um mix de suas ervas e pimentas preferidas para ter à mão na hora das refeições. A relação é de ganha-ganha.

Você turbina a microbiota

Aqui as evidências científicas ainda estão tomando corpo. Estudos com animais (portanto, ainda precisam ser repetidos com humanos) sugerem que os capsaicinoides promovem benefícios na microbiota intestinal, afastando, principalmente, doenças inflamatórias e metabólicas —como as do coração, o diabetes, a obesidade e a síndrome metabólica.

  • Essas conclusões ratificam a relação entre o consumo de comidas apimentadas e redução do risco de morte por doenças crônicas;
  • Os pesquisadores afirmam que o mecanismo por trás disso é complexo, mas a hipótese é a de que propriedades antimicrobianas da capsaicina levariam a esse efeito;
  • Ainda não se sabe quais seriam as doses terapêuticas e nem o tempo necessário de exposição às pimentas em humanos nesses casos.

Use e abuse, se não for sensível

Pimentas tipos - iStock - iStock
Imagem: iStock

Consideradas saudáveis e seguras, as pimentas devem compor um cardápio equilibrado porque não possuem contraindicações absolutas.

Apesar disso, elas devem ser evitadas em algumas circunstâncias:

  • Embora não causem úlcera nem hemorroidas, podem aumentar a sensação de dor e ardor nesses quadros;
  • Quem come pimentas mais de 10 vezes na semana, aumenta em mais de 90% o risco de ter síndrome do intestino irritável;
  • Para quem é mais suscetível, elas podem desencadear sintomas como a diarreia;
  • O mesmo vale para inflamações intestinais, como a colite ulcerativa, por exemplo;
  • Desconforto estomacal (dispepsia);
  • Pessoas com asma apresentam maior sensibilidade à capsaicina.

Exagerou na dose e a boca está queimando? Tome leite. A água pode espalhar a capsaicina pelas mucosas e causar ainda maior ardor.

Quanto mais quente, melhor!

A família Capsicum é composta por pimentões, tomates, berinjela e até batata. Embora as pimentas sejam as irmãs nesse grupo, elas variarão em ardência, a depender da concentração de substâncias alcaloides, em especial 2 capsaicinoides: a capsaicina e a dihidrocapsaicina.

  • O teor de pungência é medido por uma escala chamada UCS (Unidades de Calor Scoville);
  • Os valores podem variar de zero (pimentas doces, como a cambuci e biquinho) a 300 mil (pimentas extremamente apimentadas, como a malagueta e cumari-do-Pará).

As mais consumidas no Brasil são: pimenta doce, jalapeño, cayenne, serrana, dedo-de-moça, cambuci (chapéu-de-frade), de cheiro, de bode, cumari-do-Pará, murupi, habanero, biquinho, malagueta e tabasco.

Posologia, veja aqui!

Todo mundo sabe que a diferença entre veneno e remédio é a dose. No caso das pimentas, mesmo que você seja um apreciador, é preciso respeitar alguns limites.

  • As pimentas frescas, em geral, são bem toleradas pelas pessoas. Mesmo assim, para aqueles que tenham distúrbios gástricos ou maior sensibilidade, a dose diária recomendada é de 1 colher (chá) ao dia;
  • Cada pimenta tem seu "sabor" que combina mais ou menos com cada prato. A dedo-de-moça vai bem com molhos picantes e saladas; a cayenne, é melhor para conservas; já a malagueta acompanha carnes, peixes e até omeletes.

Posso usar suplemento de capsaicina?

Antes de se "automedicar", saiba que a suplementação é útil quando bem indicada pelo médico, nutricionista ou nutrólogo. Geralmente ela integra um plano dietético elaborado após cuidadosa investigação das possíveis deficiências nutricionais de cada pessoa.

  • Nesses casos, os limites de consumo são de 10 mg diárias.
  • Na maioria das vezes a capsaicina é associada a outros suplementos, e manipulada em farmácia magistral.

Fontes: Ana Kátia Moura, nutricionista especialista em fitoterapia do HUWC/UFC (Hospital Universitário Walter Cantídio da Universidade Federal do Ceará), que integra a rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Audrey C. Rodrigues Cruz, nutricionista especializada em alimentos funcionais e nutrigenômica voltados à atividade física e doenças crônicas pelo Centro Universitário São Camilo; atua como nutricionista orientadora voluntária na Liga de Diabetes Mellitus do HC-FMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo); Eliane Petean Arena, nutricionista clínica e farmacêutica do HRAC/USP e HC Bauru/USP (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo e do Hospital das Clínicas de Bauru, da mesma instituição). Revisão técnica: Eliane Petean Arena.

Referências:

  • Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária).
  • Whiting S, Derbyshire E, Tiwari BK. Capsaicinoids and capsinoids. A potential role for weight management? A systematic review of the evidence. Appetite. 2012 Oct;59(2):341-8. doi: 10.1016/j.appet.2012.05.015. Epub 2012 May 22. PMID: 22634197.
  • Esmaillzadeh A, Keshteli AH, Hajishafiee M, Feizi A, Feinle-Bisset C, Adibi P. Consumption of spicy foods and the prevalence of irritable bowel syndrome. World J Gastroenterol. 2013 Oct 14;19(38):6465-71. doi: 10.3748/wjg.v19.i38.6465. PMID: 24151366; PMCID: PMC3801318.
  • Rosca AE, Iesanu MI, Zahiu CDM, Voiculescu SE, Paslaru AC, Zagrean A-M. Capsaicin and Gut Microbiota in Health and Disease. Molecules. 2020; 25(23):5681. https://ift.tt/8HVCoLx.
  • Azlan A, Sultana S, Huei CS, Razman MR. Antioxidant, Anti-Obesity, Nutritional and Other Beneficial Effects of Different Chili Pepper: A Review. Molecules. 2022; 27(3):898. https://ift.tt/xJp3s0w.

