A Prefeitura de Ribeirão Preto informou, nesta terça-feira, 30 de novembro, que um paciente com covid-19 que internado em um hospital da cidade está realizando um teste para detectar a presença da nova variante ômicron.
A Secretaria Municipal da Saúde informou, por meio de nota enviada ao acidade on, que o material do paciente já foi colhido para análise e que aguarda o resultado para dar mais detalhes do caso.
A nova variante foi identificada pela primeira vez no continente africano, mas já há casos confirmados em vários países da Europa. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ômicron representa risco elevado, mas ainda há dúvidas sobre o potencial de danos que a variante pode causar.
O que há de diferente?
Nos casos analisados, constatou-se que a variante é portadora de dezenas de mutações genéticas que podem afetar os índices de contágio e de letalidade. A OMS, entretanto, afirmou que ainda não há estudos suficientes para afirmar as propriedades da ômicron, mas que já existem esforços científicos acelerados para estudar as amostras. Um time de cientistas de universidades da África do Sul está decodificando o genoma da ômicron, juntamente com dezenas de outras variantes do novo coronavírus.
Tulio de Oliveira, diretor do Centro para Respostas e Inovações Epidêmicas da universidade de KwaZulu-Natal, afirmou em coletiva de imprensa que a variante ômicron possui "uma constelação incomum de mutações". A variante Delta, por exemplo, possuía duas mutações em relação à cepa original do novo coronavírus, enquanto a ômicron possui cerca de 50 - 30 delas localizadas na proteína Spike, responsável por infectar células saudáveis, explicou o brasileiro.
Em reunião de emergência realizada na sexta-feira (26), representantes da OMS classificaram a ômicron como variante de preocupação (VOC) - mesma categoria das variantes Delta e Gama.
Por que ômicron?
A OMS usa letras do alfabeto grego para denominar as variantes importantes do novo coronavírus. A última variante registrada havia sido a Mu, que deveria ser seguida das letras gregas Nu (equivalente ao N) e Xi. As letras, no entanto, poderiam causar confusão, já que Nu em inglês tem pronúncia quase idêntica à palavra new (novo). Enquanto a letra Xi corresponde a um nome comum na Ásia, principalmente na China. A OMS decidiu, então, pular as duas letras. (Com informações da Agência Brasil)
O câncer de testículo equivale a cerca de 5% dos casos de tumores entre homens. A doença atinge principalmente indivíduos em idade reprodutiva, especialmente entre 20 e 40 anos de idade, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).
A campanha Novembro Azul promove a conscientização para os cuidados integrais da saúde do homem. A atenção aos sinais de alteração do testículo, como a presença de nódulos (caroços) ou o crescimento anormal da glândula, pode levar ao diagnóstico precoce do tumor.
Fatores de risco
Os fatores de risco associados ao câncer de testículo incluem o histórico familiar da doença, principalmente parentes de primeiro grau, como pai ou irmãos. Pacientes que tiveram tumor anteriormente no outro testículo têm mais chances de desenvolver a doença.
Homens acometidos por uma condição chamada criptorquidia, que é quando um ou os dois testículos não descem para a bolsa escrotal, também apresentam risco aumentado para a doença.
Doença tem rápida evolução
O câncer de testículo tem um perfil agressivo, com uma rápida capacidade de evolução devido ao alto índice de duplicação das células tumorais. O diagnóstico precoce reduz as chances de metástase, que consiste no espalhamento da doença para outras partes do organismo.
O sinal mais comum da doença é o surgimento de um nódulo (caroço) duro, geralmente indolor. Outras alterações nos testículos podem indicar a presença do tumor, como aumento ou diminuição no tamanho do glândula ou endurecimento da glândula.
Os pacientes também podem apresentar dor sem motivo aparente na parte baixa do abdômen, sangue na urina e aumento ou sensibilidade dos mamilos.
Atenção ao próprio corpo
O professor de português Pedro Henrique Rocha, de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, percebeu sinais de nódulos no testículo esquerdo aos 19 anos. Os sintomas foram acompanhados do aumento e endurecimento da glândula e do crescimento anormal das mamas.
Diante do quadro, Pedro decidiu pesquisar os sintomas na internet. Quando chegou para a consulta em meados de 2014, ele já imaginava qual seria o diagnóstico: câncer do testículo.
“Nunca foi algo comum ter aquela rotina de ir ao médico, sempre ia quando sentia algo ou percebia alguma coisa diferente comigo. Sempre fui uma pessoa muito saudável e nunca tive problemas sérios de saúde, ia ao médico às vezes para fazer algum exame para ver se estava tudo bem”, conta.
Pedro conta que o diagnóstico, apesar de preocupante, não foi tão impactante por ter lido bastante sobre o assunto. “A única situação que me desestabilizou foi quando eu descobri que tinha lesão do abdômen, eu fiquei muito abalado nesse momento porque estava esperando um tipo de tratamento e acabou sendo outra coisa”, afirma.
Os tumores eram do tipo carcinoma embrionário, um dos mais comuns do câncer de testículo, que tendem a crescer e se espalhar rapidamente. Em setembro de 2014, Pedro foi submetido à cirurgia para a retirada do testículo no Hospital Federal de Ipanema, no Rio de Janeiro.
“Comecei o tratamento no dia 10 de novembro de 2014. Foram três ciclos de quimioterapia, tendo cada um deles a duração de cinco dias, de segunda a sexta. Entre um ciclo e outro, havia uma folga de quinze dias, em que eu fazia apenas uma sessão por semana”, disse.
Após o término do tratamento, que durou dois meses, Pedro deu início à rotina de acompanhamento periódico com o médico oncologista. As consultas regulares aconteciam a cada três meses, e o espaçamento foi sendo ampliado progressivamente ao longo dos anos.
Em setembro de 2021, o professor recebeu alta pelos médicos do Hospital Federal de Ipanema, sendo declarado curado do câncer pela equipe.
“O brasileiro em geral tem uma cultura de só procurar médico quando a situação é séria, principalmente se pensarmos em homens, que têm muita vergonha e muito tabu de ir ao médico, ainda mais quando se trata de regiões mais íntimas como o pênis e a próstata. É muito importante estar atento às mudanças no corpo para buscar rapidamente o atendimento caso algo esteja errado”, alerta.
Diagnóstico do câncer de testículo
Para detectar o câncer precocemente, os homens devem fazer um autoexame dos testículos periodicamente. “O ato de palpar o testículo a partir dos 20 anos de idade e, a qualquer sinal de algum caroço, procurar um médico é a nossa maior estratégia para a detecção precoce”, disse o médico Franz Campos, chefe da Seção de Urologia do Inca.
