Resumindo a Notícia
Os sonhos ruins e angustiantes são comumente associados às crianças. No entanto, uma pesquisa da Universidade de Birmingham, do Reino Unido, verificou que entre 50% e 85% dos adultos relatam ter episódios de pesadelos.
Essas sensações que nos fazem acordar no meio da noite assustados não causam nenhum mal direto à saúde. Todavia, os cientistas alertam que a frequência com que as pessoas de meia-idade têm pesadelos pode estar associada ao maior risco de declínio cognitivo e demência na velhice.
O estudo analisou 3.200 pessoas dos Estados Unidos, sendo 600 homens e mulheres adultos com idades entre 35 e 64 anos; e 2.600 adultos com 79 anos ou mais.
Todos os participantes estavam livres de demência no início do estudo e foram acompanhados por uma média de nove anos, para o grupo mais jovem, e cinco anos para os participantes mais velhos.
A coleta de dados começou entre 2002 e 2012 e se deu a partir do preenchimento de uma série de questionários, que incluíram a pergunta sobre a frequência com que os indivíduos tiveram pesadelos.
Esses dados foram analisados usando software estatístico, para descobrir se os participantes com maior frequência de pesadelos eram mais propensos a sofrer declínio cognitivo e serem diagnosticados com demência.
A pesquisa, publicada na eClinicalMedicine da revista The Lancet, constatou que pessoas de meia-idade (35-64) que relataram pesadelos semanalmente tiveram quatro vezes mais chances de sofrer declínio cognitivo na década seguinte, enquanto as pessoas mais velhas tiveram duas vezes mais probabilidade.
Curiosamente, o estudo descobriu que as associações eram muito mais fortes para os homens do que para as mulheres.
Por exemplo, homens mais velhos com pesadelos semanais eram cinco vezes mais propensos a desenvolver demência do que homens mais velhos que não relataram pesadelos. Nas mulheres, no entanto, o aumento do risco foi de apenas 41%.
Abidemi Otaiku, do Centro de Saúde do Cérebro Humano da Universidade de Birmingham e primeiro autor do estudo, comemorou o achado.
"Demonstramos pela primeira vez que sonhos angustiantes, ou pesadelos, podem estar ligados ao risco de demência e declínio cognitivo entre adultos saudáveis na população em geral", disse em comunicado.
Ele entende que a ligação entre os pasadelos e a demência vai ajudar no diagnóstico precoce da doença.
“Há poucos indicadores de risco para demência que podem ser identificados já na meia-idade. Embora outros trabalhos precisem ser feitos para confirmar essa associação, acreditamos que os pesadelos podem ser uma maneira útil de identificar indivíduos com alto risco de desenvolver demência e implementar estratégias para retardar o início da doença”, complementou Otaiku no estudo.
Os próximos passos da pesquisa serão investigar se os pesadelos entre os jovens podem estar associados ao risco futuro de demência e se outras características dos sonhos, como a frequência com que nos lembramos deles e quão vívidos são, também podem ser usadas para identificar o risco de demência.
Por meio de um EEG (eletroencefalograma) e um MRI (ressonância magnética), os pesquisadores pretendem investigar a base biológica dos sonhos ruins em pessoas saudáveis e pessoas com demência.
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