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Chinês de 19 anos pode ser pessoa mais jovem com Alzheimer e causa é mistério para cientistas - Globo.com

 — Foto: GETTY IMAGES via BBC

— Foto: GETTY IMAGES via BBC

Um rapaz de 19 anos, que tem problemas de memória desde os 17 anos, foi diagnosticado com demência na China, de acordo com um estudo de caso recente publicado na revista científica Journal of Alzheimer's Disease.

Após realizar uma bateria de exames, pesquisadores da Capital Medical University, em Pequim, diagnosticaram o jovem com “provável” Alzheimer. Se o diagnóstico estiver correto, ele será a pessoa mais jovem com a doença que se tem registro.

O principal fator de risco para a doença é o envelhecimento, o que torna este caso recente tão incomum.

As causas exatas do Alzheimer ainda são amplamente desconhecidas, mas uma característica clássica da doença é o acúmulo de duas proteínas no cérebro: beta-amiloide e tau.

Em pacientes com Alzheimer, a beta-amiloide geralmente é encontrada em grandes quantidades fora dos neurônios (células cerebrais), e os “emaranhados” de tau (grupos de filamentos torcidos da proteína) são observados dentro dos axônios, a projeção alongada e delgada dos neurônios.

Mas os exames não mostraram nenhum sinal desses elementos no cérebro do jovem de 19 anos.

Os pesquisadores encontraram, no entanto, níveis anormalmente altos de uma proteína chamada p-tau181 no líquido cefalorraquidiano do paciente. Isso geralmente precede a formação de emaranhados de tau no cérebro.

LEIA TAMBÉM:

Quase todos os casos de Alzheimer em pessoas com menos de 30 anos são devido a genes defeituosos hereditários. De fato, no paciente mais jovem que se tinha registro até agora — um jovem de 21 anos — a causa era genética.

Três genes têm sido associados à doença de Alzheimer em jovens: a proteína precursora de amiloide (APP), presenilina 1 (PSEN1) e presenilina 2 (PSEN2).

Esses genes estão envolvidos na produção de um fragmento de proteína chamado peptídeo beta-amiloide, um precursor da beta-amiloide mencionada anteriormente.

Se o gene estiver defeituoso, pode levar a um acúmulo anormal (placas) de beta-amiloide no cérebro – uma característica do Alzheimer e um alvo para tratamentos, como o medicamento recentemente aprovado Lecanemab.

As pessoas precisam apenas de um APP, PSEN1 ou PSEN2 considerado defeituoso para desenvolver Alzheimer, e seus filhos têm 50% de chance de herdar o gene deles e desenvolver a doença também.

No entanto, a causa genética foi descartada neste caso mais recente. Os pesquisadores realizaram uma sequência completa do genoma do paciente e não conseguiram encontrar nenhuma mutação genética conhecida. E ninguém na família do rapaz tem histórico de Alzheimer ou demência.

O jovem tampouco apresentava outras doenças, infecções ou traumatismo craniano que pudessem explicar sua condição.

É claro que qualquer que seja a forma de Alzheimer que ele tenha, é extremamente rara.

Memória gravemente comprometida

Aos 17 anos, o paciente começou a apresentar problemas de concentração para estudar. Isso foi seguido, um ano depois, pela perda da memória de curto prazo. Ele não conseguia se lembrar se havia comido ou feito o dever de casa. A perda de memória se tornou tão grave que ele teve que abandonar o ensino médio (ele estava no último ano).

Um diagnóstico provável de Alzheimer foi confirmado por testes cognitivos padrão usados ​​para detectar perda de memória. Os resultados sugeriram que a memória dele estava gravemente comprometida.

Os exames de imagens cerebrais também mostraram que seu hipocampo — uma parte do cérebro envolvida na memória — havia encolhido. Este é um sinal precoce típico de demência.

Uma biópsia cerebral seria muito arriscada, então entender os mecanismos biológicos da demência dele é difícil — e seu caso permanece um mistério para a medicina por enquanto.

Os casos de Alzheimer de início precoce estão aumentando entre pacientes mais jovens. Infelizmente, é improvável que este seja o último caso raro de que vamos ouvir falar.

* Osman Shabir é pesquisador associado de pós-doutorado na Universidade de Sheffield, no Reino Unido.

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Sunday, February 26, 2023

Melhores smartwatches para exercícios: 7 modelos que valem a pena - VivaBem

A atividade física é essencial para a prevenção de doenças, pois podem servir como tratamento de problemas físicos ou mentais, pode prevenir problemas cardiovasculares ou respiratórios, além de reduzir o risco de morte prematura.

E, para qualquer exercício, um estímulo é sempre bem-vindo —como os smartwatches, que conquistaram uma legião de fãs.

Batimentos cardíacos por minuto, quantidade de calorias gastas, tempo percorrido, passos diários... de fato, os relógios inteligentes auxiliam muito os praticantes de atividades físicas.

Como escolher um smartwatch?

Diante da oferta de smartwatches no mercado, selecionar a melhor opção pode ser uma tarefa árdua. É importante estar atento às características de cada modelo e entender que o dispositivo precisa ser analisado de acordo com as suas necessidades.

Primeiro, esteja ciente das diferenças entre os smartwatches e as smartbands.

  • Smartwatches: precisam ser conectados a um smartphone e trazem diversas funções, tanto voltadas para a saúde, como pagamento por aproximação, localização por GPS, chamadas de áudio, entre outras
  • Smartbands: são menores (parecem uma pulseira), mais baratas e possuem menos funções, normalmente focadas na saúde

Antes de adquirir um smartwatch ou smartband, perceba o design do produto, pois é necessário ajustar ao seu pulso para que as funções possam ser exercidas da melhor maneira.

