O ano de 2022 está sendo marcado por uma nova onda de covid no Brasil, impulsionada pela variante Ômicron. E desta vez, com os adultos imunizados, cresce cada vez mais o número de crianças infectadas e hospitalizadas, inclusive em UTI's pediátricas. "No dia 5 de janeiro, tínhamos apenas uma criança internada com covid. Uma semana depois, esse número já aumentou para oito", informou a assessoria de imprensa do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo, à CRESCER.
O Hospital Santa Catarina – Paulista, também viu sua quantidade de pacientes infantis aumentarem consideravelmente. "Aqui, o aumento foi de 400% no número total de pacientes pediátricos internados com covid-19, em comparação aos 15 dias do período anterior", informou um porta-voz. Por causa disso, o hospital precisou se dividir em duas áreas distintas para reforçar a segurança dos pacientes e das equipes. "Organizamos uma área quente, destinada a pacientes com suspeita de covid-19 e positivos/confirmados, e uma área fria, para aqueles já testados, sem covid-19", informou a assessoria.
No Sabará Hospital Infantil, localizado na região central da capital, o aumento de casos teve início na segunda quinzena de dezembro. Segundo dados da assessoria de imprensa, em janeiro de 2021, o hospital não tinha nenhum paciente internado com covid. Bem diferente dos primeiros quinze dias deste ano, quando o número de internações já está em 11.
O número de atendimentos no pronto-socorro também chama atenção. Em janeiro de 2021, foram 560 atendimentos por doenças respiratórias. Já nos primeiros quinze dias deste ano, são 1.019. "Em dezembro, esse aumento de doenças respiratórias se confundiu muito com a epidemia de Influenza, por H3N2. Mas, aos poucos, os casos de covid foram se sobressaindo e aumentando a cada dia. Chegamos a diagnosticar mais de 50 casos positivos em um único dia na primeira quinzena de janeiro", afirmou o infectologista pediátrico Francisco Oliveira, gerente médico do Sabará, em entrevista à CRESCER.
Sintomas heterogênios
Segundo o médico, a nova onda impulsionada pela Ômicron aumentou não só o número de atendimentos de crianças nos pronto socorros, mas também internações. "Nessa nova onda, em torno de 10% das crianças têm internado. Felizmente, sem quadros muito graves, embora tenhamos tido um aumento de internação na UTI também, se comparado as ondas anteriores", disse. "Os casos graves se concentram nas crianças com menos de 1 ano e naquelas com comorbidades, como pneumopatas, crianças com síndrome de Down, cefalopatia crônica... são as que têm uma probabilidade maior de evoluírem com complicação. Já em relação aos sintomas, temos visto uma combinação bastante heterogênia, isto é, observamos desde crianças com único sintoma, que é febre, outras com febre e sintomas gastrointestinais, mas sem sintomas respiratórios ou, então, apenas sintomas respiratórios. Não tem um padrão", afirmou.
Ômicron
Para o infectologista, as festas de fim de ano contribuíram, sim, para o aumento de casos, mas o fator principal envolvido foi a chegada da variante Ômicron ao país. "Alguns estudos feitos no Brasil mostraram que a nova variante já é responsável por quase 100% dos casos de covid. Já sabíamos, pelos padrões observados em outros países que, aonde ela chega, rapidamente toma conta pelo seu potencial de disseminação muito elevado e o período de encubação curto. Claro que, o fato de as pessoas terem se reunido e viajado, potencializa a capacidade de transmissão da variante", explica.
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Vacinação
Infelizmente, segundo o infectologista, muitos pais ainda têm dúvidas sobre a vacinação dos filhos contra a covid. "Apesar de chegarem com dúvidas, temos visto que a maior parte, pelo menos 80% dos pais e responsáveis que buscam uma orientação, aceitam a orientação da vacinação após uma explicação sobre o assunto, principalmente em relação aos benefícios da vacina. Mas tem um percental que se mantém menos flexível e, infelizmente, sabemos que há uma questão política e ideológica que contamina essa decisão, o que é lastimável", finalizou.
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