A esquizofrenia atinge, em média, 2,5 milhões de brasileiros e quase 1% da população mundial. É uma doença grave e progressiva, geralmente diagnosticada quando os sintomas aparecem. No entanto, especialistas afirmam que o primeiro episódio psicótico, muitas vezes, é ignorado ou pouco valorizado, e quando a pessoa é finalmente diagnosticada, podem ter se passado anos sem se saber exatamente o que vinha acontecendo.
Esse tipo de transtorno mental começa de maneira leve, mas sem tratamento correto pode se agravar com o tempo. A cada recaída, o paciente pode apresentar quadros ainda mais severos.
O que é esquizofrenia?
A esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico definido pela presença de um ou mais dos cinco domínios abaixo:
- Delírios;
- Alucinações;
- Pensamento desorganizado/discurso desorganizado;
- Comportamento motor grosseiramente desorganizado ou anormal (incluindo catatonia --incapacidade de se mover normalmente);
- Sintomas negativos (dificuldade em expressar emoções, perda de interesse e motivação).
A doença afeta a capacidade de pensar, sentir e se comportar com clareza e é caracterizada por pensamentos ou experiências que, muitas vezes, parecem não ter contato com a realidade. A pessoa com esquizofrenia costuma apresentar fala ou comportamento desorganizado e uma participação reduzida nas atividades cotidianas.
Quais os principais sintomas?
A esquizofrenia está dentro dos transtornos psicóticos e, por isso, os sintomas se apresentam, geralmente, em forma de surtos, como delírios e alucinações auditivas e visuais (ouvem e veem coisas que ninguém mais vê ou ouve).
Ansiedade e medos também são sintomas bem comuns. A pessoa com esquizofrenia tem dificuldades consideráveis de socialização e empatia (se colocar no lugar do outro), apresentando, muitas vezes, rigidez emocional.
Além de surtos, a pessoa que tem esquizofrenia pode apresentar sintomas semelhantes aos da depressão:
- Falta de energia;
- Dificuldade de concentração e memória;
- Isolamento social (preferência por ficar sozinha, sem vontade de se encontrar com outras pessoas).
Hostilidade e agressão também podem estar associadas à esquizofrenia, mas é importante destacar que agressão espontânea ou aleatória não é algo comum em indivíduos que sofrem com a doença.
Casos envolvendo agressão são mais frequentes em pessoas mais jovens e do sexo masculino e em pessoas com histórico de violência, impulsividade, não adesão ao tratamento e abuso de substâncias ilícitas (como álcool e drogas).
Incidência de indivíduos com esquizofrenia
De acordo com especialistas, a prevalência da esquizofrenia é de cerca de 0,3% a 0,7%, com variação por etnia entre países e origem geográfica, para imigrantes e filhos de imigrantes.
A proporção entre os gêneros também é diferente: sintomas negativos e duração maior do transtorno são mais comuns entre os homens. Já sintomas de humor e apresentações breves (associadas a melhor prognóstico), afetam tanto homens quanto mulheres.
Estas pessoas podem exibir afeto em momento inadequado, humor disfórico (que pode assumir a forma de depressão, ansiedade ou raiva); alteração do sono (sono durante o dia e atividade durante a noite); além de despersonalização, desrealização e preocupações somáticas.
Principais causas
Como a maioria dos transtornos psiquiátricos, a esquizofrenia é um transtorno biopsicossocial. Sua causa exata não é conhecida, mas é possível elencar uma combinação e fatores que podem explicar o transtorno:
- Genético;
- Psicológico (como a pessoa responde aos diferentes estímulos do ambiente e como encara a vida);
- Social (como a sociedade se relaciona com a pessoa e vice-versa);
- Cultural/Ambiente;
- Desenvolvimento;
- Estrutura e química cerebrais alteradas.
Fatores de risco
A esquizofrenia é um transtorno complexo, que tem uma interação de fatores biológicos, psicológicos e sociais e de desenvolvimento para o seu aparecimento.
O maior risco de esquizofrenia pode estar associado a complicações na gestação, nascimento com hipóxia (ausência de oxigênio suficiente nos tecidos) e idade avançada dos pais. Outras diversidades no pré-natal e no perinatal, incluindo estresse, infecções, desnutrição e diabetes materno podem ter ligação com a esquizofrenia. É importante destacar, no entanto, que a maioria dos bebês não desenvolve a doença.
Graus de esquizofrenia
Todo transtorno psicológico pode ser de grau leve, moderado ou grave. Sem tratamento adequado, a situação pode se agravar ao longo dos anos.
Por se tratar de uma doença que se manifesta por meio de surtos psicóticos, a pessoa com esquizofrenia pode precisar de um tratamento intensivo e, em seguida, passar para um tratamento mais moderado.
Como é o diagnóstico
Não existem exames que atestem a esquizofrenia. Geralmente, o diagnóstico é feito por exclusão de outros transtornos e doenças. As primeiras indicações de que o paciente possa ter esquizofrenia podem ser constatadas no início da idade adulta, por volta dos 20 anos.
Entre os principais critérios para se diagnosticar o transtorno está a entrevista psiquiátrica, na qual diversos fatores são levados em consideração para se chegar à conclusão de que uma pessoa realmente tem esquizofrenia. É necessário fazer uma consulta com o paciente, seus familiares e pessoas de seu convívio para entender quais fatores biopsicossociais possam estar envolvidos no quadro.
Tratamento
Apesar de não ter cura, a esquizofrenia pode ser controlada. Por se tratar de um transtorno bastante complexo, com diversas causas e fatores que podem agravar os sintomas, o tratamento exige intervenções de médicos psiquiatras, terapeutas ocupacionais, psicólogos, educadores físicos e até nutricionistas.
O tratamento mais comum é feito por meio de antipsicóticos receitados por um especialista. A terapia é indicada nas formas individual, familiar e psicoeducacional.
Cada paciente com esquizofrenia, no entanto, pode apresentar a doença em diferentes formas e necessitar de um tratamento exclusivo e individualizado.
Fontes: Sonia Palma, psiquiatra da BP - A Beneficência Portuguesa de São Paulo; Jair Borges Barbosa Neto, psiquiatra e professor do Departamento de Medicina (DMed) da UFSCar (Universidade de São Carlos); Lia Sanders, psiquiatra e professora do Departamento de Medicina Clínica da UFC (Universidade Federal do Ceará).
Esquizofrenia: saiba o que é, quais os sintomas e como tratar o transtorno - UOL
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