Lembre-se, o modelo não pode ser maior que seu pulso. A disposição dos botões também pode ser levada em consideração, pois precisa facilitar o uso para o usuário, enquanto ele se movimenta.

E, por último, perceba se o modelo escolhido é compatível com seu smartphone. Afinal, de nada valerá se você investir em um produto que não funcionará efetivamente.

Diante dessas informações, selecionamos alguns modelos que exercem bem a função. Confira:

Amazfit GTS 4 Mini

Amazfit GTS 4 Mini - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Preço: R$ 619

  • Bateria: 15 dias de autonomia em uso normal
  • Resistente à água: sim
  • Número de modos esportivos: mais de 120
  • Principais funções de saúde: batimentos cardíacos, monitoramento de estresse e controle de ciclo menstrual
  • Compatível com: Android e iOS

Apple Watch Series 8

Apple Watch Series 8 - Divulgação - Divulgação

Apple Watch Series 8

Imagem: Divulgação

Preço: R$ 4.139,01 à vista

Nós avaliamos aqui a geração mais recente do aparelho, e suas principais qualidades foram:

  • interface rápida
  • integração perfeita com iPhone
  • quantidade de funções dedicadas a esportes e saúde
  • funções úteis para mulheres cisgênero

Samsung Galaxy Watch 5

Samsung Galaxy Watch5 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Preço: R$ 1.599 à vista

  • Bateria: pouco mais de dois dias
  • Resistente à água: sim
  • Número de modos esportivos: 11 pré-estabelecidos e centenas personalizáveis
  • Principais funções de saúde: eletrocardiograma, batimentos cardíacos, monitoramento de estresse e de oxigenação no sangue, controle de ciclo menstrual, bioimpedância e análise de sono
  • Compatível com: Android (funções adicionais para aparelhos Samsung)

Huawei GT Runner

Huawei GT Runner - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Preço: R$ 1.499,90

  • Bateria: até 14 dias de uso normal
  • Resistente à água: sim
  • Número de modos esportivos: 19 pré-estabelecidos e centenas personalizáveis
  • Principais funções de saúde: batimentos cardíacos, monitoramento de estresse e de oxigenação no sangue e análise de sono
  • Compatível com: Android e iOS

Xiaomi Mi Watch Lite

Xiaomi Mi Watch Lite - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Preço: R$ 490

  • Bateria: até 9 dias de uso normal
  • Resistente à água: sim
  • Número de modos esportivos: 11 pré-estabelecidos
  • Principais funções de saúde: batimentos cardíacos, exercícios de respiração e análise de sono
  • Compatível com: Android e iOS

Polar Ignite 2

Polar Ignite 2 - Divulgação - Divulgação
Imagem: Divulgação

Preço: R$ 1.899,26

  • Bateria: até 20 horas em modo treino e 120 horas em modo relógio
  • Resistente à água: sim
  • Número de modos esportivos: mais de 130
  • Principais funções de saúde: batimentos cardíacos, exercícios de respiração, análise de sono e testes físicos
  • Compatível com: Android e iOS

Garmin Forerunner 945

Garmin - Divulgação - Divulgação

Smartwatch Forerunner 945 da Garmin

Imagem: Divulgação

Preço: R$ 3.999

  • Armazenamento até mil músicas na memória e ouvi-las com fones de ouvido
  • Monitoramento de desempenho e estados de treino
  • Status de aclimatação de altitude, foco em carga, tempo de recuperação e efeitos de treinos aeróbicos e anaeróbicos
  • Função para pagamentos apenas com o relógio
  • Mapas de bordo e funções de rastreamento e assistência
  • Indicado para triatletas
  • Compatível com: Android e iOS

*Com informações de reportagens de Carol Faicadori e Rodrigo Lara.

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Com cisticercose, ele teve epilepsia e precisou retirar parte do cérebro - VivaBem

Na maioria dos casos, pessoas com epilepsia conseguem controlar a doença com o uso de medicamentos. No entanto, há uma parte que não se beneficiará da mesma forma. O grupo, chamado de fármaco resistente, necessita de outras opções, como os estimuladores elétricos ou a cirurgia.

Segundo os especialistas consultados por VivaBem, o ideal é que esses pacientes sejam identificados o quanto antes para evitar as crises que, quanto mais frequentes, mais impactos negativos trarão ao cérebro.

"Perdia todos os sentidos e desmaiava"

Ricieri Brol, 61, teve o início das crises de epilepsia ainda criança, aos 9 anos, por dois motivos: trauma na região da cabeça e a cisticercose —uma infecção no sistema nervoso central causada por cisticercos (larvas). Na época, os médicos encontraram mais de 20 lesões na área afetada.

Ele tinha crises convulsivas semanais, que foram aumentando com o passar dos anos. "Perdia todos os sentidos, caía no chão e mordia forte a língua", lembra o gerente de um restaurante em Joinville (SC).

Quando iniciou o tratamento, perto dos 18 anos, os sintomas foram melhorando, e as crises, diminuindo —eram de 2 a 4 episódios no mês, ainda com convulsões, além das dores na cabeça, dificuldades na vista, ansiedade e desconforto no braço (fisgada).

Ricieri Brol - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal

Ricieri operou o cérebro aos 52 anos

Imagem: Arquivo pessoal

Mas, enfim, o médico acertou no remédio e na dosagem. Ricieri tinha o hábito de anotar tudo o que acontecia antes e depois de cada crise para levar ao especialista. Tudo isso ajudou: o tempo entre cada episódio aumentou, e as crises passaram a ocorrer a cada 6 meses ou até 1 ano.

"Nessa época, o médico falou que ainda não era hora de cirurgia devido ao risco envolvido. Mesmo assim, não perdia a esperança de um dia ficar curado", conta.