Alterações em marcadores como alfa-fetoproteína (AFP), beta HCG e lactato desidrogenase (LDH), identificados por exames de sangue, também podem indicar a presença do câncer de testículo.
O diagnóstico é realizado a partir da combinação entre a avaliação clínica, exames de sangue e de imagem como a ultrassonografia e a ressonância magnética da bolsa escrotal.
“Os exames de imagem permitem a observação do nódulo, normalmente bem vascularizado. O câncer tem essa característica de se alimentar de novos vasos, o que faz com que o crescimento seja bem exacerbado”, explica Campos.
A confirmação do diagnóstico pode ser feita durante a cirurgia, pelo médico patologista. No mesmo procedimento, é realizada a retirada do testículo afetado e inserida uma prótese de silicone com o objetivo de manter o mesmo aspecto estético da glândula.
A retirada do testículo não prejudica a função sexual do paciente. A capacidade reprodutiva também é mantida, desde que o outro testículo esteja saudável.
Como é feito o tratamento do câncer de testículo
O tratamento varia de acordo com o caso e pode ser realizado por quimioterapia, radioterapia ou acompanhamento clínico. A escolha depende de investigação, que avalia a presença ou a possibilidade de disseminação da doença para outros órgãos.
Após a retirada do testículo, os pacientes são submetidos a uma análise chamada tecnicamente de estadiamento, que investiga a presença da doença em outras partes do corpo.
Na situação de metástase, o câncer de testículo pode atingir a região do abdômen, os pulmões e o cérebro. Por isso, os médicos realizam exames de tomografia do abdômen e do tórax e, eventualmente, do crânio.
“Nessa tomografia, se forem identificados nódulos no abdômen ou nos pulmões, damos início à quimioterapia. A primeira fase do tratamento utiliza uma medicação chamada platino. A resposta à quimioterapia, se houver pouca doença no abdômen e no tórax é acima de 90%”, explica Campos.
Em casos mais graves, que não respondem completamente ao tratamento quimioterápico, os pacientes são submetidos a uma cirurgia para ressecamento dos tumores restantes.
Olá, internautas que acompanham a coluna “Saúde e Bem-estar”
A hipoglicemia reativa ou hipoglicemia pós-prandial é caracterizada pela diminuição dos níveis de glicose no sangue até 4 horas após uma refeição. Sintomas geralmente associadas de hipoglicemia, como dor de cabeça, tremores e tonturas, são comuns nesta condição.
A hipoglicemia reativa precisa ser diagnosticada corretamente, investigar a causa e tratar de forma adequada. Não podemos confundir a hipoglicemia reativa com a hipoglicemia comum, apesar dos sintomas serem os mesmos, como você confere a seguir:
Dor de cabeça,
Tremores, tontura,
Enjoo, cansaço,
Suor frio,
Palpitações,
Sonolência ou agitação.
Além desses sintomas, é preciso que a pessoa apresente quantidades baixas de glicose circulante no sangue após a refeição e que seja verificada melhora nos sintomas após consumo de alimentos açucarados.
E quais as principais causas da hipoglicemia reativa?
Intolerância hereditária à frutose,
Síndrome pós-cirurgia bariátrica,
Insulinoma, condição caracterizada pelo excesso de produção de insulina pelo pâncreas, existindo diminuição rápida e excessiva da quantidade de glicose circulante no organismo.
O tratamento é basicamente alimentar e de consumo adequado de nutrientes.
Citamos alimentos ricos em fibras, cereais integrais, verduras e frutas, alimentos ricos em proteínas como carne magra, peix, ovo e em carboidratos complexos. A recomendação de comer a cada 3 horas poderá ser orientada pelo médico.
Caso você esteja passando por esta situação procure o médico.
Vivemos em um mundo dinâmico e acelerado, onde devemos ter espírito de mudança e não ficar na zona de conforto. Sobre a qualidade de vida, a população aprendeu que a atividade física é essencial para o fortalecimento do nosso organismo, tanto na saúde física como mental. Na série sobre "perspectivas para o bem-estar em 2022", hoje teremos a reflexão do Personal Trainer Elton Nascimento:
Elton Nascimento é Personal Trainer e Consultor Fitness - Foto: Divulgação
"A pandemia nos alertou também da importância do cuidado com a saúde praticando exercício físico, alimentação saudável e uma boa noite de sono. Além da saúde física, o treino rotineiro e acompanhado contribui de forma positiva para a sua imunidade e saúde mental. Bem-estar é uma integração biopsicossocial, portanto, busque sempre vida saudável em todos os aspectos, no ano de 2022 e sempre", diz Elton Nascimento.
Pílulas
Vagas - A Prefeitura de Caruaru, por meio da Secretaria de Administração (SAD), realiza processo seletivo com o objetivo de preencher postos de trabalho temporários na Secretaria de Saúde. Ao todo, 14 vagas se encontram disponíveis para médicos com especializações nas áreas de proctologia, gastroenterologia, nefrologia, neurologia, neuropediatria, dentre outras. A inscrição acontecerá até esta terça-feira (30) e poderá ser realizada aqui Os selecionados atuarão nas unidades de saúde do município. Informações: (81) 3721-8507 (Ramal 212), horário de atendimento das 8h às 13h.
Minha filha de 16 anos foi diagnosticada com transtorno de personalidade borderline e está em tratamento. Como posso ajudá-la?
Para começar, ajude sua filha a manter o tratamento psiquiátrico e psicológico. Apoie-a sempre a continuar em contato com os profissionais da saúde e incentive-a a seguir a terapia de forma correta. Mantenha um contato próximo com o médico para receber orientações sobre como proceder em momentos de crise. Além disso, outro ponto bastante importante é deixar que sua filha tenha autonomia nas decisões que envolvem a vida dela.
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Claro que é preciso ficar atenta para não ser manipulada em eventuais situações de barganha, como, por exemplo, uma promessa de que tudo mudará caso você faça o que a paciente está pedindo. Esteja sempre alerta e evite que ela tenha acesso a materiais cortantes, o que pode pôr em risco a vida dela —transtornos de personalidade, muitas vezes, podem desencadear impulsos suicidas ou comportamento automutilante.
