O advogado Ademir Andrade, 71, é a prova de que nunca é tarde para aproveitar os benefícios que fazer exercícios traz para a saúde física e mental. Sedentário até os 41 anos, ele começou a treinar para ter mais fôlego. Hoje, nada, rema, faz musculação e tem disposição de sobra. A seguir, Ademir compartilha sua história:
"Quando tinha 20 e poucos anos, tentei praticar natação e caminhada. Mas na época trabalhava com processamento de dados, o que exigia muito de mim mentalmente.
Chegava cansado do trabalho, sentava para relaxar um pouco e não tinha disposição para me exercitar. Então, acabei desistindo e me entregando ao sedentarismo.
GANHO DE PESO E FALTA DE FÔLEGO Ao longo dos anos senti os efeitos da falta de exercício. Primeiro, engordei: meu peso saudável é em torno de 75 kg e passei dos 90 kg.
Depois, o sedentarismo afetou meu dia a dia. Eu me cansava facilmente ao carregar uma sacola, subir escadas ou caminhar um pouco mais.
Tinha 30 e poucos anos, era jovem, mas percebi que fui perdendo a resistência com o tempo.
Fazia check-up periodicamente e a conversa com o médico eram sempre a mesma: ele perguntava se eu fazia exercício físico, eu dizia que não e ele falava que seria importante para a minha saúde e longevidade.
Aos 41 anos, decidi levar o conselho médico a sério. Voltei a nadar para tentar emagrecer e ganhar energia, mas dessa vez adotei uma estratégia diferente.
Como já tinha o costume de acordar cedo, passei a fazer atividade física de manhã. Eu sabia que se deixasse para praticar exercícios à noite, não teria disposição e ia acabar abandonando o treino.
MAIS DISPOSIÇÃO E SAÚDE Eu me levantava às 5h, tomava café da manhã e ia para o clube. Nadava de três a quatros vezes por semana, por cerca de uma hora, uma hora e meia, e depois ia trabalhar.
Com o treino, meu dia ficou mais produtivo. Tinha mais foco e concentração nas atividades do trabalho e lidava melhor com as questões pessoais e o estresse.
Depois, nos dias em que não ia para a piscina, passei a caminhar 6 km na rua —aproveitava esse momento para ouvir música e contemplar as paisagens.
A natação e a caminhada foram minhas companheiras de todas as manhãs por décadas, até que acrescentei um novo esporte. Aos 66, um médico me aconselhou a fazer pilates para melhorar a postura, flexibilidade e alongamento. Fazia aula com pessoas de 30, 40, 50 e 60 anos.
Uma das coisas legais de se fazer atividade física, em qualquer idade, mas principalmente na maturidade, é manter a vida social ativa e saudável. A gente conversa, faz amizade, conhece gente nova. Pessoas mais velhas tendem a ficar mais reclusas em casa assistindo TV e lendo —o que é bom também, mas na nossa idade é importante se mexer e ter um convívio social
MENOS ESTRESSE E MAIS CLAREZA MENTAL Tem momentos em que o exercício funciona como uma fuga para mim, esqueço dos problemas e alivio o estresse. Em outros, ele me ajuda a ver as coisas com mais clareza, a achar o caminho para uma dificuldade.
Há 30 anos, atuo com direito civil e trabalhista, muitas vezes já aconteceu de eu estar nadando e ter uma ideia para resolver o processo de um cliente, por exemplo. Digo que a atividade física é uma higienização da mente.
Por orientação médica, aos 69 passei a fazer musculação para ganhar resistência, força e, principalmente, massa muscular, que a gente acaba perdendo naturalmente com a idade.
No início, ficava um pouco dolorido e confuso com os equipamentos, mas me adaptei e peguei gosto pela modalidade. Uma estratégia que sempre utilizo para não me machucar, independentemente do esporte, é prestar atenção nas explicações do professor e fazer os movimentos com calma e paciência.
A convite de um colega da musculação, conheci o remo e hoje pratico o esporte três vezes por semana no Cepusp (Centro de Práticas Esportivas da USP), intercalando com a natação e a musculação nos outros dias da semana.
Tenho 71 anos e aconselho meus filhos e netos a se exercitarem desde jovens. Apesar de eu ter começado a atividade física após os 40, sinto que ela me rejuvenesce e me traz muitos benefícios: tenho mais força, equilíbrio, energia, autoestima e vida social ativa. Independentemente da idade, nunca é tarde para colocar nossa máquina (mente e corpo) para trabalhar, movimentando-se no esporte."
Por que começar a fazer atividade física após os 40
Não existe idade máxima para começar a fazer uma atividade física ou esporte, basta escolher uma modalidade que se adeque ao seu estilo de vida, condições de saúde e, principalmente, gostos pessoais.
Não adianta fazer musculação se você odeia academia, por exemplo, pois sem prazer é difícil manter a prática por muito tempo.
Começar uma atividade física na meia idade traz diversos benefícios para a saúde:
- melhora a função cardiovascular, reduzindo risco de infarto, AVC, hipertensão
- ajuda no controle de glicemia, prevenindo o diabetes tipo 2
- fortalece o sistema respiratório, melhorando o fôlego e a disposição
- turbina o sistema imunológico
- melhora a qualidade do sono
- reduz a gordura corporal
- aumenta a massa muscular
- controla o estresse
- aumenta a disposição
- turbina a autoestima
- ajuda a controlar a ansiedade
- estimula o convívio social, reduzindo o risco de depressão
- previne a osteoporose e fraturas provocadas por quedas
- melhora a libido e a função social
É preciso respeitar o corpo Em qualquer idade, é importante iniciar os treino em ritmo leve e aumentar a intensidade progressivamente, conforme o condicionamento evolui.
Também é importante entender que após os 40 anos nosso organismo tende a ter uma diminuição natural da força muscular, resistência cardiorrespiratória, agilidade e coordenação motora, além de desgastes nas articulações. Portanto, respeite seus limites e defina metas compatíveis. Se você está começando agora, não adianta querer correr 20 km na mesma velocidade de um jovem bem treinado.
7 dicas para começar a treinar após os 40
- Faça uma avaliação médica
- Tenha uma alimentação saudável e capriche no consumo de proteínas
- Invista em exercícios de força (musculação, funcional), para aumentar a massa muscular
- Treine com orientação profissional e execute os exercícios corretamente
- Não exagere na carga, mas também não deixe de aumentá-la progressivamente
- Respeite o tempo de descanso necessário para seu corpo se recuperar após um treino (geralmente, 48 horas)
- Durma bem
FONTE: Moisés Cohen, médico do esporte, médico no Hospital Israelita Albert Einstein e professor titular de ortopedia e medicina do esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo)
Nunca é tarde! Ele começou a treinar aos 41 e esbanja disposição aos 71 - VivaBem
Read More
No comments:
Post a Comment