A partir dos 50 anos, o problema de memória impactou a vida de Ricieri. "Comecei a ficar esquecido, chegando ao ponto de sair do carro, com objetivo de ir a um lugar, mas estar em outro. Neste momento, o médico entendeu que era hora de falar sobre a cirurgia", diz.

Aos 52 anos, ele passou por uma cirurgia no lobo temporal direito. Segundo Riciero, o procedimento retirou uma parte do cérebro, neutralizando as regiões afetadas pela epilepsia. "As crises fortes foram resolvidas, embora ainda tenha crises fracas."

De acordo com os médicos e estudos, cerca de 70% das pessoas que se submetem a uma remoção de parte do lobo temporal —caso de Ricieri— têm um resultado positivo. Nas outras regiões do cérebro, aproximadamente 50% apresentam um resultado parecido.

cérebro - iStock - iStock
Imagem: iStock

Entenda a epilepsia

O que é: doença neurológica na qual os neurônios produzem uma atividade anormal e excessiva, gerando descargas elétricas espontâneas e abruptas no cérebro. A cada crise surgem novas lesões na região afetada.

Sintomas: dependem da área em que o cérebro é impactado. De forma resumida, pode envolver ansiedade, angústia, tristeza e sensação de déjà-vu, além de problemas motores, como espasmos e convulsões.

O que fica na mente das pessoas é aquele paciente que cai no meio da rua, que tem crises convulsivas. Mas essa não é a forma mais comum da epilepsia. Frederico Lacerda, neurologista e professor de medicina da Faculdade Pitágoras de Eunápolis (BA)

Quando a cirurgia é fundamental?

  • Paciente fármaco resistente, ou seja, quando os médicos tentaram mais de um medicamento para o tipo da doença, mas sem o resultado desejado;
  • Pessoas com epilepsia de difícil controle, com muitas crises por dia (alta atividade);
  • Alguns tipos de epilepsia em crianças também pedem rápida intervenção cirúrgica;
  • Paciente só pode ser operado se a área do cérebro afetada pela doença não trouxer sequelas. Se a região for responsável pela fala ou pela parte motora, por exemplo, tenta-se outra estratégia.

Para pessoas com crises refratárias, a intervenção cirúrgica deve ser precoce. Isso porque quanto maior o tempo com crises não controladas, mais difícil o seu tratamento e maiores as consequências psicossociais. Elza Márcia Yacubian, professora e neurologista da Unidade de Pesquisa e Tratamento das Epilepsias da Unifesp

Importante reforçar que a cirurgia é para uma pequena parcela das pessoas com epilepsia e, embora nem sempre a pessoa fique 100% curada, a ideia é reduzir as crises. Com isso, evitando múltiplas lesões no cérebro que, a longo prazo, podem resultar em AVC e traumas decorrentes de quedas.

Tipos de epilepsia

Crise generalizada

Sintomas motores

  • Rigidez nos braços e pernas;
  • Espasmos em alguns músculos;
  • Convulsão;
  • Perda da consciência.

Não motores

  • Ausência: a pessoa "desliga", mas continua com os olhos abertos.

Crise focal (aura)

  • Sensação ruim (às vezes, a pessoa não sabe explicar o motivo)
  • Angústia
  • Ansiedade
  • Tristeza
  • Sensação de déjà-vu
  • Formigamento
  • Movimento involuntário do braço
  • Distúrbios sensoriais
  • Mudanças na visão (pessoa vê bolinhas coloridas, imagem distorcida)
  • Perda de foco
  • Perda da audição

"10 crises por dia"

Leone Carvalho, 34 - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal

Leone só conseguiu operar em janeiro de 2022

Imagem: Arquivo pessoal

Leone Carvalho, 34, teve a primeira crise de epilepsia quando tinha 10 anos. Primeiro, foi uma convulsão, que demorou para se repetir. Depois de alguns meses, teve um novo episódio. Na época, passou por neurologista, que receitou um medicamento para a doença, e as crises sumiram. Ficou bem até os 15 anos.

Mas um ano depois, as crises de aura pioraram. "É como se você soubesse que vai passar mal em algum momento", explica o professor de história, que vive em São Paulo (SP). Além disso, Leone tinha crises de ausência, na qual basicamente a pessoa "apaga", mesmo com os olhos abertos.

Mesmo tomando medicamento, Leone tinha momentos de melhora por um tempo, mas ainda com muitas crises. Entre 25 e 27 anos, a recorrência das crises aumentou. "Chegava a ter 10 por dia. Ficava lento, sem foco. O efeito colateral de medicamentos é forte, dá sono, tirava meu reflexo e até atrapalhava na libido", lembra.

Epilepsia - iStock - iStock
Imagem: iStock

Causas da epilepsia

Em alguns casos, a causa pode ser desconhecida. No entanto, ela pode ter origem por outros motivos, como:

  • Traumatismo craniano
  • Meningite
  • Infecções como a cisticercose
  • Tumores cerebrais
  • Cirurgia cerebral
  • AVC (acidente vascular cerebral)
  • Alzheimer
  • Álcool e abuso de drogas
  • Malformações cerebrais
  • Traumatismo de parto

Do ponto de vista cirúrgico, o que gostaríamos de oferecer é a técnica que retira a lesão que causa a epilepsia. O problema são aquelas pessoas com múltiplas lesões, inclusive, em áreas nobres do cérebro. Aí fica complicado fazer essa cirurgia. Kette Dualibi Valente, neurofisiologia, professora da FMUSP e diretora do Laboratório de Neurofisiologia Clínica do Instituto de Psiquiatria do Hospital da USP

Região do cérebro removida

Leone foi seguindo a vida assim, com grande impacto na vida profissional, principalmente nas crises de aura. "Você fala que vai passar mal, mas as pessoas não acreditam", diz. No entanto, seguia dando aulas, apesar das crises.

