A pandemia de covid-19 impactou —e muito— na saúde mental das pessoas. Um estudo publicado no periódico The Lancet Regional Health - Americas, nesta segunda-feira (4), mostrou que a depressão piorou em adultos dos Estados Unidos.
De acordo com a publicação, antes da pandemia, 8,5% relataram sintomas depressivos. Em 2020, esse número foi para 27,8% dos adultos com queixas relacionadas à doença. Já em 2021, o índice aumentou e chegou em 32,8%.
Segundo o pesquisador e um dos autores do estudo Sandro Galea, diferente de outros eventos marcantes, como o surto de ebola, essa alta prevalência de pessoas com depressão não segue os padrões esperados.
"Normalmente, esperaríamos que a depressão atingisse o pico após o evento traumático e, em seguida, diminuísse com o tempo. Em vez disso, descobrimos que 12 meses após o início da pandemia, os níveis de depressão permaneceram altos", disse, em comunicado.
Como o estudo foi feito
O objetivo dos pesquisadores era avaliar se os sintomas depressivos foram mudando ao longo da pandemia, com foco nos adultos (acima de 18 anos) dos EUA. Além disso, os cientistas queriam identificar os principais fatores de risco para a doença.
O estudo analisou, entre março e abril de 2020, 1.441 adultos do país quando a maioria da população recebia conselhos para ficar em casa. Um ano depois, uma segunda pesquisa foi realizada com o mesmo grupo, de 23 de março a 19 de abril de 2021.
As duas análises foram feitas a partir de um questionário que definia os sintomas depressivos, além de dados sobre os possíveis gatilhos de estresse relacionados à covid-19, como perda de emprego, morte de parentes pela doença, problema financeiro, entre outros.
Os principais achados do estudo
Conforme citado anteriormente, houve uma piora dos sintomas depressivos comparando 2020 (27,8%) e 2021 (32,8%). Segundo os pesquisadores, os resultados ressaltam a ligação direta entre a pandemia e seu impacto de curto e longo prazo na saúde mental da população.
Os principais motivos para a depressão foram: baixa renda na família, não ser uma pessoa casada e múltiplos fatores de estresse relacionados à pandemia, como perda de emprego e dificuldades para acessar creches.
Além disso, os achados mostram que a depressão se intensificou ao longo da pandemia e afetou desproporcionalmente os adultos com renda mais baixa.
"A prevalência sustentada e crescente de sintomas depressivos elevados sugere que o 'fardo' da pandemia na saúde mental continua —e tem sido desigual", afirmou a autora principal do estudo, Catherine Ettman, em comunicado.
Para ela, o alívio econômico e o desenvolvimento de vacinas contra covid podem ter prevenido resultados ainda piores.
Por que este estudo é importante
Este é o primeiro estudo nacional e representativo nos Estados Unidos com foco em examinar a mudança na prevalência de depressão antes e durante a covid-19.
Os resultados mostram que os sintomas depressivos pioraram desde o começo da pandemia e, por isso, é importante que o tema seja amplamente discutido —sobretudo entre as pessoas de baixa renda.
Sintomas depressivos pioraram durante pandemia, mostra estudo - VivaBem
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