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Thursday, June 8, 2023

Tempo seco, pólen, poluição, ácaro: como evitar espirros e coceiras - VivaBem

Sofrer com espirros e coceira no nariz, especialmente em determinadas épocas do ano ou em situações específicas —como ao entrar em um ambiente que não é limpo com frequência— são sinais comuns de rinite alérgica.

O quadro é uma resposta imunológica exagerada a substâncias alérgenas, como pólen, ácaros, pelos de animais, mofo, perfumes e até a poluição, que pode irritar as vias aéreas e desencadear os sintomas incômodos.

"A rinite alérgica é uma doença comum (afeta em torno de 20% a 40% da população mundial) e que pode ocorrer em qualquer idade: crianças, adolescentes, adultos e idosos. Como outras alergias, tem componente hereditário: um bebê que tenha pais alérgicos terá uma chance 50% a 70% maior de desenvolver a rinite alérgica", explica Bárbara Gonçalves da Silva, alergista do Fleury Medicina e Saúde.

São sintomas da rinite alérgica:

  • espirros repetidos e em salva (muitos e em sequência)
  • coriza líquida (em geral, abundante)
  • coceira no nariz, olhos, ouvidos, céu da boca e garganta
  • mucosa nasal congestionada
  • narinas obstruídas
  • olhos avermelhados, irritados, lacrimejando e coçando
  • gotejamento pós-nasal (secreção que escorre por trás do nariz, para a garganta e pode provocar pigarro ou tosse)
  • alteração do olfato e do paladar

De acordo com Silva, o quadro pode passar despercebido por se assemelhar a um resfriado e, assim, atrasar o tratamento.

"Quando não reconhecida e tratada, a rinite alérgica pode causar complicações e interferir no sono, no aprendizado, no rendimento no trabalho e afetar a qualidade de vida. O diagnóstico da rinite alérgica é clínico (história e exame físico), seguido de exames complementares: teste cutâneo (ou prick-teste) para inalantes e mensuração da imunoglobulina IgE [classe de anticorpos] específica no sangue", descreve.

O que fazer para controlar as reações alérgicas

A forma mais simples de tratar a alergia é evitar o contato com a substância que desencadeia os sintomas.

Alguns gatilhos, no entanto, são difíceis de evitar no dia a dia. Por isso, especialistas listam, abaixo, medidas que podem ajudar no controle de crises de acordo com cada alérgeno.

1. Ácaro

Os ácaros, animais aracnídeos minúsculos, são a principal causa de rinite alérgica e não é fácil evitar o contato com eles.

A médica Bárbara Gonçalves da Silva lista algumas medidas simples podem ser adotadas, e irão diminuir a quantidade destes insetos: "A casa e principalmente o quarto onde o paciente dorme devem ser limpos com bastante frequência, através do uso de pano úmido na limpeza, uma forma bastante eficaz para remover a poeira."

Ter ventilação adequada na casa e no quarto, e deixar o sol entrar ajudam para que fungos (ou bolor) não surjam.

Não ter carpetes, tapetes, cortinas, bichos de pelúcia ou outros móveis ou utensílios que possam acumular poeira também são dicas importantes.

2. Tempo seco e dias frios

"No outono e no inverno, aqui no Brasil, a variação no clima faz com que o tempo fique mais seco, com a baixa umidade do ar, o que favorece os alérgenos ou os aeroalérgenos, que são os partículas como o ácaro de poeira, os pólens das plantas e outros alérgenos a ficarem com uma maior concentração no ambiente", aponta Paula Meireles, alergista e imunologista, e professora de medicina da Unisa.

Além disso, o nariz, que aquece e umidifica o ar que respiramos, pode ter seu funcionamento prejudicado em dias mais frios, especialmente em pessoas sensíveis.

"O ar chegará frio e com baixa umidade no pulmão. Os brônquios podem responder a esse estímulo fazendo broncoconstrição e desencadeando sintomas e crises alérgicas", complementa a médica do Fleury.

A higienização nasal, explica, é uma forma de ajudar a melhorar o quadro clínico da rinite alérgica, já que retira o contato dos alérgenos com a mucosa, umidifica o local e diminui a viscosidade do muco nasal.

"O ideal é que seja feita diariamente, com soro fisiológico, geralmente duas vezes ao dia, mesmo sem apresentar sintomas."

coriza - GETTY IMAGES - GETTY IMAGES
Imagem: GETTY IMAGES

Além disso:

Passe um pano úmido em casa em vez de varrer o chão, ato que levanta ao ar partículas que podem ser inaladas.

Quando possível, use um aspirador de pó com filtro HEPA, que aspira as partículas sem devolvê-las ao ar.

