Com qual frequência você costuma analisar a própria pele, incluindo o couro cabeludo, orelhas, costas, partes íntimas e até as unhas? O rosto, o pescoço e a região superior do tórax são áreas a serem analisadas com mais regularidade, mas conhecer toda a extensão da pele —que é o maior órgão do corpo humano— é crucial para manter a saúde em dia.
Afinal, por meio da análise periódica —realizada em casa, a cada três meses—, pode-se observar o surgimento de lesões novas, como também a mudança de alguma preexistente, por exemplo, um sinal de nascença que passou a mudar de cor, aumentar de tamanho ou sangrar, lista Marco Túlio Cavalcante Oliveira, dermatologista do Hospital Universitário Walter Cantídio, do Complexo Hospitalar da UFC (Universidade Federal do Ceará), ligado à rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares).
O autoexame não substitui as consultas presenciais nas quais o dermatologista avalia a pele como um todo com o auxílio de instrumentos, como lupa e dermatoscópio, que aumentam a acurácia, segundo Karina Passos, dermatologista titulada pela SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) que atua em Recife, PE.
Aos pacientes sem histórico de câncer de pele, a orientação é ir ao especialista pelo menos uma vez ao ano ou sempre que tiver alguma dúvida ou anomalia a ser investigada.
Passo a passo
Os especialistas indicam que se estabeleça uma metodologia para que nenhuma parte do corpo seja esquecida no autoexame. Conhecer bem a pele e saber em quais regiões existem pintas faz toda a diferença na hora de detectar qualquer irregularidade.
- O exame em casa deve ser feito sem roupa e sem pressa;
- Em frente ao espelho, de preferência de corpo inteiro e em um local bem iluminado, comece pelo rosto, incluindo os lábios, desça para a parte da frente do pescoço;
- Analise na sequência o tórax, os braços, cotovelos e antebraços;
- Confira os dorsos e as palmas das mãos;
- Não esqueça as unhas: veja se há linhas escuras ou espessamentos que não melhoram com os tratamentos convencionais;
- Levante os braços e inspecione as axilas;
- Prossiga, verificando a parte inferior do corpo: coxas, joelhos e pernas;
- Depois, passe para a parte de trás, com o auxílio de um segundo espelho, focalize a nuca, as costas, a parte posterior das coxas, joelhos e pernas;
- Investigue todo o couro cabeludo, as orelhas e a parte detrás delas;
- Examine, também, as regiões genitais e as nádegas e, por último,
- Sente-se e averigue os dorsos e as plantas dos pés, entre os dedos, assim como as unhas dos pés.
- Crianças e idosos precisam de ajuda de outras pessoas para o autoexame.
O que procurar?
Primeiro, familiarize-se com os sinais existentes para poder acompanhá-los de forma constante, buscando pintas de aparecimento recente e algumas alterações nas mais antigas.
O câncer da pele pode se assemelhar a pintas, eczemas ou outras manifestações benignas, por isso, durante o autoexame, é possível encontrar:
- Lesões com aparência elevada e brilhante, translúcida, avermelhada, castanha, rósea ou multicolorida, com crosta central e que sangra com facilidade;
- Pinta preta ou castanha que muda sua cor, textura, torna-se irregular nas bordas e cresce de tamanho;
- Manchas ou feridas que não cicatrizam, que continuam a crescer apresentando coceira, crostas, erosões ou sangramento.
A recomendação dos especialistas entrevistados é sempre considerar a regra do ABCDE ao encontrar alterações nos formatos, cores e tamanhos das manchas:
A - Assimetria: ao dividir uma pinta ao meio, ela deve ser simétrica, isto é, ter os lados iguais. Suspeite se houver assimetria.
B - Bordas: as bordas das pontas devem ser regulares. Caso sejam recortadas, como um mapa, é preciso investigar.
C - Cor: a coloração deve ser homogênea para não representar riscos. Quanto mais heterogênea a cor da pinta, com diferentes colorações, como vermelho, branco, preto, azul, mais perigosa ela é.
D - Diâmetro: os sinais não devem ter diâmetro maior que 0,5 cm.
E - Evolução: se houve crescimento recente ou mudança na coloração, a pinta precisa ser examinada com mais rigor.
Se desconfiar de qualquer aparência, procure um médico para o correto diagnóstico e tratamento.
"Muito melhor ter a informação de qual lesão não traz preocupação do que ficar em casa com uma potencialmente perigosa", afirmam Elimar Gomes e Marcelo Sato Sano, dermatologistas do programa Juntos Contra o Melanoma do GBM (Grupo Brasileiro de Melanoma), que treina, gratuitamente, profissionais, como cabeleireiros, podólogos, manicures e tatuadores, que podem detectar de maneira precoce sinais ou sintomas em seus clientes.
Em relação a lesões novas ou que estejam mudando, destacando-se das demais, os especialistas alertam para nunca tentar tratá-las em casa sem uma avaliação prévia, pois o uso de ácidos ou congelamento podem tratar a superfície delas, causando uma falsa aparência de melhora, retardando, assim, o diagnóstico
Segundo Paola Pomerantzeff, dermatologista e membro da SBD e da SBCD (Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica), o tempo é muito importante para o câncer de pele mais grave, o melanoma. "Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a chance de cura."
Prevalência do câncer de pele
- O tumor maligno mais incidente no Brasil é o de pele não melanoma
- Eles são responsáveis por 31,3% do total de casos no país
- Surgem, principalmente, em pacientes com mais de 60 anos em áreas cronicamente expostas pelo sol --rosto, orelhas e pescoço-- e podem aparecer como bolinhas vermelhas, casquinhas ou feridas que não cicatrizam
- Já o melanoma é o câncer derivado das células que dão pigmentação à pele, os melanócitos, e surgem como sinais escuros que crescem de forma acelerada ou de sinais antigos que se modificam
- Aparecem tanto em áreas expostas pelo sol como em áreas não expostas. Por serem menos visíveis, são diagnosticados mais tardiamente
- O melanoma é mais comum nas pernas e nas costas nas mulheres e nas costas, nos homens
As pessoas que fazem parte do grupo de alto risco para câncer de pele devem se consultar com mais regularidade e manter o autoexame em dia. São elas:
- Pele muito clara, cabelos claros e sardas;
- Pele clara e mais de 50 anos;
- Múltiplas pintas, mais de 50;
- Antecedente pessoal de câncer de pele;
- Antecedente familiar de câncer de pele;
- Uso de medicações que diminuem a imunidade;
- Doenças que diminuem a imunidade;
- Tratamento prévio com fototerapia;
- Uso de câmara de bronzeamento artificial e
- Histórico de queimaduras solares, em especial na infância.
"Na prevenção do câncer de pele é fundamental o uso de filtros solares de qualidade, evitar sol nos horários entre 10 e 16 horas, e, também, reforçar a proteção física, com chapéus com abas largas e roupas com mangas compridas", finaliza o dermatologista do Complexo Hospitalar da UFC.
A campanha do Dezembro Laranja, organizada pela SBD, promove a conscientização a respeito dos riscos do câncer de pele. Neste ano, a busca pela conscientização tem como foco alertar para a necessidade de cuidados de prevenção permanentes, seja nos momentos de lazer (na praia, nos parques, entre outros), mas também durante a rotina diária, inclusive no dia a dia de afazeres do trabalho.
Pintas no corpo? Veja quais são sinais de alerta para o câncer de pele - VivaBem
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