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Friday, December 3, 2021

Esquizofrenia: saiba o que é, quais os sintomas e como tratar o transtorno - UOL

A esquizofrenia atinge, em média, 2,5 milhões de brasileiros e quase 1% da população mundial. É uma doença grave e progressiva, geralmente diagnosticada quando os sintomas aparecem. No entanto, especialistas afirmam que o primeiro episódio psicótico, muitas vezes, é ignorado ou pouco valorizado, e quando a pessoa é finalmente diagnosticada, podem ter se passado anos sem se saber exatamente o que vinha acontecendo.

Esse tipo de transtorno mental começa de maneira leve, mas sem tratamento correto pode se agravar com o tempo. A cada recaída, o paciente pode apresentar quadros ainda mais severos.

O que é esquizofrenia?

A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico definido pela presença de um ou mais dos cinco domínios abaixo:

  • Delírios;
  • Alucinações;
  • Pensamento desorganizado/discurso desorganizado;
  • Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia --incapacidade de se mover normalmente);
  • Sintomas negativos (dificuldade em expressar emoções, perda de interesse e motivação).

A doença afeta a capacidade de pensar, sentir e se comportar com clareza e é caracterizada por pensamentos ou experiências que, muitas vezes, parecem não ter contato com a realidade. A pessoa com esquizofrenia costuma apresentar fala ou comportamento desorganizado e uma participação reduzida nas atividades cotidianas.

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Os sintomas mais comuns são alucinações (incluindo ouvir vozes), delírios e desorganização do pensamento

Imagem: iStock

Quais os principais sintomas?

A esquizofrenia está dentro dos transtornos psicóticos e, por isso, os sintomas se apresentam, geralmente, em forma de surtos, como delírios e alucinações auditivas e visuais (ouvem e veem coisas que ninguém mais vê ou ouve).

Ansiedade e medos também são sintomas bem comuns. A pessoa com esquizofrenia tem dificuldades consideráveis de socialização e empatia (se colocar no lugar do outro), apresentando, muitas vezes, rigidez emocional.

Além de surtos, a pessoa que tem esquizofrenia pode apresentar sintomas semelhantes aos da depressão:

  • Falta de energia;
  • Dificuldade de concentração e memória;
  • Isolamento social (preferência por ficar sozinha, sem vontade de se encontrar com outras pessoas).

Hostilidade e agressão também podem estar associadas à esquizofrenia, mas é importante destacar que agressão espontânea ou aleatória não é algo comum em indivíduos que sofrem com a doença.

Casos envolvendo agressão são mais frequentes em pessoas mais jovens e do sexo masculino e em pessoas com histórico de violência, impulsividade, não adesão ao tratamento e abuso de substâncias ilícitas (como álcool e drogas).

Incidência de indivíduos com esquizofrenia

De acordo com especialistas, a prevalência da esquizofrenia é de cerca de 0,3% a 0,7%, com variação por etnia entre países e origem geográfica, para imigrantes e filhos de imigrantes.

A proporção entre os gêneros também é diferente: sintomas negativos e duração maior do transtorno são mais comuns entre os homens. Já sintomas de humor e apresentações breves (associadas a melhor prognóstico), afetam tanto homens quanto mulheres.

Estas pessoas podem exibir afeto em momento inadequado, humor disfórico (que pode assumir a forma de depressão, ansiedade ou raiva); alteração do sono (sono durante o dia e atividade durante a noite); além de despersonalização, desrealização e preocupações somáticas.

Principais causas

Como a maioria dos transtornos psiquiátricos, a esquizofrenia é um transtorno biopsicossocial. Sua causa exata não é conhecida, mas é possível elencar uma combinação e fatores que podem explicar o transtorno:

  • Genético;
  • Psicológico (como a pessoa responde aos diferentes estímulos do ambiente e como encara a vida);
  • Social (como a sociedade se relaciona com a pessoa e vice-versa);
  • Cultural/Ambiente;
  • Desenvolvimento;
  • Estrutura e química cerebrais alteradas.
esquizofrenia; depressão; transtorno mental; sofrimento - iStock - iStock

A causa exata da esquizofrenia não é conhecida, mas uma combinação de fatores, como genética, ambiente, estrutura e química cerebrais alteradas, pode influenciar

Imagem: iStock

Fatores de risco

A esquizofrenia é um transtorno complexo, que tem uma interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais e de desenvolvimento para o seu aparecimento.

O maior risco de esquizofrenia pode estar associado a complicações na gestação, nascimento com hipóxia (ausência de oxigênio suficiente nos tecidos) e idade avançada dos pais. Outras diversidades no pré-natal e no perinatal, incluindo estresse, infecções, desnutrição e diabetes materno podem ter ligação com a esquizofrenia. É importante destacar, no entanto, que a maioria dos bebês não desenvolve a doença.

Graus de esquizofrenia

Todo transtorno psicológico pode ser de grau leve, moderado ou grave. Sem tratamento adequado, a situação pode se agravar ao longo dos anos.

Por se tratar de uma doença que se manifesta por meio de surtos psicóticos, a pessoa com esquizofrenia pode precisar de um tratamento intensivo e, em seguida, passar para um tratamento mais moderado.

Como é o diagnóstico

Não existem exames que atestem a esquizofrenia. Geralmente, o diagnóstico é feito por exclusão de outros transtornos e doenças. As primeiras indicações de que o paciente possa ter esquizofrenia podem ser constatadas no início da idade adulta, por volta dos 20 anos.

Entre os principais critérios para se diagnosticar o transtorno está a entrevista psiquiátrica, na qual diversos fatores são levados em consideração para se chegar à conclusão de que uma pessoa realmente tem esquizofrenia. É necessário fazer uma consulta com o paciente, seus familiares e pessoas de seu convívio para entender quais fatores biopsicossociais possam estar envolvidos no quadro.

Tratamento

Apesar de não ter cura, a esquizofrenia pode ser controlada. Por se tratar de um transtorno bastante complexo, com diversas causas e fatores que podem agravar os sintomas, o tratamento exige intervenções de médicos psiquiatras, terapeutas ocupacionais, psicólogos, educadores físicos e até nutricionistas.

O tratamento mais comum é feito por meio de antipsicóticos receitados por um especialista. A terapia é indicada nas formas individual, familiar e psicoeducacional.

Cada paciente com esquizofrenia, no entanto, pode apresentar a doença em diferentes formas e necessitar de um tratamento exclusivo e individualizado.

Fontes: Sonia Palma, psiquiatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Jair Borges Barbosa Neto, psiquiatra e professor do Departamento de Medicina (DMed) da UFSCar (Universidade de São Carlos); Lia Sanders, psiquiatra e professora do Departamento de Medicina Clínica da UFC (Universidade Federal do Ceará).

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