O professor já fazia acompanhamento com uma médica, quando ela pediu os exames de ressonância para checar a atividade da doença no cérebro. A ideia era entender o impacto das crises e se seria viável operar.

"Uma das médicas disse que não tinha lesão para operar. Mas outro especialista que procurei para uma segunda opinião identificou as lesões no lobo temporal esquerdo", conta.

Leone Carvalho com a esposa Helainy - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal

Leone com a esposa Helainy

Imagem: Arquivo pessoal

Leone também passou por alguns testes de memória, matemática, entre outros, para entender —e confirmar— o impacto da epilepsia na região temporal, que é responsável pela memória, por exemplo. "Minha memória estava realmente afetada", diz o professor.

Em janeiro de 2022, Leone, enfim, passou pela cirurgia, na qual uma parte do cérebro dele foi removida —no caso, do lado esquerdo. Ele teve algumas complicações (hidrocefalia), que melhoraram algum tempo depois.

Aos poucos, os benefícios foram sendo sentidos. A quantidade de crises reduziu significativamente e, quando elas aparecem, são bem mais fracas —de 15 em 15 dias, e antes eram quase diárias.

"A cirurgia foi boa porque não tenho mais aura, mas, ao mesmo tempo, ficou difícil de saber quando vou passar mal", conta.

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Com cisticercose, ele teve epilepsia e precisou retirar parte do cérebro - VivaBem
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Consumo moderado de álcool nas refeições diminui a incidência de diabetes tipo 2, diz estudo - R7

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Tulane, em Nova Orleans (EUA), mostrou que a incidência de diabetes tipo 2 é 12% menor entre as pessoas que consomem bebidas alcoólicas durante as refeições, de forma moderada, quando comparados àqueles que bebiam fora desses momentos. De acordo com a pesquisa, publicada no periódico The American Journal of Clinical Nutrition, entre as bebidas mais que mais trouxeram esse benefício, estava o vinho. 

Durante cerca de 10 anos, pesquisadores analisaram mais de 300 mil pessoas que consumiam bebidas alcoólicas sem o diabetes tipo 2, que estavam registradas no banco de dados do UK Biobank. Através de um questionário sobre a ingestão de bebidas alcoólicas, pontuando a frequência, quantidade, tipo de bebida e consumo durante as refeições, os pesquisadores ouderam monitorar os hábitos dos pacientes avaliados. Ajustadas as variáveis, eles puderam constatar que, ao longo desse período, foram registrados 8.598 casos da doença. 

Em comparação com os participantes que consumiam álcool fora das refeições ou que tinham padrões variados, aqueles que bebiam durante a alimentação tinham maior probabilidade de serem mais velhos e do sexo feminino; ex-fumantes; ter dietas mais saudáveis; com menor IMC (índice de massa corpórea). Essa parcela, ainda, demonstrou que, embora o consumo de álcool durante as refeições mostrasse uma ingestão menor de quantidade da bebida de modo geral, o consumo era mais regular, passando de três vezes semanais, com preferência pelo vinho.

Os pesquisadores puderam observar que, aqueles que tiveram o consumo frequente de bebidas alcoólicas durante as refeições estavam associados a um nível menor de hemoglobina glicada, taxa que mede o nível glicêmico a longo prazo, e taxas melhores de HDL, conhecido como o "colesterol bom".

Outra descoberta foi a de que, enquanto o consumo de vinho diminuía a incidência do diabetes, o consumo de cervejas e licores estavam associados ao aumento de chance de desenvolvimento do quadro.

"A associação benéfica de consumo moderado de álcool com risco de diabetes tipo 2 foi observada apenas em participantes que consumiam álcool durante as refeições, mas não em outros", afirma o estudo.

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Consumo moderado de álcool nas refeições diminui a incidência de diabetes tipo 2, diz estudo - R7
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Friday, February 24, 2023

AVC atinge uma em cada quatro pessoas no Brasil, diz neurocirurgião - Correio Braziliense

Amanda Sales

postado em 23/02/2023 17:19 / atualizado em 24/02/2023 08:58

 (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

(crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Acidente Vascular Cerebral foi tema do CB.Saúde — parceria entre Correio e TV Brasília — desta quinta-feira (23/2). À jornalista Carmen Souza, o neurocirurgião e especialista em AVC, Victor Hugo Espíndola, falou sobre a letalidade da doença e a importância da rapidez no diagnóstico para o tratamento. O médico também falou sobre a necessidade de divulgar informações sobre a doença para que mais pessoas tenham conhecimento sobre as causas já que, de acordo com ele, uma a cada quatro sofrem AVC. 

Primeiramente, gostaria que o senhor explicasse o que é o AVC, o popular derrame, que complicação é essa?

O AVC é o acidente vascular cerebral, todo mundo conhece como derrame, hoje é a doença que mais mata e incapacita no Brasil e no mundo. Uma em cada quatro pessoas estão sujeitas a ter um AVC. Então a gente vive um problema de saúde pública e podemos distingui-lo em dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico. O isquêmico é o mais comum, é responsável por mais de 80% dos casos. É quando o paciente apresenta uma obstrução da artéria que leva sangue para determinadas regiões do cérebro. Quando essa artéria que leva o sangue é obstruída, aquele tecido arterial que fica sem sangue vai sofrer o que resulta em um AVC isquêmico. Já o hemorrágico, o paciente tem uma ruptura da artéria seja por um pico hipertensivo seja por um aneurisma cerebral que rompe. E ele atinge cerca de 20% dos casos. E esse é o AVC popularmente conhecido como derrame.

Quais são os sintomas de um AVC?

