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Monday, July 18, 2022

Doença renal: saiba identificar os sinais de quando o seu rim não está bem - VivaBem

Inchaço, dor lombar e alterações na urina são sinais de alerta para diferentes doenças renais que, se não tratadas, podem levar à DRC (doença renal crônica), condição grave, e inicialmente assintomática, que pode ocasionar a perda do funcionamento do rim, órgão responsável por filtrar as toxinas do organismo, transportar o oxigênio para todo o corpo, controlar a pressão arterial e equilibrar íons responsáveis pelo fortalecimento dos ossos e do coração.

Muitas pessoas acreditam que basta beber água para garantir uma boa saúde renal, mas, somente um conjunto de ações preventivas pode evitar um quadro irreversível. Segundo a SBN (Sociedade Brasileira de Nefrologia), em 2040, a DRC pode ser a 5ª maior causa de morte no mundo, mas, o rastreio, também chamado de screening, pode evitar que a doença alcance rapidamente a fase aguda.

"Em geral, os pacientes já chegam no pronto-socorro precisando de diálise, o que é muito ruim, porque aumenta a morbi-mortalidade. Além disso, crises renais por cálculos, com intensa dor, também são muito comuns", afirma Caroline Reigada, médica nefrologista e intensivista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo.

A diálise é a filtração do sangue com o auxílio de máquinas e o transplante, a substituição do rim através de doador vivo ou falecido. Cada doença renal tem a sua complexidade. Embora os sintomas sejam específicos, a prevenção é algo em comum.

Exames simples, como a taxa de ureia e creatinina no sangue, toxinas eliminadas somente pelos rins, e a coleta de urina tipo I, que detecta a excreção de glicose, proteínas e nitritos, são primordiais para indicar problemas renais, que podem estar associados a outras doenças como obesidade, diabetes e hipertensão.

As principais doenças renais

  • Glomerulares

É o conjunto de doenças que afetam os glomérulos, que são estruturas constituídas por capilares sanguíneos. Também chamadas de glomerulopatia ou glomerulonefrite, são divididas em primária, quando causada por vírus e bactérias acometendo apenas os rins, ou secundária, quando associadas a outras doenças (diabetes, hepatites, doenças autoimunes) que afetam diversas áreas do organismo.

  • Policística

As doenças renais policísticas são hereditárias por mutações genéticas e caracterizadas por bolhas nos néfrons, estrutura responsável por filtrar os rins. Podem ser de dois tipos: DRPAR (Doença Renal Policística Autossômica Recessiva), sua forma mais rara e grave, ou DRPAD (Doença Renal Policística Autossômica Dominante). Ambas podem levar à DRC (Doença Renal Crônica). Diferentemente dos nódulos, que são maciços, os cistos são ocos, podendo conter líquido ou ar, sendo benignos ou malignos.

  • Câncer renal

O câncer renal é um tumor maligno, com alto risco de metástase, encontrado em exames de rotina, como a ultrassonografia abdominal.

  • Litíase renal

Também chamado de cálculo renal ou pedra nos rins é a cristalização de sais minerais presentes na urina em forma de pedras, seja por alteração metabólica, como o acúmulo de oxalato de cálcio, ácido úrico e fosfato de cálcio; dieta inadequada, com o consumo de alimentos ricos em sódio; infecções urinárias e pouca ingestão de água. Se não tratada, pode levar a hidronefrose e pielonefrite, com possíveis sequelas renais e perda dos rins.

  • Hidronefrose

É a dilatação das vias urinárias (pelve e ureter), geralmente pela passagem de um cálculo que pode ocasionar uma obstrução, sendo necessário o uso de sonda ou procedimento cirúrgico, podendo se agravar para um quadro de lesão renal.

  • Infecção urinária

A infecção urinária de trato baixo é restrita à bexiga (cistite) e a infecção de trato alto (pielonefrite) alcança os rins por via ascendente (via urinária baixa) ou hematogênica (sangue), podendo evoluir para sepse (infecção generalizada).

A ITU (infecção do trato urinário) geralmente ocorre por contaminação de bactérias presentes no organismo, em desequilíbrio, ou através de procedimentos cirúrgicos não higienizados corretamente. São elas: Escherichia coli, Proteus mirabilis, Enterococcus faecalis e Staphylococcus saprophyticus. Quando a infecção se torna de repetição, sendo detectada mais de três vezes ao ano, deve ser investigada.