O transtorno de personalidade borderline é um quadro que se inicia entre o final da adolescência e o início da idade adulta e a pessoa apresenta algumas características. Entre elas estão:
Esforços desesperados para evitar um abandono real ou imaginado;
Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização do companheiro;
Instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo;
Impulsividade em, pelo menos, duas áreas potencialmente autodestrutivas, como gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar, entre outros;
Gestos, ameaças suicidas ou de comportamento automutilante;
Irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas. Em situações mais raras, estes sintomas permanecem por mais de um dia;
Sentimentos crônicos de vazio;
Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la.
É importante saber, também, que a forma como a pessoa com borderline encara a vida é uma característica dela. Por isso, não existe cura para os transtornos de personalidade, mas sim a redução de alguns sintomas ao longo do tempo. E a necessidade de seguir constantemente com o tratamento, que envolve o uso de medicamentos e psicoterapia.
Portanto, a família é um laço fundamental para o tratamento de qualquer transtorno mental. É importante que parentes e amigos apoiem a paciente, mas sem esquecer que ela também tem que desenvolver habilidades para poder lidar com as instabilidades afetivas e, assim, agir de forma que não gere mais desconforto e sofrimento a ela e a quem está ao seu redor.
Fontes: Fernanda Sassi, médica coordenadora do ambulatório integrado dos transtornos de personalidade e do impulso do IPq-HCFMUSP (Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e supervisora do programa PES (Pensamento, Emoção e Sentimento) no IPq-HCFMUSP, voltado para a alfabetização emocional de pacientes borderline; José Brasileiro Dourado Junior, médico psiquiatra forense e médico assistente do HC-UFPE (Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco), que faz parte da Rede Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares); Raquel Heep, médica psiquiatra, mestre em ensino das ciências da saúde e professora de saúde mental do curso de Medicina da UP (Universidade Positivo), em Curitiba.
A situação da pandemia de covid-19 na Europa, o surgimento de novas variantes (como a Ômicron), a quantidade de cidadãos vulneráveis e a baixa taxa de vacinação na América do Sul devem servir de alerta para o Brasil durante os próximos meses.
Essa é a avaliação feita pelo médico sanitarista Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass.
Mestre em saúde coletiva pela Universidade de Brasília e secretário de Saúde do Ceará entre 2003 e 2006, o especialista reforça a necessidade de prudência com o coronavírus, mesmo que a situação do país tenha melhorado durante os últimos meses.
"É natural que, após dois anos de completa inatividade de alguns setores, exista agora uma ansiedade pelo retorno à vida normal. Mas precisamos tomar cuidado, pois vários sinais amarelos foram ligados em algumas partes do mundo recentemente", analisa.
Frutuoso entende que é preciso ter cautela com alguns eventos que estão por vir, como as festas de final de ano e o Carnaval. O temor é que elas estimulem o trânsito de turistas e causem aglomerações, que são um dos principais focos de transmissão do coronavírus.
"A entrada de turistas e as viagens internas entre cidades e Estados aumentam a possibilidade de aglomerações. E isso pode vulnerabilizar mais uma vez a nossa situação", avalia.
Um passo para frente, dois para trás
Na avaliação de Frutuoso, o avanço da vacinação contra a covid-19 permitiu que o Brasil "ficasse numa situação mais tranquila", com quedas nas médias móveis de casos e mortes pela doença desde o começo do segundo semestre de 2021.
"Mas nós ainda temos cerca de 30% da população que não está com o esquema completo ou não recebeu nenhuma dose", calcula.
"Isso nos preocupa, pois falamos de milhões de pessoas mais vulneráveis", complementa.
Nessa conta, entram todas as faixas etárias, incluindo as crianças, cuja vacinação contra a covid-19 ainda não está liberada pelas autoridades brasileiras.
Se considerarmos apenas o público-alvo da campanha nacional, quase 90% dos indivíduos receberam a primeira dose e 75% estão com o esquema vacinal completo.
O médico sanitarista também chama a atenção para a baixa cobertura vacinal em outros países da América do Sul que fazem fronteira com o Brasil.
Enquanto Uruguai tem 76% da população completamente vacinada e Argentina está com 64% dos cidadãos mais protegidos, em outros países da região a campanha está bem mais atrasada. É o caso de Suriname (com 37% de indivíduos com as duas doses), Guiana (35%), Paraguai (35%) e Bolívia (33%). Os números são do site Our World In Data, que compila informações e estatísticas sobre a pandemia.
Na visão do secretário do Conass, isso representa uma segunda ameaça para o Brasil: o fluxo constante de pessoas pode fazer a situação piorar, a começar pelo aumento da taxa de transmissão do coronavírus em regiões e cidades fronteiriças.
O terceiro elemento que sinaliza um alerta para nosso país é a nova onda de covid-19 que acomete a Europa. Nas últimas semanas, esse continente foi classificado como novo epicentro da pandemia pela Organização Mundial da Saúde e alguns países tiveram que reintroduzir algumas restrições e até o lockdown.
Frutuoso lembra que, há alguns meses, a situação europeia havia ficado mais tranquila — o que, inclusive, motivou o abandono de algumas medidas, como o uso de máscaras e a prevenção de aglomerações.
"E, para completar, tivemos agora mais recentemente a descoberta da variante Ômicron na África do Sul, que traz uma constelação de mutações que ainda precisam ser estudadas, mas que podem afetar a imunidade prévia", observa o especialista.
O que fazer agora?
E é justamente para evitar que esses fatores afetem o Brasil e façam a pandemia piorar novamente por aqui que o Conass pede prudência e cautela aos gestores públicos.
Em cartas publicadas nos últimos dias, a entidade faz dois apelos principais. Primeiro, que o Governo Federal coloque em prática a exigência de comprovante de vacinação para a entrada de viajantes no Brasil, como orientado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por ora, os passageiros que desembarcam aqui precisam apresentar apenas um teste PCR negativo para covid e uma declaração sobre o estado de saúde.
Segundo, que os gestores de cidades e Estados evitem grandes festas e aglomerações pelos próximos meses, especialmente o Réveillon e o Carnaval.
"Não é possível adotar uma decisão única para os mais de 5 mil municípios brasileiros. Mas os responsáveis pelas políticas públicas precisam considerar a realidade epidemiológica local e alguns indicadores, como a taxa de transmissão do coronavírus, o índice de vacinação e a ocupação de leitos hospitalares", analisa Frutuoso.
"Também é importante que os gestores continuem com a vacinação e estimulem as medidas não farmacológicas para controle da pandemia, como o uso de máscara, a lavagem das mãos e a redução de aglomerações quando possível."
"Resumindo, precisamos colocar em prática dois termos muito importantes: bom senso e responsabilidade. Todas as decisões precisam estar baseadas nas evidências científicas e seguir critérios técnicos", completa o sanitarista.