A primeira coisa que precisamos ter em mente é que tempo é cérebro. Na menor suspeita de que o paciente esteja tendo um AVC é preciso correr para o hospital. Não podemos perder tempo, os principais sintomas nos separamos pela anacronia de SAMU. O S é de sorriso, pede para pessoa sorrir e se ela apresentar um sorriso torto é um dos sintomas. O A é de abraço, pede para o paciente levantar o braço e vê se tem uma diferença de força porque um dos principais sintomas é essa falta de simetria de força de um lado do corpo para o outro. O M é de música, é comum que acometa a fala, então deve-se pedir para o paciente falar ou cantar algo e observar se a fala está enrolada ou se não consegue se expressar. E o U é de urgência, é ideal que o paciente vá o mais rápido possível para o hospital.

Essa janela entre o surgimento dos sintomas e o atendimento é estratégica para o que vai acontecer no prognostico da pessoa que teve o AVC ?

Exatamente. O AVC tem um dos melhores tratamentos na medicina hoje. O prognostico é diretamente ligado ao tempo, para o AVC isquêmico temos dois tratamentos: o primeiro é uma medicação que precisa ser aplicado com até quatro horas e meia do inicio dos sintomas, então o paciente que cega depois dessa janela já perde essa opção de tratamento. O outro tratamento é por meio de um cateterismo e mesmo assim o ideal é que ele seja feito com até oito horas do começo dos sintomas. Então é preciso agir rápido. Como falei, tempo é cérebro. 

Quais são as principais sequelas do derrame?

Quando o derrame não mata e muitas vezes não é bem tratado, deixa sequelas que mudam a vida do paciente e de toda a sua família. Para saber o grau da sequela, é preciso saber como foi o seu AVC e qual a extensão. O nosso cérebro é topografado e temos a área da fala, motora, sensibilidade, memória então, dependendo do lugar de onde teve o AVC, vai ter uma sequela especifica. Dividimos a jornada do AVC em três partes: chegada, reconhecimento e tratamento. 

Como funciona o tratamento?
A reabilitação é de extrema importância, sobretudo no primeiro ano pós AVC, quando o paciente tem maior potencial de recuperação. Só falamos de sequelas definitivas depois do segundo ano pós AVC. Nesse primeiro ano, o paciente tem que passar por uma equipe multidisciplinar com fisioterapeutas, psicólogos e fonoaudiólogos.  Não é um processo fácil e serão dias ruins e bons, mas é muito necessário, muitos desses pacientes se recuperam totalmente depois dos tratamentos.

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Cantor Lincoln Sena é internado em UTI de hospital em Salvador - Splash

O cantor Lincoln Sena foi internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), na tarde desta quinta-feira (23), após diagnóstico de asteniamialgia e tosse. A informação foi confirmada pela equipe do artista a Splash.

Ele deu entrada no hospital após mal-estar, febre, calafrios e secreção nasal escurecida, sinais de infecção respiratória alta, associada a presença de pneumomediastino posterior.

Após a realização de exames, Lincoln foi levado para a UTI para observação clínica. No momento, ele se encontra bem, sem novos picos de febre, e com padrão respiratório confortável.

O cantor ficará em repouso para evitar evolução do quadro infeccioso e permitir a plena recuperação do paciente.

Desta forma, os shows do artista em Belo Campo e Barra do Mendes, ambos na Bahia, que aconteceriam nesta sexta-feira e sábado, respectivamente, foram cancelados.

No Carnaval, o artista se apresentou nas cidades baianas de Porto Seguro e Belmonte. No início da semana, ele cancelou o trio de cordas no circuito Osmar (Campo Grande) em virtude de problemas no ônibus da equipe.

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Cantor Lincoln Sena é internado em UTI de hospital em Salvador - Splash
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Thursday, February 23, 2023

Está com glicemia alterada? Veja como controlar açúcar no sangue com dieta - VivaBem

Ao receber um diagnóstico de hiperglicemia, é comum pensarmos nas restrições alimentares que serão necessárias a partir daquele momento. Isso porque a condição acontece quando os níveis de glicose sobem, e a dieta é um fator importante para evitar que a situação se agrave e aumente o risco de diabetes.

Com algumas mudanças nos hábitos alimentares, já é possível reduzir o problema, evitar complicações e ter mais qualidade de vida.

A seguir, veja o que incluir na dieta e quais alimentos é melhor evitar quando há excesso de açúcar no sangue.

O que comer e beber

A fibra é um item importante para controlar o açúcar no sangue, já que ela passa intacta pelo sistema digestivo. Essa característica da fibra torna a absorção do alimento mais lenta, evitando picos de glicemia no organismo.

Portanto, consuma mais aveia, pão integral e vegetais.

  • Frutas com baixo índice glicêmico

As frutas são alimentos saudáveis e que devem fazer parte da dieta com regularidade. No entanto, pessoas com hiperglicemia devem tomar cuidado com a quantidade de frutose (açúcar natural) presente nesses alimentos.

Vale destacar que as frutas têm grandes diferenças de composição e índice glicêmico, ou seja, a velocidade de absorção dos carboidratos e seu impacto nos níveis de glicemia.

A recomendação é investir em morango, abacate, coco, banana, kiwi, laranja com bagaço, maçã e pera.

  • Oleaginosas

Itens como nozes, castanhas e amêndoas são boas opções para controlar os níveis de açúcar no sangue. As oleaginosas são fontes de fibras, gorduras boas, proteínas e contribuem com a saciedade.

A água é essencial para a hidratação do organismo em todos os cenários. A bebida é insubstituível e auxilia no controle de várias alterações metabólicas, como na hiperglicemia.

Um estudo apontou que a baixa ingestão de água está associada a maior risco de aumento do açúcar no sangue.

  • Gorduras saudáveis

O tipo de gordura escolhida também pode afetar a hiperglicemia e o risco de diabetes. Escolha as gorduras saudáveis, como as do azeite, de peixes gordos, como salmão, e abacate.