Deixe entrar bastante sol nos ambientes e evitar o acúmulo de bichos de pelúcia, cortinas e carpetes, pois são mais difíceis de limpar.

Se você convive com animais de estimação, o ideal é que eles não entrem no quarto, especialmente na cama.

Outra dica importante é controlar a umidade do ambiente.

"A umidificação do ambiente pode ser benéfica quando a umidade está muito baixa, mas é importante usar itens como toalhas molhadas, umidificadores e bacias com parcimônia para não deixar o ambiente excessivamente úmido, o que pode favorecer o desenvolvimento de ácaros e fungos e aumentar os sintomas alérgicos."

Umidificador - Istock - Istock
Imagem: Istock

3. Pólen

O pólen, presente em diferentes espécies de flores, pode ser um gatilho para pessoas alérgicas.

"Existem vários tipos de pólen relacionados à rinite alérgica. Na região sul do Brasil, as gramíneas são as principais responsáveis", aponta a médica do Fleury.

assoar o nariz - iStock - iStock
Imagem: iStock

O melhor é evitar atividades externas nos períodos de alta contagem de pólen, aponta Silva, entre 5 e 10 horas da manhã e em dias secos, quentes e com ventos.

"Se sair, use óculos de sol [como proteção extra] e tome banho assim que você chegar em casa, já que o pólen pode ser carregado para dentro. Evite também secar as roupas em ambiente aberto para que você não tenha depósito do alérgeno", indica Rizzieri Gomes, médico cardiologista que atua na prevenção e melhora da qualidade de vida, de Manaus.

4. Poluição

"A poluição do ar contém partículas que podem ser difíceis de eliminar pela nossa via aérea. Nosso corpo possui mecanismos, como os cílios na mucosa nasal, para tentar remover essas partículas. No entanto, quando o ar está muito poluído, há um maior acúmulo dessas partículas em nossas vias respiratórias, o que pode causar a irritação", diz Paula Meireles, professora da Unisa.

O melhor, aponta Rizzieri, seria evitar grandes centros urbanos, que costumam ser mais poluídos. "Mas nem sempre é possível. Por isso, uma alternativa é usar a máscara N95, que ficou bastante popular durante a pandemia da covid-19 e que tem ótima filtragem —especialmente se o paciente estiver em crise."

A casa do paciente com sensibilidade à poluição também deve ser limpa com frequência. Também é importante não fumar ou ficar próximo de quem fuma.

"A fumaça do tabaco é uma das principais fontes de poluentes intradomiciliares. Tanto o tabagismo ativo como o passivo são danosos e é fundamental recomendar ao paciente alérgico e seus familiares que cessem o tabagismo o mais precocemente possível, a fim de diminuir o tempo e quantidade final (a chamada carga) da exposição", diz Silva.

5. Perfumes

A médica do Fleury aponta que, no caso dos perfumes e odores fortes, não há dados científicos robustos que mostrem a relação com crises de alergia.

"A orientação aos pacientes na prática clínica diária com relação aos odores e perfumes tem que ser feita caso a caso, de acordo com a percepção sobre os desencadeantes das suas crises e com o bom senso, já que não é possível basear essas orientações em testes ou estudos científicos."

Possíveis tratamentos para os desencadeadores de alergias

O primeiro passo para indicar o tratamento mais adequado é estabelecer a causa da rinite.

No caso da rinite alérgica, além do controle ambiental, o tratamento farmacológico pode incluir medicamentos a serem utilizados durante uma crise (antialérgicos de segunda geração) e os de longo prazo, para reduzir a inflamação e controlar os sintomas, como os corticoides tópicos sob a forma de spray nasal (mais indicados).

"São usados para controlar os sintomas, diminuindo a inflamação e descongestionando o nariz, por exemplo. No caso do spray, é importante seguir a recomendação médica de tempo de uso para evitar efeitos colaterais", aponta Rigozzi.

A imunoterapia (vacina para alergia) é o único tratamento capaz de modificar a história natural da rinite alérgica e controlar a alergia a longo prazo.

"Essa é a principal diferença em relação a outros tratamentos disponíveis", conclui Silva.

Atualmente, explica a médica Paula Meireles, a vacina pode ser realizada de duas formas: subcutânea ou sublingual.

"Após a prescrição por um alergista, o paciente pode até fazer o tratamento em casa. A imunoterapia pode melhorar a qualidade de vida do paciente por muitos anos e prevenir problemas futuros, como a exacerbação da asma. É comum haver associação entre doenças das vias aéreas superiores, como a rinite, e doenças das vias aéreas inferiores, como a asma alérgica."

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