Dois pesos, duas medidas?
Por fim, Frutuoso entende que a decisão de cancelar ou não o Carnaval, que tem gerado debates acalorados nas redes sociais, precisa estar alinhada com as demais medidas de restrição — de nada adianta uma cidade não realizar as festividades em fevereiro enquanto permite que shows, cultos e jogos de futebol com público aconteçam a todo vapor no final de 2021 e no início de 2022, por exemplo.
De acordo com notícias divulgadas nos últimos dias, mais de 70 cidades do interior e do litoral de São Paulo decidiram não realizar o Carnaval no próximo ano.
"Se um município libera tudo e quer proibir apenas o Carnaval, isso é temerário e fragiliza a decisão", contrapõe o secretário.
"Não se pode abrir mão das máscaras e permitir aglomerações agora se você está preocupado com o que vai acontecer em fevereiro", avalia.
O especialista reforça que todas as políticas públicas para conter a pandemia devem ser feitas com prudência, lucidez e critérios técnicos.
"Todos nós sabemos o quanto esses dois últimos anos foram dolorosos e desgastantes. Mas o que podemos fazer, agora que chegamos até aqui?", questiona.
"São justamente esses cuidados que ajudam a evitar que o sinal amarelo de outras partes do mundo também se acenda aqui no Brasil", conclui.
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Em alguns casos, entretanto, há sinais de que os níveis de LDL estão altos e o problema está instalado. O cardiologista José Francisco Kerr Saraiva, da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), explica que os xantelasmas e xantomas – pequenas bolinhas de gordura que aparecem na pele são um deles.
“Eles aparecem nos joelhos, coxas, glúteos e, principalmente, nas pálpebras”, afirma. “Devem ser encarados com preocupação pois, nesses casos, o nível de colesterol ruim no sangue já é alto”, explica.
Outros sinais seriam dores nos dedos dos pés e das mãos, provocados por depósitos de gordura nos vasos sanguíneos que ficam nas extremidades do corpo. A barriga inchada, quando não há uma outra razão associada, também pode ser um sinal de que os níveis de colesterol ruim estão altos no corpo.
Mais sobre o assunto
O excesso de LDL no organismo forma placas de gordura nas artérias, que dificultam o fluxo sanguíneo ou, até mesmo, obstruem a passagem do sangue. Quando há interrupções, a consequência pode ser um infarto ou um AVC.
O colesterol alto pode ter várias causas. “Pode haver fatores genéticos relacionados; patologias, como síndromes nefrótica e metabólica, hipotireoidismo e diabetes; ou ser decorrente de maus hábitos de alimentação”, afirma o cardiologista Lázaro Fernandes, da Fundação Hospitalar do Distrito Federal.
O uso de corticoides e anabolizantes também pode provocar o colesterol ruim. Para o diagnóstico de colesterol, é fundamental fazer exames de sangue periodicamente.
Além dessas circunstâncias, outros fatores de risco para desenvolver o problema são:
• Obesidade;
• Idade;
• Sedentarismo;
• Excesso do consumo de bebidas alcoólicas;
• Menopausa e
• Tabagismo.
HDL (High-density lipoprotein): conhecido como colesterol bom, responsável por tirar o colesterol do sangue e levá-lo até o fígado para excreção.
LDL (Low-density lipoprotein): o LDL é o famoso colesterol ruim. Ele se acumula mais facilmente nas artérias e forma placas ateroscleróticas, as quais dificultam a passagem de sangue.
VLDL (Very low-density lipoprotein): possui a função de levar colesterol e triglicerídeos para os órgãos e tecidos. Ao liberar os triglicerídeos, essa molécula transforma-se em LDL.
Segundo o cardiologista José Saraiva, é comprovado que quanto mais colesterol bom no organismo, melhor. Já quanto mais alto estiver o LDL, mais riscos para a saúde.
Tratamentos
“O tratamento para casos de colesterol alto passa por diagnósticos laboratoriais. Em seguida, devem ser adotados hábitos saudáveis, como uma dieta rica em frutas, verduras, legumes e grãos, além da prática de exercícios físicos diários”, orienta o cardiologista Lázaro Fernandes.
O abandono de eventuais vícios, como o consumo de álcool e tabaco, também é indicado. Se necessário, o médico deve prescreve medicamentos para reduzir o colesterol ruim.
A situação da pandemia de covid-19 na Europa, o surgimento de novas variantes (como a Ômicron), a quantidade de cidadãos vulneráveis e a baixa taxa de vacinação na América do Sul devem servir de alerta para o Brasil durante os próximos meses.
Essa é a avaliação feita pelo médico sanitarista Jurandi Frutuoso, secretário executivo do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, o Conass.
Mestre em saúde coletiva pela Universidade de Brasília e secretário de Saúde do Ceará entre 2003 e 2006, o especialista reforça a necessidade de prudência com o coronavírus, mesmo que a situação do país tenha melhorado durante os últimos meses.
"É natural que, após dois anos de completa inatividade de alguns setores, exista agora uma ansiedade pelo retorno à vida normal. Mas precisamos tomar cuidado, pois vários sinais amarelos foram ligados em algumas partes do mundo recentemente", analisa.
Frutuoso entende que é preciso ter cautela com alguns eventos que estão por vir, como as festas de final de ano e o Carnaval. O temor é que elas estimulem o trânsito de turistas e causem aglomerações, que são um dos principais focos de transmissão do coronavírus.
"A entrada de turistas e as viagens internas entre cidades e Estados aumentam a possibilidade de aglomerações. E isso pode vulnerabilizar mais uma vez a nossa situação", avalia.
Um passo para frente, dois para trás
Na avaliação de Frutuoso, o avanço da vacinação contra a covid-19 permitiu que o Brasil "ficasse numa situação mais tranquila", com quedas nas médias móveis de casos e mortes pela doença desde o começo do segundo semestre de 2021.
"Mas nós ainda temos cerca de 30% da população que não está com o esquema completo ou não recebeu nenhuma dose", calcula.
"Isso nos preocupa, pois falamos de milhões de pessoas mais vulneráveis", complementa.
Nessa conta, entram todas as faixas etárias, incluindo as crianças, cuja vacinação contra a covid-19 ainda não está liberada pelas autoridades brasileiras.
Se considerarmos apenas o público-alvo da campanha nacional, quase 90% dos indivíduos receberam a primeira dose e 75% estão com o esquema vacinal completo.
O médico sanitarista também chama a atenção para a baixa cobertura vacinal em outros países da América do Sul que fazem fronteira com o Brasil.