  • Leguminosas

Consumir feijões, lentilha, ervilha, grão-de-bico e soja é uma boa alternativa, já que são fontes de proteínas vegetais e apresentam menor impacto nos picos de glicemia que os cereais, por exemplo.

Consumo de álcool na adolescência: além de comprometer a saúde, coloca o jovem em risco e é proibido por lei - Getty Images/iStockphoto - Getty Images/iStockphoto

O álcool altera a liberação de glicose pelo fígado

Imagem: Getty Images/iStockphoto

O que evitar

  • Carboidratos simples

O consumo de carboidratos simples impacta bastante a glicemia, já que ao ser ingerido é transformado rapidamente em glicose na corrente sanguínea.

Portanto, é preciso evitar o consumo de açúcar e farináceos refinados, ou seja, doces em geral, como bolos e sorvetes, bebidas açucaradas e também pães, arroz branco, batata, massas e biscoitos.

  • Frutas com alto índice glicêmico

Entre as frutas com alto índice glicêmico e que devem ser evitadas apenas nas dietas que visam o controle glicêmico, estão: melancia, ameixa e tâmara.

Com médio índice glicêmico, que devem ser consumidas com moderação, estão abacaxi, mamão e figos secos.

Aqui cabe uma observação sobre o consumo de sucos, principalmente a versão coada: a bebida aumenta a concentração e absorção da frutose pela corrente sanguínea, que ocorre de uma forma acelerada. Portanto, para aqueles que devem controlar os níveis de glicose no sangue, o ideal é comer frutas em sua integralidade.

  • Bebidas alcoólicas

Quem está tentando controlar as taxas de açúcar no sangue deve evitar o consumo de álcool. A bebida pode causar tanto hipoglicemia quanto hiperglicemia, já que altera a liberação de glicose pelo fígado.

A situação fica ainda mais grave quando o indivíduo ingere medicamentos para controle de diabetes ou consome o álcool após longas horas sem se alimentar.

Lembrando que não existem quantidades seguras de álcool que são recomendadas para a população em geral. Mulheres adultas não devem consumir mais de uma dose diária e homens adultos não mais que duas doses diárias de bebidas alcoólicas não açucaradas, quando pensamos em glicemia.

  • Gorduras saturadas

Ingerir refeições gordurosas, como frituras, carnes vermelhas e ultraprocessados, também aumenta a glicemia no sangue logo após o consumo. A gordura saturada costuma demorar para ser digerida e deve ser evitada.

Outras recomendações

  • Um simples exame de sangue pode identificar se a pessoa está com hiperglicemia.
  • Não há uma idade específica para realizar o monitoramento da glicose. Em adultos, a recomendação é que o rastreamento seja feito com regularidade em pessoas com peso acima do considerado ideal e com histórico familiar.
  • Em jejum, os valores considerados normais de glicemia vão até 99 mg/dL; acima disso, é considerado pré-diabetes, ou seja, quando os níveis de glicose no sangue são superiores ao normal.
  • Pessoas com hiperglicemia devem fazer acompanhamento médico regular e também buscar um nutricionista para receber orientações sobre a dieta adequada.
  • Quando não se tem essa ajuda especializada, é comum fazer restrições desnecessárias, o que compromete a saúde.
  • É imprescindível ler os rótulos dos alimentos industrializados e processados, pois, além das calorias e quantidades de carboidratos e açúcares adicionados, é possível checar a quantidade de fibras e aditivos alimentares.
  • A atividade física é uma das principais medidas para o controle glicêmico e na prevenção do diabetes.
  • É recomendado realizar cerca de seis refeições ao longo do dia, sendo três principais (café da manhã, almoço e jantar) e lanches intermediários.

Fontes: Marcella Garcez, nutróloga e diretora da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia); Camila Araujo Cardoso, nutricionista da rede clínicas AmorSaúde, que atua em Camaçari (BA); Paula Cristina Prescendo Ferreira, nutricionista na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

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Menopausa x tratamento: por que você pode estar sendo enganada pelos médicos - Marie Claire Brasil

Ondas de calor, irritabilidade, sangramentos intensos, insônia, perda de libido, secura vaginal. Esses são alguns sintomas comuns da menopausa, que podem ser amenizados com um tratamento estabelecido pela ciência: a terapia de reposição hormonal. Por que, no entanto, muitos ginecologistas resistem em oferecer esse recurso para suas pacientes? Em uma extensa reportagem do The New York Times, publicada neste mês, a jornalista Susan Dominus investiga os motivos.

Os sintomas da menopausa geralmente começam a aparecer no final dos 40 anos, fase que antecede a última menstruação da mulher, quando o ciclo reprodutivo chega ao fim. A transição dura, em média, quatro anos, período em que o sangramento pode ser muito mais pesado ou mais leve do que o normal. O estrogênio, hormônio produzido pelos ovários, tende a diminuir, elevando o risco de depressão, perda óssea e ganho de peso.

Pelos relatos de suas amigas na faixa dos 50 anos, Dominus percebeu que os ginecologistas não oferecem terapia de reposição hormonal quando ouvem queixas de sintomas da menopausa. Ela questiona: será que a postura seria a mesma se os pacientes fossem homens?

De acordo com a apuração da jornalista, o tratamento comprovadamente alivia as ondas de calor e a interrupção do sono e, possivelmente, a depressão e as dores nas articulações. Diminui o risco de diabetes e protege contra a osteoporose. Também ajuda a prevenir e tratar a síndrome geniturinária da menopausa, uma condição que afeta quase metade das mulheres na pós-menopausa e causa incômodos como infecções urinárias e dor durante o sexo.

O polêmico (e equivocado) estudo de 2002

A terapia de reposição hormonal já foi o tratamento mais comumente prescrito nos Estados Unidos. No fim da década de 1990, cerca de 15 milhões de mulheres recebiam, anualmente, uma receita com essa finalidade. Em 2002, porém, um único estudo, feito de maneira imprecisa, encontrou ligações entre a terapia hormonal e os riscos elevados para a saúde de mulheres de todas as idades. O pânico se instalou e, em um ano, o número de prescrições despencou.

