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Sunday, August 29, 2021

EUA proíbem a venda de cigarros eletrônicos de três fabricantes, questionando os efeitos na saúde - Jornal O Globo

RIO — Em decisão inédita, a agência regulatória de medicamentos americana, a FDA, proibiu três empresas de vender e fabricar cigarros eletrônicos aromatizados no país. As fabricantes JD Nova Group LLC, Great American Vapes e VaporSalon devem tirar do mercado os vaporizadores que estão tanto em comercialização, como em planejamento.

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A agência alegou que não foram apresentadas “evidências de que eles têm um benefício para fumantes suficiente para superar a ameaça à saúde pública representada pelos níveis alarmantes e bem documentados de uso de tais produtos pelos jovens”.

Esta foi a primeira vez que a FDA proibiu a comercialização de vaporizadores que chegaram ao estágio de revisão científica. Os Estados Unidos exigem que todos os produtos desse nicho demonstrem que são “adequados para a proteção da saúde pública”. Para isso, no ano passado, a agência de saúde havia encerrado em 9 de setembro o prazo para que as empresas apresentassem documentos que comprovassem que seus cigarros eletrônicos não eram nocivos. Mais de 500 fabricantes enviaram os papéis de mais de 6,5 milhões de produtos de tabaco para serem analisados.

“Garantir que novos produtos de tabaco passem por uma avaliação do FDA é uma parte crítica de nosso objetivo de reduzir doenças e mortes relacionadas ao tabaco. Sabemos que esses produtos são muito atraentes para os jovens, portanto, avaliar o impacto do uso potencial ou real dos jovens é um fator crítico em nossa tomada de decisão sobre quais modelos podem ser comercializados”, disse em um comunicado Janet Woodcock, médica e comissária em exercício da FDA.

Efeito na saúde

Muitos consumidores do cigarro eletrônico justificam o uso afirmando que ele é menos prejudicial que o cigarro convencional. Outros o apontam como um caminho para deixar de fumar. No entanto, os malefícios dos dois são bem semelhantes.

— Os cigarros convencionais apresentam um grande risco porque a queima das folhas de tabaco produz o alcatrão, que contém uma série de substâncias cancerígenas. No entanto, o dispositivo eletrônico é feito com vários metais pesados e algumas substâncias que também são cancerígenas quando o líquido que contém a nicotina é aquecido — explica Liz Almeida, coordenadora de Prevenção e Vigilância do Instituto Nacional do Câncer, o Inca.

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A proibição da venda desses cigarros eletrônicos abre caminho para a discussão sobre os danos do hábito sobretudo com o principal consumidor — os jovens.

Os novos cigarros eletrônicos possuem três vezes mais nicotina que os modelos antigos, o que equivale à substância contida em um maço de 20 cigarros comuns.

A nicotina usada é mais concentrada, e seus sais diminuem o efeito incômodo na garganta. O resultado disso é que o trago fica mais potente, gerando mais rapidamente a sensação de prazer causada pela nicotina. Essa substância estimula a produção de dopamina, neurotransmissor que ativa o comando de satisfação no cérebro.

Associado a isso, os cigarros eletrônicos oferecem opções de sabor, muitas vezes adocicados. Somados ao vapor no lugar de fumaça e a ausência do cheiro incômodo do tabaco nas mãos, roupas e o gosto na boca, os vaporizadores caíram nas graças dos jovens.

Todos esses fatores aumentam o risco de vício nesse tipo de tabagismo moderno, principalmente entre os mais jovens.

Anvisa proíbe

Nos Estados Unidos, o consumo de cigarro eletrônico por jovens é tão alto que em 2019 ele foi classificado como uma epidemia, após hospitais reportarem mais de 2.500 internações e 50 mortes causadas por problemas pulmonares em usuários. E no Brasil a tendência é de crescimento desse tipo de tabagismo. Influenciadores digitais com mais de 100 mil seguidores compartilham suas rotinas nas redes sociais fumando os vaporizadores e contando suas “vantagens” em relação ao cigarro comum. Isso incentiva o público também jovem a consumir.

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— Com essa adesão da população jovem, para a qual a indústria está voltando toda a sua publicidade, existe um risco de reverter a redução importantíssima do número de fumantes no Brasil, que em 1989 representava 35% da população com 18 anos ou mais e que hoje está na faixa de 12,8%. A ideia da indústria é ter uma nova geração de pessoas dependentes da nicotina — afirma Almeida.

A Anvisa proibiu a comercialização e importação do produto, no entanto, não há proibição quanto ao consumo. Isso significa que pessoas podem comprar no exterior e trazer para uso próprio no Brasil. Mais: é fácil encontrar cigarros eletrônicos à venda nas redes sociais.

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