Você que é mãe ou pai de uma criança pequena já deve ter lido alguma notícia nas últimas semanas sobre a campanha de vacinação contra a poliomielite que está acontecendo desde agosto em todo Brasil. Em muitos estados ela foi prorrogada durante o mês de setembro e, pela baixa cobertura vacinal, vários estados e cidades, como Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e a capital paulista prorrogaram novamente até o fim de outubro.
No entanto, alguns pais e mães estão confusos sobre qual grupo de crianças deve realmente ser vacinado. Se o meu filho menor de 5 anos está com a vacinação em dia, ele precisa? E se ele tem menos de 1 ano? E mais de 5 anos?
Vacinas contra a pólio
Primeiro de tudo é bom saber que existem duas vacinas contra a poliomielite: a VPO (vacina pólio oral) ou Sabin, também conhecida por ser a vacina da gotinha; e a VIP (vacina inativada pólio) ou Salk, administrada por via intramuscular, ou seja, com uma injeção. As vacinas são conhecidas pelos nomes dos cientistas Jonas Salk e Albert Sabin, que desenvolveram as duas modalidades de imunizantes para a doença.
E, sim, as crianças tomam ambos os tipos, está no calendário de vacinação do Ministério da Saúde, no total, são 5 doses contra a pólio.
- VIP: aos 2, 4 e 6 meses. O intervalo recomendado entre as doses é de 60 dias.
- VOP: aos 15 meses e 4 anos.
Na Cartilha de Vacinação VivaBem há o calendário completo para todas as idades de todos os imunizantes necessários (inclusive para adultos e idosos), explicação de como as vacinas funcionam, como são produzidas, seus benefícios e riscos. Clique e baixe aqui (arquivo em pdf).
E para quem é essa campanha?
Conforme orientação do Ministério de Saúde, para a campanha atual contra a poliomielite, o grupo-alvo são as mais de 14,3 milhões de crianças menores de cinco anos de idade, sendo que as crianças menores de 1 ano deverão ser imunizadas conforme a situação vacinal para o esquema primário.
Todas as crianças de 1 a 4 anos devem tomar agora na campanha a VOP, a "gotinha", desde que já tenham recebido as três doses de VIP do esquema básico (previstas aos 2, 4 e 6 meses de idade).
As crianças abaixo de um ano de idade também estão convocadas para a campanha, porém, deverão ser vacinadas conforme o histórico vacinal, por isso não há meta de cobertura para elas.
Além da pólio, caso as crianças e adolescentes até 15 anos tenham outras vacinas pendentes, conforme avaliação da caderneta, poderão fazer as demais doses que estiverem em atraso.
Esquema da campanha contra pólio:
- Abaixo de 1 ano de idade: só faz vacina se tiver alguma em atraso.
- Entre 1 e 4 anos: faz vacina da pólio (gotinha) e outras se tiver alguma em atraso.
- Dos 5 aos 14 anos: só faz vacina se tiver alguma em atraso.
Atenção: não podem receber gotinhas as crianças que não estão com as três doses da vacina inativada (injetável) em dia.
As crianças em atraso devem atualizar o esquema vacinal. Mesmo que tenham passado da idade de receberem as três doses inativadas, devem colocar em dia o esquema de vacinação das injeções antes de receberem as doses de gotinha.
A campanha ocorre independentemente da situação vacinal. Ou seja, pais e responsáveis devem ser estimulados a levar a criança independentemente de a vacina estar em dia ou não.
A vacinação é indiscriminada. É para todos. Recuperar quem está com dose em atraso e dar dose extra para quem está em dia, reforçando a proteção. Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria)
Cobertura vacinal está muito baixa
A meta é atingir 95% das crianças de 1 a 4 anos vacinadas na campanha, no entanto, segundo dados de hoje (1º/10) do painel de vacinação do Ministério da Saúde, este número está em 59,5%. Ainda muito baixo.
"O Brasil está sendo considerado como um país de alto risco de retorno de uma doença totalmente evitável por vacina. Um dos fatores importantes que nos coloca em risco é exatamente a baixa cobertura vacinal", afirma Juarez Cunha, pediatra e presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações).
Embora o Brasil tenha recebido o certificado de eliminação da doença em 1994, a baixa adesão faz o PNI (Programa Nacional de Imunizações) alertar sobre a importância e o benefício da vacinação, para evitar a reintrodução do vírus da poliomielite no país. Atualmente, menos de 70% das crianças de até um ano estão com a vacinação de rotina em dia.
Para o presidente da SBIm, uma das formas de se incentivar a população é trazendo de volta os riscos da doença. "As pessoas têm uma falsa sensação de segurança de que não precisam mais vacinar contra a poliomielite, já que não temos casos da doença no Brasil há mais de 30 anos, mas o vírus pode voltar. Temos que ressaltar essa parte de riscos, assim como a segurança e eficácia da vacina que controlou e eliminou a doença em nosso país. Não podemos deixar a doença voltar", acrescenta ele.
Segundo o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações, as doses previstas para a vacina inativada contra a poliomielite —as que são administradas em bebês com menos de 1 ano de idade— atingiram a meta pela última vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29%.
Desde 2016, o país não ultrapassa a linha de 90% de crianças vacinadas. Em 2019, caiu para 84,19%. Em 2020, muito em razão da pandemia de covid-19, o índice chegou a 76,15% dos bebês imunizados. Em 2021, o porcentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%. Ou seja, a cada 10 crianças, três não estão plenamente protegidas contra o poliovírus.
Quais os riscos da doença?
A poliomielite é uma doença altamente contagiosa, que atinge principalmente crianças com menos de 5 anos e que vivem em alta vulnerabilidade social, em locais onde não há tratamento de água e esgoto adequado.
O poliovírus é transmitido de pessoa para pessoa por via fecal-oral ou por água ou alimentos contaminados, e também de forma oral-oral, por meio de gotículas expelidas ao falar, tossir ou espirrar.
O vírus ataca o intestino, mas pode chegar ao sistema nervoso e provocar paralisia irreversível —daí o nome paralisia infantil— em membros como as pernas, e também dos músculos respiratórios, levando o paciente à morte. A poliomielite não tem cura, apenas prevenção, que é feita com a vacina.
Portanto, pais e mães, deem uma olhada na caderneta de vacinação de seu filho, e se ele tiver menos de 5 anos, leve-o para tomar essa dose extra de vacina contra a pólio. Além disso, nunca é demais relembrar que não é porque uma campanha nacional acaba que você não pode levar seu filho para tomar vacinas: os postos de saúde vacinam o ano todo.
*Com informações de reportagem do dia 26/9/2022.
Vacinação contra pólio está causando confusão; saiba quem precisa tomar - VivaBem
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