Enquanto Uruguai tem 76% da população completamente vacinada e Argentina está com 64% dos cidadãos mais protegidos, em outros países da região a campanha está bem mais atrasada. É o caso de Suriname (com 37% de indivíduos com as duas doses), Guiana (35%), Paraguai (35%) e Bolívia (33%). Os números são do site Our World In Data, que compila informações e estatísticas sobre a pandemia.
Na visão do secretário do Conass, isso representa uma segunda ameaça para o Brasil: o fluxo constante de pessoas pode fazer a situação piorar, a começar pelo aumento da taxa de transmissão do coronavírus em regiões e cidades fronteiriças.
O terceiro elemento que sinaliza um alerta para nosso país é a nova onda de covid-19 que acomete a Europa. Nas últimas semanas, esse continente foi classificado como novo epicentro da pandemia pela Organização Mundial da Saúde e alguns países tiveram que reintroduzir algumas restrições e até o lockdown.
Frutuoso lembra que, há alguns meses, a situação europeia havia ficado mais tranquila — o que, inclusive, motivou o abandono de algumas medidas, como o uso de máscaras e a prevenção de aglomerações.
"E, para completar, tivemos agora mais recentemente a descoberta da variante Ômicron na África do Sul, que traz uma constelação de mutações que ainda precisam ser estudadas, mas que podem afetar a imunidade prévia", observa o especialista.
O que fazer agora?
E é justamente para evitar que esses fatores afetem o Brasil e façam a pandemia piorar novamente por aqui que o Conass pede prudência e cautela aos gestores públicos.
Em cartas publicadas nos últimos dias, a entidade faz dois apelos principais. Primeiro, que o Governo Federal coloque em prática a exigência de comprovante de vacinação para a entrada de viajantes no Brasil, como orientado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Por ora, os passageiros que desembarcam aqui precisam apresentar apenas um teste PCR negativo para covid e uma declaração sobre o estado de saúde.
Segundo, que os gestores de cidades e Estados evitem grandes festas e aglomerações pelos próximos meses, especialmente o Réveillon e o Carnaval.
"Não é possível adotar uma decisão única para os mais de 5 mil municípios brasileiros. Mas os responsáveis pelas políticas públicas precisam considerar a realidade epidemiológica local e alguns indicadores, como a taxa de transmissão do coronavírus, o índice de vacinação e a ocupação de leitos hospitalares", analisa Frutuoso.
"Também é importante que os gestores continuem com a vacinação e estimulem as medidas não farmacológicas para controle da pandemia, como o uso de máscara, a lavagem das mãos e a redução de aglomerações quando possível."
"Resumindo, precisamos colocar em prática dois termos muito importantes: bom senso e responsabilidade. Todas as decisões precisam estar baseadas nas evidências científicas e seguir critérios técnicos", completa o sanitarista.
Dois pesos, duas medidas?
Por fim, Frutuoso entende que a decisão de cancelar ou não o Carnaval, que tem gerado debates acalorados nas redes sociais, precisa estar alinhada com as demais medidas de restrição — de nada adianta uma cidade não realizar as festividades em fevereiro enquanto permite que shows, cultos e jogos de futebol com público aconteçam a todo vapor no final de 2021 e no início de 2022, por exemplo.
De acordo com notícias divulgadas nos últimos dias, mais de 70 cidades do interior e do litoral de São Paulo decidiram não realizar o Carnaval no próximo ano.
"Se um município libera tudo e quer proibir apenas o Carnaval, isso é temerário e fragiliza a decisão", contrapõe o secretário.
"Não se pode abrir mão das máscaras e permitir aglomerações agora se você está preocupado com o que vai acontecer em fevereiro", avalia.
O especialista reforça que todas as políticas públicas para conter a pandemia devem ser feitas com prudência, lucidez e critérios técnicos.
"Todos nós sabemos o quanto esses dois últimos anos foram dolorosos e desgastantes. Mas o que podemos fazer, agora que chegamos até aqui?", questiona.
"São justamente esses cuidados que ajudam a evitar que o sinal amarelo de outras partes do mundo também se acenda aqui no Brasil", conclui.
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Médica que fez primeiro alerta sobre variante ômicron cita sintomas leves
A médica sul-africana que fez o primeiro alerta sobre a variante ômicron do coronavírus citou sintomas leves em seus pacientes. Não há, ainda, informações consolidadas sobre a variante.
Angelique Coetzee disse, em entrevista ao jornal britânico "The Telegraph" neste domingo (28), que notou um aumento de pessoas jovens e saudáveis com sinais de fadiga em seu consultório.
“Os sintomas que eles apresentavam eram muito diferentes e mais leves dos que eu havia tratado antes", afirmou a profissional da saúde.
Não há, até o momento, nenhuma certeza sobre sua gravidade e se ela apresenta resistência à vacinação – que é bastante baixa nos países do sul africano, onde foi identificada.
Covid: o que se sabe sobre nova variante detectada na África do Sul
Na África do Sul, quase 24% da população está totalmente vacinada. Em Botsuana, menos de 20%. Já no Brasil, a situação é outra. 60% da população tomou as duas doses da vacina ou a dose única.
Metade dos infectados que marcaram consulta com a médica de Pretória não havia se vacinado, segundo relatou Coetzee ao jornal britânico.
Ela reportou suas suspeitas ao comitê responsável pelo acompanhamento da pandemia após, em 18 de novembro, após atender a uma família com quatro infectados apresentando os mesmos sintomas.
Segundo a médica, mais de 20 pacientes com Covid-19 tiveram sintomas parecidos – principalmente o cansaço. A maioria dos infectados eram homens.
Origem da variante
A variante ômicron – também chamada B.1.1529 – foi reportada à OMS em 24 de novembro de 2021 pela África do Sul.
O primeiro caso confirmado da B.1.1529 foi de uma amostra coletada em 9 de novembro de 2021. De acordo com OMS, a variante apresenta um "grande número de mutações", algumas preocupantes.
"Evidências preliminares sugerem uma alta no risco de reinfecção com a variante, comparada com as outras versões do coronavírus", disse a agência de Saúde das Nações Unidas em um comunicado.
Nas últimas semanas, as infecções do coronavírus vinham aumentado abruptamente no país, o que coincide com a detecção da nova variante B.1.1529.
A situação epidemiológica no país tem sido caracterizada por três picos de casos notificados, sendo que o último era com a variante delta.
