BRASÍLIA E RIO - Em sabatina no Senado, nesta quarta-feira, o diretor da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Paulo Rebello, confirmou que o reajuste anual dos planos de saúde individuais será negativo, como informou o colunista Lauro Jardim.
Segundo Rebello, o índice de correção das mensalidades será divulgado nesta quinta-feira pela agência. Fontes ouvidas pelo GLOBO indicam que o cálculo da ANS é de uma redução de 8% nos contratos individuais, que são 20% do mercado. O reajuste não se aplica aos planos corporativos, contrados por empresas para seus funcionários.
Paulo Guedes:‘Não pode ter vergonha de ser rico, tem que ter vergonha de não pagar imposto’, diz ministro
O motivo do percentual negativo de reajuste - que na prática significará que as mensalidades ficarão mais baratas - foi a queda de 82% para 74% no uso de serviiços pelos usuários, de consultas a cirurgias, no ano passado.
O índice se refere à chamada sinistralidade, que caiu por causa do isolamento social imposto pela pandemia. Ainda que os casos de Covid-19 tenham mobilizado emergências e internações, os planos gastaram menos com procedimentos ambulatoriais e eletivos.
Guia de planos de saúde: tudo o que você precisa saber para escolher, entender reajustes e cobertura na pandemia
No ano passado, planos ficaram 8,14% mais caros
Em 2020, os contratos de planos de saúde individual tiveram um aumento máximo de 8,14% determinado pela ANS.
— Amanhã nós divulgaremos o percentual de reajuste. E esse valor será negativo sim, que é exatamente o reflexo da baixa sinistralidade que houve no ano passado — afirmou Rebello ao ser perguntado sobre o assunto pela senadora Zenaide Maia (Pros/RN).
Revolução digital: Seguro por km rodado, casa e vida numa só apólice: como a tecnologia muda o setor
O diretor da ANS acrescentou:
— Em razão da pandemia que nós vivemos em 2020 e ainda estamos vivendo, houve uma redução da sinistralidade nos planos, ou seja, as pessoas deixaram de sair das suas casas, de procurar o sistema de saúde, ocasionando, portanto, uma redução desse serviço.
Contrariadas, operadoras apelaram ao Ministério da Economia
As operadoras tentaram reverter esse índice negativo junto ao Ministério da Economia. Propuseram uma redução em percentual menor ou até colocar no lugar zero como correção, mas não foram bem sucedidas.
O argumento das empresas do setor é que no próximo ano que prevêem será bastante alto e que uma queda na redução deste ano poderia neutralizar o aumento em 2022.
- Tentamos mostrar ao Ministério da Economia que ao zerar o indíce deste ano poderíamos reduzir o impacto do reajuste do ano que vem deverá ser alto. Estamos numa tempestade perfeita, grande número de internação por Covid, retomada de procedimentos represados pela pandemia e aumento de custos. Uma internação em UTI-Covid custava em marco de 2020 cerca de R$ 54 mil, em abril deste ano esse custo era de R$ 164 mil - diz Vera Valente, diretora executiva da FenaSaúde, que reúne as maiores empresas do setor.
Peso no bolso:Reajuste de plano coletivo chega a ser quase o dobro do individual em 2020
Essa análise visando dois anos proposta pelas operadoras havia sido cogitada, no ano passado, pela ANS para que não houvesse reajuste em meio à pandemia, mas foi rejeitada pelo setor que alegava a impervisibilidade dos meses que se seguiriam.
O fato é que mais de um ano depois de iniciada a pandemia, nenhum dos prognósticos das empresas de planos de saúde se confirmou: a inadimplência se mantém estável e a sinistralidade, determinada pela relação de arrecadação e o gasto com procedimentos médicos, está abaixo dos índices de 2019, segundo o último boletim da ANS, do mês de maio. E ainda aumentou o número de clientes ativos.
Rebello explicou que, em 2020, o reajuste foi acima da inflação, por refletir o que aconteceu na saúde privada no ano anterior. Ou seja, o que se contabilizou em 2019 em termos de consumo e sinistralidade foi cobrado no ano seguinte.
— O reflexo de 2020, nós estamos cobrando agora, a partir de 2021, que é o que vamos fazer amanhã, quando teremos uma reunião da diretoria colegiada, em que soltaremos os valores com relação ao reajuste individual — explicou.
Reajuste é retroativo a maio
Como a data-base é maio, a cobrança é retroativa e escalonada pelo número de meses em atraso para a aplicação do índice. Ou seja, a fatura de agosto compensa o que deveria ter sido aplicado em maio, em setembro, junho e assim até zerar a diferença.
Os planos de saúde individuais representam 20% do mercado. O reajuste se aplica aos planos com aniversário de contrato entre maio deste ano e abril de 2022. A expectativa é que cresçam as pressões para que os planos coletivos tenham reajustes menores.
Viu isso? Consulta de usuários à ANS sobre como trocar de plano de saúde bate record
Candidato ao cargo de presidente da ANS, Paulo Rebello teve a sua indicação suspensa pelo presidente Jair Bolsonaro na noite desta terça-feira. A sabatina, pela manhã, foi realizada neste cenário, mas na rodada da tarde a presidência voltou atrás e retornou a indicaçao de Rebello a presidência da agência reguladora. Uma das teorias a respeito da suspensão repentina do nome de Rabello seria sua ligação com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR).
Planos de saúde individuais terão reajuste negativo e percentual será conhecido nesta quinta, diz diretor da ANS - Jornal O Globo
Read More
No comments:
Post a Comment