Em um dos primeiros estudos a examinar a relação entre diferentes tipos de ingestão de grãos e doenças cardiovasculares no Oriente Médio, pesquisadores descobriram que uma maior ingestão de grãos refinados está associada a um risco maior de desenvolvimento de uma doença arterial coronariana prematura – ao contrário dos grãos integrais, que foram associados a um risco reduzido. O estudo será apresentado no American College of Cardiology (ACC) Middle East 2022 juntamente com o 13º Emirates Cardiac Society Congress, que acontecerá em Dubai, nos Emirados Árabes, de 7 a 9 de outubro de 2022.
A doença arterial coronariana prematura (PCAD) refere-se ao estreitamento das artérias coronárias em homens com menos de 55 anos ou em mulheres com menos de 65 anos. Muitas vezes é assintomática no início da doença, mas pode levar a dor torácica e ataque cardíaco com desenvolvimento progressivo de estreitamento ou ruptura da placa da parede arterial. Os fatores de risco para PCAD incluem tabagismo, colesterol alto, pressão alta e diabetes.
“Existem muitos fatores pelos quais as pessoas podem estar consumindo grãos mais refinados e não grãos integrais. Os mais importantes incluem renda, emprego, educação, cultura, idade e outros fatores semelhantes”, disse Mohammad Amin Khajavi Gaskarei, principal autor do estudo e pesquisador do Centro de Pesquisa Cardiovascular de Isfahan e Instituto de Pesquisa Cardiovascular da Universidade de Ciências Médicas de Isfahan, no Irã. “Uma dieta que inclui o consumo de uma grande quantidade de grãos refinados pode ser considerada semelhante a uma dieta contendo muitos açúcares e óleos insalubres”, pontuou.
Os grãos integrais são definidos como grãos inteiros, enquanto os refinados foram moídos – em farinha ou farelo – para melhorar a vida útil, perdendo nutrientes importantes. A Diretriz de 2019 da ACC/American Heart Association sobre a prevenção primária de doenças cardiovasculares recomenda uma dieta que enfatize a ingestão de vegetais, frutas, legumes, grãos integrais e peixes para diminuir os fatores de risco de doenças cardíacas.
O estudo iraniano recrutou 2.099 indivíduos com PCAD de hospitais com laboratórios de cateterismo, em diferentes cidades e etnias em todo o país, que foram submetidos à angiografia coronária (mulheres com idade igual ou superior a 70 anos e homens com 60 anos ou mais). No total, 1.168 pacientes com coronárias normais foram incluídos no grupo de controle, enquanto 1.369 pacientes com obstrução igual ou superior a 75% em pelo menos uma artéria coronária ou 50% no tronco da coronária esquerda compuseram o outro grupo.
Os participantes receberam um questionário de frequência alimentar para avaliar os comportamentos alimentares, a associação entre a ingestão de grãos integrais e refinados e o risco de PCAD em indivíduos sem diagnóstico prévio de doença cardíaca. Os resultados mostraram que uma maior ingestão de grãos refinados é associada a um risco aumentado de PCAD, enquanto a ingestão de grãos integrais é inversamente relacionada à redução do risco de PCAD.
“À medida que mais estudos demonstram um aumento no consumo de grãos refinados globalmente, bem como o impacto na saúde geral, é importante que encontremos maneiras de incentivar e educar as pessoas sobre os benefícios do consumo de grãos integrais”, disse Gaskarei. “Táticas a serem consideradas incluem o ensino de melhores escolhas alimentares nas escolas e outros locais públicos, em linguagem simples que a população em geral possa entender, bem como em programas de televisão. Também é necessária a continuação da realização de pesquisas de alto nível apresentadas em conferências médicas e publicadas em revistas científicas. Os médicos devem ter essas conversas entre si e com seus pacientes”, finalizou o pesquisador.
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