SÃO PAULO — O crescente número de relatos de pessoas trans — no Brasil e no exterior — que realizaram procedimentos para mudar de gênero e se arrependeram aquece o debate sobre a transição, em especial de crianças e adolescentes. Um caso emblemático é o da britânica Keira Bell, que no início do ano passado, aos 23 anos, processou o sistema de saúde público britânico, conhecido pela sigla em inglês NHS, sob a alegação de que a equipe médica deveria ter questionado mais sua decisão de fazer a transição do sexo feminino para o masculino.
Ela iniciou o processo de transição aos 16 anos e atualmente se identifica com o sexo feminino, o mesmo de seu nascimento. O episódio da jovem não é isolado. Nas redes sociais, é possível encontrar grupos e perfis com relatos de “destransição”. Especialistas ouvidos pelo GLOBO afirmam que esses casos existem, mas são raros, especialmente no Brasil. Em geral, estão associados a falhas no atendimento médico.
No Brasil, assim como em outras partes do mundo, é reconhecido o direito das pessoas que sentem um desconforto permanente e completo entre o sexo biológico e a identidade de gênero de fazer a transição. Garantir que possam realizá-la de forma assistida, segundo os especialistas, é uma vitória importante para o seu bem-estar, uma conquista que deve ser mantida apesar de campanhas contrárias defendidas por alguns setores da sociedade.
O debate que a “destransição” levanta não é contrário ao direito de transição. Está restrito ao exame de eventuais falhas e excessos no processo de acompanhamento, tema de grande importância, uma vez que algumas intervenções não são totalmente reversíveis em casos de arrependimento.
Faltam pesquisas
Há poucos dados científicos disponíveis sobre “destransição” – um grande problema que deveria receber mais atenção no Brasil e no exterior. As poucas estatísticas existentes indicam que cerca de 2% das pessoas transgênero mudam de ideia e desejam voltar ao gênero de nascimento.
Um estudo recente realizado pelo Instituto Fenway e pelo Hospital Geral de Massachusetts mostrou que 13% das pessoas transgênero, em algum momento, decidiram “destransicionar”. Desse total, apenas 2,4% atribuíram a decisão a uma dúvida estritamente pessoal sobre sua identidade. Mais de 80% das que se arrependeram disseram que foram pressionadas por fatores externos, o que deixa clara a necessidade de aumento do combate ao preconceito. Mas, independentemente da causa, o resultado mostra que, de cada 100 pessoas, 13 não estavam preparados para a transição.
Quadro brasileiro
De acordo com o psiquiatra Alexandre Saadeh, coordenador do Ambulatório Transdisciplinar de Identidade de Gênero e Orientação Sexual, do Instituto de Psiquiatria da Universidade de São Paulo (USP), casos de desistência costumam acontecer ao longo do acompanhamento multidisciplinar, feito antes do início da transição física.
— Aqui no Brasil, os casos de “destransição” de pessoas atendidas no sistema público são raríssimos. No sistema privado, isso pode acontecer com mais frequência. No país também é comum encontrar pessoas trans que começaram a tomar hormônios por conta própria, sem acompanhamento médico —explica o médico.
A jornalista carioca Eugenia Rodrigues, estudiosa do tema e porta-voz da campanha No Corpo Certo, conta que há muitos casos de “destransição” e que já ouviu todo tipo de relato.
—Têm mulheres que começaram (o uso de hormônio) por conta própria, outras foram atendidas em clínicas de identidade de gênero, outras que passaram por uma suposta avaliação com psicólogos, psicanalistas e psiquiatras e têm também mulheres que conseguiram endocrinologistas que forneceram o hormônio, sem pedir laudo nenhum— diz Rodrigues. Segundo ela, a maioria dos casos de “destransição” ocorre em mulheres jovens e lésbicas.
O médico catarinense José Carlos Martins Júnior, referência em cirurgias de adequação sexual em pessoas trans no país e no exterior, já realizou mais de 400 operações. Segundo ele, nenhuma paciente sua se arrependeu. Martins Júnior, no entanto, diz saber de casos de arrependimento, em especial de pessoas que optaram por operar fora do país.
— Se a pessoa for operar na Tailândia, ela consulta uma psicóloga, recebe o laudo, e no dia seguinte faz a cirurgia — afirma.
Direitos garantidos
A legislação brasileira autoriza cirurgias de adequação sexual, como retirada das mamas, extração dos órgãos reprodutores e a construção de genitais, a partir dos 18 anos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece intervenções cirúrgicas e terapia hormonal desde 2008.
Antes do início de qualquer procedimento, o paciente passa por um acompanhamento multidisciplinar de pelo menos um ano para validar se há, de fato, a “disforia de gênero”. A avaliação requer um perfil médico e psicológico.
Crianças e pré-adolescentes
A transição na infância é para lá de polêmica. A dúvida sobre a identidade é mais comum nas crianças, já que elas tendem a apresentar comportamentos de não conformidade de gênero, independentemente de serem trans. Por exemplo, meninos que gostam de usar vestidos ou meninas que brincam com caminhões.
O bloqueio hormonal é autorizado, com o consentimento dos pais, a partir de quando a criança entra na puberdade. O objetivo é evitar que desenvolva características associadas ao sexo de nascimento, como a menstruação e o surgimento de pelos.
Desde 2012, a Associação Profissional Mundial para a Saúde Transgênero (WPATH, na sigla em inglês) diz que os bloqueadores hormonais são “intervenções totalmente reversíveis”. Mas, em entrevista recente à imprensa estrangeira, Erica Anderson, psicóloga na Clínica de Gênero para Crianças e Adolescentes, da Universidade da Califórnia, disse “não ter certeza” se os efeitos psicológicos são reversíveis. A cirurgiã Marci Bowers, que fez a transição da ativista americana Jazz Jennings e assumirá em 2022 a WPATH, é contrária ao uso precoce de bloqueadores e critica a censura ao debate sobre os procedimentos hoje adotados.
Adolescentes
No Brasil, 16 anos é a idade mínima para o início da terapia hormonal (não confundir com bloqueador hormonal). Alguns efeitos dos hormônios, como crescimento de pelos, no caso do hormônio masculino, e formação das mamas, no feminino, permanecem mesmo após sua suspensão. Por isso, alguns especialistas acreditam que o ideal seria esperar a maioridade legal para iniciar os tratamentos. Saadeh, da USP, discorda.
—Nessa idade, o adolescente já tem uma noção muito melhor de si. Iniciar a transição na adolescência traz diversos benefícios para a saúde mental e social desses jovens — afirma.
