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Friday, August 20, 2021

Impacto da tragédia em Mariana na saúde de atingidos equivale a doenças graves - O Tempo

Estudo verificou que 74% dos sobreviventes relataram perdas; incidência de depressão e ansiedade severas na população saltou de 1%, antes do crime, a 23%

O rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, que ocasionou a tragédia da Samarco na cidade, fez com que os atingidos tivessem perdas na qualidade de vida em saúde tão violentas quanto doenças graves, como o Mal de Parkinson, a diabetes ou infecção pelo vírus do HIV. Os impactos foram relatados por 74% dos sobreviventes. A incidência de depressão e ansiedade e dores e mal-estares severos na população saltou de 1%, antes do crime, a 23% e 11%, respectivamente. 

As informações são de um estudo contratado pela entidade que assessora os atingidos da tragédia da Samarco, que foi coordenado pelas professoras do centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Mônica Viegas e Kenya Noronha. A pesquisa, realizada em 2019, foi publicada na revista científica internacional “Value in Health Regional Issues” e faz parte das estimativas de danos a serem reparados aos atingidos. 

As pesquisadoras usaram, conforme a metodologia aplicada, cinco características para mensurar a perda de qualidade de vida em saúde das vítimas – mobilidade, autocuidado, atividades habituais, ansiedade e depressão e dor e mal-estar. Os danos foram especialmente graves na população idosa, que, por natureza, tem reduzida capacidade de recuperação de traumas e renovação de hábitos. Apesar disso, a maioria absoluta dos atingidos sofreu com perdas nos quesitos. 

“Em média, verificados deterioração, em cada indivíduo, 27% na qualidade de vida em saúde, o que é comparável a doenças como a AIDS, o Mal de Parkinson e a Diabetes. Dos cinco parâmetros analisados, todos registraram perda, mas os que têm maior dano são ansiedade e depressão e dor e mal-estar. Antes do rompimento, 1% relatava quadros severos. Após, o percentual sobe para 23% e 11%, respectivamente”, explica Kenya Noronha. 

Esperança de justiça

A Matriz de Danos usada como base de cálculo para indenizações a atingidos pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, será atualizada para valores mais próximos àqueles perdidos pelas vítimas, conforme decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) de 11 de janeiro de 2020. 

À época, os desembargadores rejeitaram, por unanimidade, recurso impetrado pela Samarco, Vale e BHP Billinton contra a liberação de uma referência independente para que os valores fossem calculados.

Fronte ao prédio da Corte naquele dia, um grupo de, ao menos, três dezenas de atingidos comemorou o resultado. A O TEMPO, eles relataram esperança de que, um dia, a destruição causada pelo rompimento da Barragem de Fundão fosse retratada.

“Não queremos um centavo além do que foi tirado de nós, mas não aceitaremos um a menos do que merecemos”, afirmou Mauro Marques, que faz parte da Comissão de Atingidos pela Barragem de Fundão, e morava desde que nasceu em Bento Rodrigues, comunidade devastada pelo rompimento em Mariana. 

“A Justiça lida com a verdade e ela não pode ser dita pela metade. O Judiciário não pode estar do lado dos criminosos, que estão impunes. Se Deus quiser, verei a punição completa”, continuou.

Fundação Renova

A Fundação Renova alegou que “conforme estabelecido pelo Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC)” a instituição “vem cumprindo todas as ações previstas e destinadas a prestar apoio para o atendimento à Prefeitura de Mariana na execução dos planos de ação de saúde e de assistência social para atenção às famílias atingidas e que sofreram deslocamento físico”.

“A Fundação Renova informa que, atualmente, 44 profissionais – entre médicos, enfermeiros, assistentes sociais e psicólogos, sendo 24 para o Programa de Saúde e 20 para a Proteção Social – contratados pela Fundação Renova atuam em Mariana. As atividades desses profissionais estão sob a gestão da Secretaria Municipal de Saúde. A Fundação também será responsável pelo apoio à capacitação de profissionais do SUS do município, que está prevista para o início do próximo ano”, diz nota encaminhada à reportagem.

A fundação diz que “95% das obras de infraestrutura” foram concluídas em Bento Rodrigues, e argumenta que, “o restante dos trabalhos, como paisagismo, água potável, sinalização, calçadas e vielas está atrelado à construção das casas”. Até esta sexta-feira (20), 10 casas foram construídas, e 69 estão em processo. 

“A Fundação Renova informa que, até julho de 2021, foi desembolsado um total de R$ 1,5 bilhão para os reassentamentos; um total de R$ 1 bilhão será destinado ao programa somente em 2021. A questão do prazo de entrega dos reassentamentos está sendo discutida em uma Ação Civil Pública (ACP) em curso na Comarca de Mariana e foi submetido recurso para análise em segunda instância (TJMG)”, conclui o texto. 

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