Sepse é a infecção mais grave, com resposta inflamatória sistêmica, muitas vezes com o uso de ventilação mecânica, principal causa de lesão renal aguda e alto índice de mortalidade.

  • LRA (lesão renal aguda)

A insuficiência renal é dividida em LRA (lesão renal aguda) e DRC (doença renal crônica). A LRA consiste na rápida diminuição da função renal, geralmente em pessoas hospitalizadas, com redução do débito urinário e alteração de níveis de ureia e creatinina. É dividida em pré-renal, quando ocorre por desidratação e sangramento; renal, causada por outras doenças renais como nefrites, sepse e uso de anti-inflamatórios; e pós-renal, por obstrução da via urinária. Se não tratada com urgência, o quadro reversível pode se tornar uma DRC.

  • DRC (doença renal crônica)

É uma doença silenciosa com quadro lento, progressivo e irreversível, com a perda gradual da função dos rins por, pelo menos, três meses, podendo levar à morte precoce por complicações cardiovasculares, como o infarto.

Sintomas de que seus rins não estão bem

Os primeiros sintomas das doenças renais costumam surgir com a perda de 80% e 85% da função do órgão, mas, alguns sinais como cansaço, edema (inchaço) dos membros inferiores, formigamento, aumento da pressão arterial, alterações na urina e na glicemia, assim como a anemia descontrolada, devem ser investigados. Outros sintomas específicos são indicativos de casos de maior gravidade. São eles:

  • Dor lombar: hidronefrose com obstrução por cálculo renal ou pielonefrite
  • Dor no pé da barriga: cistite
  • Febre: pielonefrite, doença policística ou doenças autoimunes, como vasculites e lúpus
  • Sabor metálico: retenção das escórias nitrogenadas (ureia e creatinina) na LRA ou fase avançada da DRC
  • Urina com espuma: eliminação de proteína, que pode ocorrer por glomerulopatias, doenças policísticas ou fase final da DRC
  • Urina cor de coca-cola: presença de hematúria (sangue) por cistite ou eliminação de cálculos ou glomerulopatias ou doenças policísticas ou câncer renal ou rabdomiólise (quebra do músculo após exercício extenuante)
  • Urina com gotejamento ao fim da micção: obstrução por próstata aumentada, em vista da hiperplasia prostática benigna
  • Urina com ardência: infecção urinária ou eliminação de cálculo ou hipoestrogenismo (queda dos níveis de estrogênio na menopausa)
  • Arritmia e paralisia: aumento do potássio na fase avançada da DRC
  • Hipertensão: doença policística ou LRA ou fase avançada da DRC
  • Coceira (prurido): excesso de fósforo ou retenção das escórias nitrogenadas, na fase avançada da DRC
  • Náusea e vômito: glomerulopatia ou fase final da DRC
  • Tremores, dor no peito e falta de ar: fase final da DRC
  • Febre alta, disfunção de órgãos, alteração do nível de consciência, hipotensão e aumento da frequência cardíaca e respiratória: sepse
  • Redução do volume urinário, confusão mental e sonolência: LRA
  • Edema e alterações urinárias: glomerulopatia

Para diminuir os riscos, amenizar os desconfortos e retardar a necessidade do uso de procedimentos artificiais, deve-se manter a pressão arterial adequada; o diabetes controlado; evitar o uso de medicamentos sem orientação, como AINES (anti-inflamatórios não esteroidais) e anti-hipertensivos; adquirir uma dieta equilibrada com redução de sódio, quantidade adequada de cálcio, ingestão de frutas, legumes, verduras e mais de dois litros de água, além de manter hábitos de vida saudáveis com atividade física regular.

Fontes: Caroline Reigada, médica nefrologista e intensivista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo; Irina Antunes, médica nefrologista e especialista em transplante renal no Hospital Samaritano (SP) e responsável técnica na BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Letícia Jorge, médica nefrologista, coordenadora médica na Fresenius Medical Care e especialista em glomerulopatia, no Hospital Sírio-Libanês e Hospital das Clínicas, ambos em São Paulo; e Fábio Sepúlveda, médico urologista e especialista em litíase urinária no Hospital Albert Einstein em São Paulo e coordenador de endourologia na UFBA (Universidade Federal da Bahia) e Hospital da Mulher, ambos na Bahia.

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