Era isso, pensei, achando que sabia de tudo. Mas, não — insistiam os passarinhos, piando em meus ouvidos —, não era nada disso. Era algo diferente. Um novo remédio, outros estudos. E, sobretudo, uma visão de que, no fundo, não seriam o colesterol lá no alto, o diabetes, os quilos a mais, a hipertensão, o cigarro nem o sendentarismo os maiores responsáveis por manter as doenças cardiovasculares firmes e fortes no posto de principais causas de mortes em todo o mundo — embora tudo isso, claro, também tenha culpa no cartório. Mas a maior acusada seria mesmo a inflamação.
Proteína C reativa
Contei essa história ao professor José Francisco Saraiva, o titular da Cardiologia na PUC (Pontifícia Universidade Católica) de Campinas, no interior paulista, assim que fiquei diante dele.
Explico. Procurei a Novo Nordisk, empresa farmacêutica que desenvolveu a semaglutida e que estava organizando o tal encontro de médicos no Rio. Ora, eu queria descobrir do que se tratava. Não me adiantaram nada — e, cá entre nós, já nem estava segura se haveria algo realmente novo. Mas me sugeriram a entrevista com o professor.
"Fico feliz porque você pensou no SELECT, mas preciso dizer que não sabe tudo sobre ele", me assegurou o cardiologista, que também foi o líder desse estudo no Brasil."É claro que ele provou a importância da obesidade na saúde cardiovascular e que um tratamento para diminuir o peso era capaz de melhorá-la. No entanto, um dos principais achados, que explica boa parte dos resultados, é que, mais do que fazer o ponteiro da balança baixar, o medicamento reduz de maneira significativa a taxa de inflamação do organismo. E sabemos disso avaliando a proteína C reativa."
A molécula de proteína C reativa, em si, não faz mal algum às nossas artérias. Mas, como compararia o professor Saraiva, seria feito um termômetro ao apontar se temos febre — no caso, ela mostra a quantas anda o nosso estado inflamatório.
Infarto e AVC: mais do que qualquer outra coisa, a inflamação é a culpada - VivaBem
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