A terapia hormonal certamente traz riscos à saúde, mas dezenas de pesquisas nos últimos 20 anos forneceram elementos de que, para mulheres saudáveis ​​com menos de 60 anos, com ondas de calor incômodas, os benefícios de tomar hormônios superam os riscos.

Cerca de 85% das mulheres apresentam sintomas da menopausa, informa a jornalista. Para Rebecca Thurston, professora de psiquiatria da Universidade de Pittsburgh que estuda o tema, a falta de cuidado com as pacientes nessa fase da vida é um dos grandes pontos cegos da medicina. “Isso sugere que temos uma alta tolerância cultural para o sofrimento das mulheres”, disse Thurston à reportagem.

Dominus aponta que, desde que os tratamentos hormonais surgiram, as perspectivas feministas sobre eles variam. Para algumas pessoas, trata-se de uma forma de as mulheres controlarem seus próprios corpos. Outros ativistas os viam como um produto supérfluo projetado para manter as mulheres sexualmente disponíveis e convencionalmente atraentes. O maior problema, no entanto, está na segurança do tratamento.

Até os anos 1990, a maioria dos médicos prescrevia a terapia hormonal por acreditar que ela protegia a saúde cardíaca das pacientes na menopausa. No entanto, as pesquisas que embasaram essa crença vinham de estudos observacionais, isto é, sem separar indivíduos aleatoriamente para remédio ou placebo.

Então, em 1991, o National Institutes of Health, um dos principais polos de pesquisa em saúde do mundo, iniciou um ensaio clínico randomizado com 160 mil pessoas na pós-menopausa. O objetivo era saber se a terapia hormonal protegia o sexo feminino contra doenças cardiovasculares.

A reportagem do The New York Times recorda que o estudo foi interrompido em 2002. Em uma coletiva de imprensa, o epidemiologista Jaques Rossouw, diretor interino do comitê diretivo da Women's Health Initiative, afirmou que o estudo havia encontrado efeitos adversos e benefícios da terapia hormonal, mas que “os efeitos adversos superam os benefícios”.

De acordo com Rossouw, a pesquisa constatou que a terapia hormonal acarretava um risco pequeno, mas estatisticamente significativo, de eventos cardíacos, derrames e coágulos, assim como maior probabilidade de desenvolver câncer de mama. O cientista descreveu o aumento do risco de câncer de mama como “muito pequeno” ou, mais precisamente, "menos de um décimo de 1 por cento ao ano" para uma mulher.

“O que aconteceu a seguir foi um exercício de má comunicação que teria profundas repercussões nas próximas décadas. Nas semanas seguintes, pesquisadores e âncoras de notícias apresentaram os dados de uma forma que causou pânico”, escreve Dominus.

“Todas essas estatísticas eram precisas, mas difíceis de interpretar para um público leigo, soando inevitavelmente mais alarmantes do que o apropriado. O aumento do risco de câncer de mama, por exemplo, também pode ser apresentado desta forma: o risco de uma mulher ter a doença entre 50 e 60 anos é de cerca de 2,33%. Com uma elevação de 26%, a probabilidade sobe para 2,94%. (Fumar, por outro lado, eleva o risco de câncer em 2.600%.)”, informa a reportagem.

A maneira como o estudo foi desenhado viria a ser considerado falha. Os pesquisadores queriam medir quantas voluntárias desenvolveram doenças como derrames, infarto e câncer. Porém, essas condições podem não aparecer até que as mulheres tenham 70 ou 80 anos.

Como o estudo estava programado para durar oito anos e meio, os cientistas escolheram participantes com 60 anos ou mais. Essa decisão deixou de fora pessoas na faixa dos 50 anos, que tendiam a ser mais saudáveis ​​e a apresentar mais sintomas da menopausa.

Na coletiva de imprensa, Rossouw afirmou, incorretamente, que o estudo não havia encontrado nenhuma diferença no risco por idade. Em seis meses, informa o The New York Times, os pedidos para terapia hormonal nos seguros de saúde caíram 30% e, em 2009, mais de 70%.

Para quem a terapia hormonal é recomendada

Dominus aponta que relatórios positivos sobre a terapia hormonal para mulheres na faixa dos 50 anos começaram a surgir em 2003 e nunca diminuíram. As descobertas, no entanto, tiveram menos exposição do que a entrevista coletiva de 2002.

De acordo com a jornalista, estudos das duas últimas décadas revelaram que a terapia hormonal é recomendada para quem entrou na menopausa precocemente, antes dos 45 anos. Sem o remédio, elas têm risco elevado de desenvolver osteoporose.

Para mulheres saudáveis ​​na faixa dos 50 anos, eventos como acidente vascular cerebral são raros e, portanto, os riscos aumentados do tratamento também são baixos.

As diretrizes da Sociedade Norte-Americana de Menopausa (NAMS) enfatizam que os médicos devem recomendar a terapia hormonal com base no histórico de saúde e nos fatores de risco de cada paciente. De acordo com a entidade, os benefícios do tratamento superam os riscos para mulheres com menos de 60 anos que sofrem de ondas de calor "incômodas" e sem contra-indicações.

Em entrevista ao The New York Times, Stephanie Faubion, diretora médica da NAMS, afirmou que “há poucas mulheres com contra-indicações absolutas” para o tratamento. O maior risco são aquelas que já tiveram um ataque cardíaco, câncer de mama ou um derrame ou um coágulo sanguíneo, assim como pacientes com um conjunto de problemas de saúde significativos.

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Menopausa x tratamento: por que você pode estar sendo enganada pelos médicos - Marie Claire Brasil
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