A WPATH recomenda que os pacientes que buscam a hormonioterapia sejam examinados para identificar transtornos. No Brasil, o Conselho Federal de Medicina (CFM) proíbe a realização de procedimentos hormonais (e também cirúrgicos) em pessoas diagnosticadas com transtornos mentais graves.
Nos Estados Unidos, críticos levantam a hipótese de que crianças e adolescentes com diferentes transtornos ou lésbicas estejam sendo incentivadas a se definir como transgênero. Parte dos médicos, no afã de ser acolhedora, estaria errando a avaliação.
Pesquisadores da Ufal (Universidade Federal de Alagoas) fizeram um alerta, em agosto deste ano, para o consumo inadvertido e indevido do antiparasitário ivermectina. O medicamento faz parte do chamado "kit Covid", sem que ofereça nenhum benefício no tratamento ou prevenção da infecção pelo coronavírus.
Em um artigo, os pesquisadores integrantes do NEF (Núcleo de Estudos em Farmacoterapia) analisaram casos de sarna humana (escabiose) resistente à ivermectina, droga usada para essa doença.
“O nosso artigo lança a hipótese de que poderíamos ter problemas com surtos de escabiose resistente, por conta do uso irracional da ivermectina. O surto está configurado, pois está havendo um aumento rápido de casos de lesões de pele com coceira e outros sintomas”, afirma a professora Sabrina Neves, uma das autoras do trabalho, em comunicado divulgado na sexta-feira (26).
Ela se refere a um surto com mais de 250 casos de erupções cutâneas e coceira de origem desconhecida que estão sendo investigados em Pernambuco.
“Ainda não há diagnóstico da doença que está causando o surto. Algumas hipóteses da etiologia [origem] estão sendo testadas; entre elas está a escabiose levantada pelo artigo.”
Os autores salientam que o consumo de ivermectina aumentou em quase dez vezes durante a pandemia.
“O uso irracional de medicamentos é um problema de saúde pública, porém, no caso de antibióticos, antiparasitários e antifúngicos, esse problema ganha proporções maiores. Quando utilizamos de forma irracional/incorreta medicamentos, como a ivermectina, corremos o risco de induzir a resistência do parasita ao medicamento que deveria tratar a doença causada por ele", conclui Sabrina.
A proposta inicial apresentada por Contarato previa piso salarial de R$ 7,3 mil mensais para enfermeiros, de R$ 5,1 mil para técnicos de enfermagem, e de R$ 3,6 mil para auxiliares de enfermagem e parteiras. O valor estabelecido pelo projeto, no caso dos enfermeiros, era para jornada de 30 horas semanais. Em caso de jornadas superiores, o piso salarial nacional teria a correspondência proporcional.
Para o projeto ir ao plenário no Senado, foi preciso fazer concessões. O valor do piso para enfermeiros ficou em R$ 4,75 mil para carga horária de 40 ou 44 horas, conforme o contrato de trabalho. Portanto, quem faz carga horária de 30 horas receberá valor inferior ao piso. A remuneração para os técnicos ficou em R$ 3,29 mil, ou seja, 70% do valor previsto para os enfermeiros. Já o salário dos auxiliares e parteiras, 50% do que será pago para os enfermeiros, totalizando R$ 2,35 mil.
Apesar disso, a aprovação da matéria foi comemorada pela categoria no Espírito Santo, que se articula para que a seja aprovada também na Câmara. Ao todo, foram 18 meses de tramitação do projeto de lei. A presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo (Coren/ES), Andressa Barcellos, informa que ainda nesta semana os trabalhadores irão se reunir para traçar estratégias de mobilização, mas já adianta que uma das iniciativas será contatar os deputados da bancada capixaba para reivindicar que votem a favor do projeto.
"Não queremos encontrar ninguém em cima do muro ou contra o projeto, iremos ficar na cola deles", diz. As ações serão deliberadas por um conjunto de entidades, entre elas, estão o Coren, o Sindicato dos Servidores da Saúde Pública do Estado do Espírito Santo (Sindisaúde), Sindicato dos Enfermeiros do Espírito Santo (Sindienfermeiros) e Sindicato dos Servidores Públicos Federais do Estado do Espírito Santo (Sindsep/ES).
"Os profissionais estão esgotados. A enfermagem é a maior categoria da área da saúde, é a que tem contato direto com o paciente. Tem que valorizar quem põe a mão na massa", destaca Andressa.
A bancada capixaba na Câmara dos Deputados é composta por Amaro Neto (Republicanos), Evair de Melo (PP), Lauriete (PSC), Norma Ayub (DEM), Felipe Rigoni (ex-PSB), Soraya Manato (PSL), Ted Conti (PSB), Da Vitória (Cidadania), Helder Salomão (PT) e Neucimar Fraga (PSD).
Um medicamento desenvolvido inicialmente para controlar a diabetes tipo 2 se tornou uma "grande promessa" — palavras de endocrinologistas entrevistados pelo g1 — para o tratamento da obesidade e para redução de peso. A semaglutida é uma substância que foi aprovada em junho nos Estados Unidos, mas, no Brasil, é usada em modo offlabel (com o aval médico, mas fora da indicação prevista em bula).
Ela é aplicada com a ajuda de uma "caneta", aplicador usado também para injetar outros tipos de medicamentos, incluindo a liraglutida — remédio da mesma família e também usado contra obesidade (leia mais abaixo).
Caneta de semaglutida — Foto: g1
De acordo com Alexandre Hohl, presidente do departamento de endocrinologia feminina, andrologia e transgeneridade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a "maior pandemia do planeta está relacionada com o peso".
"Antes da pandemia de Covid-19, a gente já tinha 2,4 bilhões de pessoas com sobrepeso ou obesidade. Então, esse é um número avassalador. Acabaram de sair os números de diabetes entre 2019 e 2021: aumentou em 30% no mundo", afirma.
A semaglutida é um análogo ao GLP-1, hormônio que temos no intestino: toda vez que uma pessoa se alimenta, ele sinaliza para o cérebro que é hora de reduzir a fome, retardar o esvaziamento do estômago e aumentar a produção de insulina, que promove a absorção da glicose nas células.
"O nosso hormônio dura 10 minutos, já a semaglutida dura uma semana. Aquela sensação de 'comi e perdi a minha fome' é dada pelo GLP-1 e a semaglutida é um medicamento que imita essa ação. O paciente tem a sensação de que está sem fome. E, se ele come, para de comer porque o estômago enche rápido", explica João Eduardo Salles, endocrinologista e coordenador da Disciplina de Endocrinologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
2. Como ela é aplicada?
A dose para o tratamento de obesidade é de 2,4 mg por semana, segundo as evidências científicas publicadas, mas precisa ser acordada junto ao médico para evitar efeitos colaterais mais graves. O paciente deve comprar a "caneta" para a injeção.
