O governo do Estado de São Paulo anunciou nesta quinta-feira (12) uma nova secretaria estadual. Ela será chamada de Secretaria Estadual de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde.
O infectologista David Uip, antigo secretário de Saúde do estado, foi nomeado para a pasta. Segundo ele, a secretaria recém-criada terá o papel de planejar medidas de saúde e pesquisas para o enfrentamento de doenças infecciosas.
O novo secretário também explicou que a pasta terá colaboração de instituições de pesquisa já existentes em São Paulo, como o Instituto Butantan e o Instituto Adolf Lutz e também vai incorporar o Comitê Científico instituído para medidas anti-Covid (antes chamado de Centro de Contingência) de modo a desenvolver políticas de vigilância em saúde.
"Não adianta, ao ter uma epidemia, sair correndo cada um para o seu lado para fazer um planejamento. Foi isso que aconteceu no mundo. Não vai acontecer mais. Nós vamos planejar", afirmou Uip.
Professor livre-docente da Faculdade de Medicina da USP, o infectologista foi secretário de Saúde de São Paulo de 2013 a 2018. Na outra ocasião, assumiu após convite do então governador Geraldo Alckmin.
Ele também já atuou na liderança de instituições de saúde, como diretor do Incor (Instituto do Coração), do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e da Casa Aids. Atualmente, Uip era reitor do Centro Universitário de Medicina do ABC —cargo do qual ele se ausenta temporariamente em razão da nova função no governo paulista.
Uip explicou que houve o desenvolvimento de um projeto a pedido do governador Rodrigo Garcia. "O governador gostou do plano e isso virou uma secretaria, porque eu acho que tem que ser uma secretaria com poder de gestão", afirmou.
A ideia, no entanto, segundo ele, vinha sendo maturada desde o governo Doria (PSDB). "O embrião [da secretaria] foi o Centro de Contingência [do coronavírus]. Ali ficaram claras todas as necessidade e nós fomos elaborando e conversando com o governo", completou o novo secretário.
Uip, porém, justifica que o período de pico da Covid no estado impossibilitava que a secretaria saísse do papel. Com o arrefecimento da pandemia, foi possível organizar melhor a iniciativa, diz.
Nova pasta é diferente da Secretaria de Saúde
Formalmente criada agora, a proposta da nova pasta tem suas diferenças em relação à Secretaria da Saúde, explicou o governo estadual.
Segundo Jean Gorinchteyn, o atual secretário de Saúde, a pasta comandada por ele é voltada para tratar de problemas do dia a dia, como aumento do número de leitos e de realização de exames. Por outro lado, a nova pasta comandada por Uip, conta, terá um foco em pensar a ciência e a saúde para o futuro.
"Para que nós tenhamos uma visão estratégica de controle de doenças, de estratégia de novas epidemias, de pesquisa. Isso precisa ter um órgão muito mais amplo e essa era a discussão que vínhamos tendo", afirmou Gorinchteyn.
Covid e gripe em SP
Segundo dados da Secretaria de Saúde, a ocupação de leitos de UTI para Covid no estado está em torno de 20% nesta quinta-feira, enquanto que em enfermaria a taxa é de 18%.
Em relação a novos casos de coronavírus, o estado registrou até a tarde desta quinta 4.520. Em comparação, quando houve o maior registro de diagnósticos da doença em um só dia, em 3 de fevereiro de 2022, São Paulo teve naquela data 37.611 novos casos.
Quanto a mortes por Covid, o estado contabilizava novos 67 óbitos até a tarde desta quinta. Em contraste, foram registradas 1.389 mortes em 6 de abril de 2021, data com o recorde de vidas perdidas no estado.
O estado de São Paulo tem atualmente em torno de 86% da população com o primeiro ciclo completo de vacinação contra a Covid-19. Cerca de 58% tomaram doses de reforço.
Considerando que a variante ômicron tem escape vacinal, especialistas já indicaram que o esquema completo para a cepa deve ser de três doses a fim de evitar quadros graves da doença.
Outra dificuldade de vacinação no estado é na campanha contra a influenza. Segundo a Secretaria de Saúde, a imunização do público-alvo —profissionais de saúde, idosos, crianças de seis meses a menores de cinco anos, gestantes e puérperas— alcançou somente 40%, enquanto a meta era 90%.
Atualmente, o governo estadual até já disponibilizou a vacina para professores da rede pública e privada, indígenas, pessoas com deficiências ou com comorbidades. Mesmo assim, o grupo prioritário inicialmente convocado continua podendo se imunizar nas unidades de saúde.
Rodrigo Garcia cria secretaria para combater doenças infecciosas em SP - UOL
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