Diferente da maioria dos homens, Ubiratan Azevedo de Menezes, 50, sempre foi ao médico. Ou melhor, sempre se preocupou com a saúde dele. Talvez a formação acadêmica —em educação física— seja um dos motivos, mas fato é que, durante um check-up, o professor universitário descobriu um câncer de próstata.
"Tinha 47 anos e um dos médicos disse que não precisava fazer exame de toque. Achei estranho e fui a outro especialista", lembra. "Quando fizemos o toque retal, ele não identificou nada, mas o exame de PSA estava no limite", diz.
Essa dosagem sobre a qual Ubiratan se refere avalia a quantidade do PSA (antígeno prostático específico) e é um dos exames que auxilia no diagnóstico de câncer de próstata. Na maioria dos homens, o nível de PSA costuma ficar abaixo de 4 ng/numberamel.
Com isso, o médico sugeriu que ele fizesse novamente o exame depois de cerca de 6 meses —e não 1 ano, como era o indicado para ele. "Voltei após 10 meses e o nível já estava alto. Fomos fazer mais exames", explica. O especialista pediu uma ressonância e, depois, a biópsia, que confirmou a doença.
Segundo Ubiratan, o câncer ainda estava em fase inicial e, a partir disso, os dois decidiram qual caminho seria tomado. O professor, que vive em Salvador, resolveu estudar tudo sobre o assunto. Leu artigos, consultou outros especialistas e, enfim, optou pela retirada total da próstata (prostatectomia radical).
De acordo com os médicos, quando o tumor está em fase inicial, a cirurgia pode ser postergada. É possível ir acompanhando a evolução da doença —uma estratégia chamada de vigilância ativa. Isso envolve a realização mais frequente do PSA, exame de toque retal e biópsia.
"Quando o volume do tumor é pequeno, ele não causa repercussão na próstata. Agora, se depois de 8 anos, por exemplo, começar a aumentar, aí tratamos como um tumor de risco intermediário", explica o urologista Carlos Evaristo Metello, professor e mestre da Unic (Universidade de Cuiabá), em Mato Grosso.
Recuperação da cirurgia
De acordo com Metello, isso é importante, pois com a retirada total da próstata, há o corte do canal que liga os testículos à uretra, impedindo a passagem dos espermatozoides.
Por isso, é possível esperar alguns anos, principalmente se a pessoa ainda quiser ter filhos —Ubiratan já tem 3 filhos. "Mas tem paciente que prefere ser tratado e, por isso, fazemos a cirurgia", diz.
Também é possível tratar a doença de outras formas, sobretudo quando o tumor é localizado —neste caso, com a radioterapia. Agora, em quadros avançados ou já com metástase (quando se espalha), pode ser necessário mais estratégias, como a quimioterapia e a hormonioterapia.
No caso de Ubiratan, ele optou pela cirurgia de retirada total da próstata, com uma tecnologia mais avançada, menos invasiva, diminuindo os riscos de efeitos colaterais (incontinência urinária e disfunção erétil): a cirurgia robótica. Não são todos os locais que realizam o procedimento, principalmente se for pela rede pública.
"Sabia que poderia não evoluir ou levar mais de uma década para isso, mas, aos 60 anos, talvez minha saúde já estaria mais frágil. Além disso, o pós-cirúrgico poderia afetar minha qualidade de vida", conta.
Depois do procedimento, foi tudo muito tranquilo e sem grandes contratempos. "Ainda no hospital, fiz bastante fisioterapia, mais simples, com caminhada e pequenos movimentos de alongamento", lembra Ubiratan.
Sem incontinência urinária e disfunção erétil
Fora do hospital, ele procurou a atividade focada na recuperação da região que fica ao redor da próstata —pênis, testículos e ânus. "Essa musculatura precisa ser fortalecida para evitar a incontinência urinária", explica.
Sobre isso, o professor disse que, com menos de 2 meses, já não tinha mais escape de urina. Agora, 1 ano e 3 meses após a cirurgia, o controle é "absoluto".
Em relação à disfunção erétil, um dos principais temores dos homens, o urologista explica que, no começo, é normal ficar impotente, mas com o tempo —de 6 a 18 meses— há uma estabilização. "Se depois disso não volta ao normal, é mais difícil de recuperar", explica Metello.
Para Ubiratan, esse tempo foi de 10 meses. Ele já saiu do hospital com indicação de medicações para disfunção erétil —como forma de tratamento para recuperação da cirurgia. "Estou zero bala", brinca.
A grande questão é o emocional. Se você tem uma boa parceria, e não precisa provar nada a ninguém, isso diminui a pressão, aliviando a ansiedade. Ubiratan Azevedo de Menezes
De "ruim" no pós-cirúrgico, Ubiratan só se lembra dos 7 dias com uma sonda na uretra. "É incômodo, mas foi por pouco tempo. Comprei fraldas geriátricas, pois é protocolo do hospital, mas não precisei usar."
Hoje, ele mantém a rotina saudável, com atividade física, e a cada 3 meses faz exame de sangue para avaliar os níveis de PSA. "Não tive mais alterações. Meus indicadores estão ótimos."
Câncer de próstata é silencioso
De acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não melanoma). A próstata é uma glândula que se localiza na parte baixa do abdome.
O problema da doença é que ela não costuma dar sinais nas fases iniciais, apenas quando está em estágio avançado.
"Os sinais são dos mais variados possíveis. Se o tumor estiver em metástase, às vezes a pessoa começa a ter uma dor óssea porque já pode ter se espalhado", explica o professor da Unic. Veja outros sintomas:
- Dificuldade para urinar (por exemplo: demora para começar e terminar);
- Necessidade de urinar mais vezes durante o dia e/ou à noite;
- Diminuição do jato de urina;
- Dor ou ardor ao urinar;
- Presença de sangue na urina ou no sêmen;
- Dor ao ejacular.
Dá para prevenir
Na prevenção do câncer de próstata, vale os hábitos de uma vida saudável, que envolve uma dieta equilibrada, pobre em gorduras de origem animal e rica em frutas, verduras, grãos e cereais integrais.
Fazer atividade física regular, manter o peso ideal, diminuir ou evitar o álcool e não fumar são outras recomendações importantes para minimizar o risco da doença.
Ir ao urologista regularmente é uma forma de evitar que a doença seja detectada tardiamente. A recomendação é que se façam exames de PSA e toque retal a partir dos 50 anos. Quem tiver histórico de parentes próximos com a doença deve fazer antes desta idade.
Instale o app de VivaBem em seu celular
Com o nosso aplicativo, você recebe notificações das principais reportagens publicadas em VivaBem e acessa dicas de alimentação, saúde e bem-estar. O app está disponível para Android e iOS. Instale-o agora em seu celular e tenha na palma da mão muitas informações para viver mais e melhor!
Com câncer, ele tirou próstata, e não teve efeitos colaterais: 'Zero bala' - VivaBem
Read More
No comments:
Post a Comment