Porém, ainda não há um produto com a exata dose a venda no Brasil, já que o medicamento é aprovado (leia mais abaixo) oficialmente para o tratamento da diabetes, com uma quantidade diferenciada. Em pesquisa feita pelo g1, quatro doses de até 1 mg foram encontradas por cerca de R$ 900 em novembro de 2021, valor a ser desembolsado mensalmente.
3. Para quem é recomendado?
Por enquanto, o uso offlabel é feito para pacientes obesos, com Índice de Massa Corporal acima de 30, e, como é previsto em bula, para tratar a diabetes. Uma mulher de 30 anos com uma altura de 1,65 metro e 85 quilos, por exemplo, já se enquadraria de acordo com o critério, mas seria necessária uma avaliação médica para observar qualquer impedimento ou, ainda, uma solução mais adequada.
Já em caso de sobrepeso, segundo Salles, o tratamento poderá ser feito se a pessoa já estiver com efeitos negativos na saúde, como apneia do sono, mudança da pressão arterial, entre outros, incluindo a própria diabetes.
4. Quais são os efeitos colaterais?
Segundo Renato Zilli, parte do corpo clínico do Hospital Sírio-Libanês e da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, uma das vantagens da semaglutida é o fato de não "mexer com o humor, não causar depressão e ansiedade", como ocorre no caso das anfetaminas.
No entanto, a semaglutida pode causar efeitos colaterais no sistema gastrointestinal. O principal deles é a náusea. Há, ainda, de acordo com a FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, chance de:
Diarreia
Vômito
Prisão de ventre
Dor abdominal
Dor de cabeça
Fadiga
Dispepsia (indigestão)
Tontura
Distensão abdominal
Eructação (arroto)
Hipoglicemia (baixo nível de açúcar no sangue) em pacientes com diabetes tipo 2
Flatulência (acúmulo de gases)
Gastroenterite (uma infecção intestinal)
Doença do refluxo gastresofágico (um tipo de distúrbio digestivo)
Salles aponta que a principal forma de reduzir o desenvolvimento de efeitos colaterais é a conversa e o planejamento junto ao médico. Ele diz que um plano com aplicação gradativa do produto deve ser criado com segurança e, muitas vezes, os pacientes têm comprado sem a prescrição de um especialista.
"Sempre bom ressaltar que é um medicamento para a diabetes. O uso offlabel precisa ser acordado entre médico e paciente. Ele precisa saber se o médico se sente seguro para fazer o tratamento, precisa-se discutir com o paciente se o benefício ou o risco do paciente valem a pena", afirmou.
5. O que dizem os estudos?
Segundo os especialistas, o estudo mais importante foi publicado em março deste ano, na "The New England Journal of Medicine", revista britânica. Os pesquisadores prescreveram 2,4 mg por semana para um grupo e, para o outro, o placebo. A partir de 4 semanas, os pacientes que estavam recebendo o tratamento começaram a emagrecer. A perda média foi de 15% do peso corporal ao final do ensaio.
"Este estudo é muito bonito, muito bem feito. Ele mostra uma perda de peso fantástica. É uma promessa para o tratamento da obesidade muito importante. É o principal medicamento que a gente pode ter nos próximos tempos", disse Salles.
Veja na no infográfico abaixo como foi desenhado o estudo e seus principais resultados:
Estudo com a semaglutida — Foto: g1
6. Quem não pode usar?
Nos Estados Unidos, o medicamento possui uma advertência sobre o potencial risco de desenvolvimento de câncer na tireoide, mesmo que os casos tenham ocorrido de forma rara ainda nos testes em animais, segundo especialistas entrevistados pelo g1. Por isso, ele não deve ser administrado em pessoas com histórico familiar da doença.
O mesmo vale para pacientes com histórico de pancreatite, problemas na vesícula biliar, lesão renal aguda ou retinopatia diabética (lesão na retina do olho).
7. Já tem outro remédio parecido aprovado no Brasil?
"Elas são semelhantes [semaglutida e liraglutida] e são duas moléculas que foram inspiradas na semelhança com o GLP-1, que elas conseguem imitar mudando um aminoácido ou outro", explica Hohl.
De acordo com o endocrinologista, a liraglutida é um análogo de curta duração: "É preciso aplicar todos os dias, enquanto a semaglutida tem longa duração e é uma vez por semana, basicamente".
"A liraglutida é aprovada pela Anvisa também para o tratamento da obesidade e que já está há quase 10 anos no mercado. Ela teve uma história muito parecida com a da semaglutida e foi, inicialmente, aprovada para o tratamento de diabetes e depois para o tratamento da obesidade", disse Maria Edna de Melo, presidente do departamento de obesidade da SBEM.
8. Há previsão de aprovação pela Anvisa no Brasil?
A Anvisa informou que a empresa NovoNordisk já entrou com o pedido de registro no Brasil para a semaglutida, mas não garantiu se há uma previsão para uma possível aprovação ou não. Atualmente, o produto é registrado para o tratamento da diabetes tipo 2, mas a farmacêutica optou por pedir um novo registro no lugar de uma atualização em bula.
9. Por que é importante a avaliação da Anvisa?
Todo medicamento precisa de estudos clínicos e testes de segurança para garantia do consumidor. A Anvisa é a agência no Brasil que tem um corpo técnico capaz de avaliar essas características.
Além disso, em outubro deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) chegou a barrar a produção, a comercialização e o consumo de 3 medicamentos para emagrecimento: anfepramona, femproporex e mazindol. Eles haviam sido retirados do mercado em 2011 pela agência reguladora, mas voltaram a ser liberados com a aprovação de um projeto de lei pelo Congresso em 2017.
Um dos pontos argumentados à época para a retirada dos medicamentos é o de que existia uma "prescrição indiscriminada" por parte de alguns médicos. Também é papel da Anvisa avaliar a necessidade de abrandar ou restringir o nível de exigência das receitas – inclusão ou exclusão dos medicamentos na lista de controle especial.
O mesmo vale para todos os outros medicamentos, segundo os especialistas entrevistas pelo g1, incluindo a semaglutida e a liraglutida. Mesmo com excelentes resultados, o uso indiscriminado não irá resolver o problema a longo prazo. A manutenção do peso está relacionada com uma mudança dos hábitos, exercícios físicos e uma alimentação saudável.