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Friday, July 30, 2021

Estilo de vida pouco saudável impulsiona aumento de casos de demência - G1

A AAIC 2021 (Alzheimer´s Association International Conference), que começou na segunda-feira e se estende até amanhã, é o maior fórum de discussão para a comunidade científica que estuda os diversos tipos de demência. Há algumas boas notícias, como o fato de que o acesso à educação pode diminuir o número de casos em 6.2 milhões até 2050. Por outro lado, fatores de risco como altos índices de gordura corporal e açúcar no sangue, além do tabagismo, contribuirão com um aumento de 6.8 milhões de pacientes no mesmo período. O resultado é sombrio: dos atuais 57 milhões, a estimativa é de que haverá 152 milhões de doentes em menos de três décadas, principalmente na África e no Oriente Médio. O dado não é novo – já havia sido divulgado pela OMS em 2019 – mas continua perturbador.

Doença de Alzheimer: previsão é de que, até 2050, 152 milhões tenham a enfermidade — Foto: Gerd Altmann

Doença de Alzheimer: previsão é de que, até 2050, 152 milhões tenham a enfermidade — Foto: Gerd Altmann

Outras informações divulgadas no evento dão a dimensão do desafio que teremos pela frente: a cada ano, dez em cada 100 mil indivíduos desenvolvem demência precoce, isto é, antes dos 65 anos, o que corresponde a 350 mil casos globalmente. Nos EUA, entre 1999 e 2019, a taxa de mortalidade devida ao Alzheimer cresceu 88%: de 16 para 30 mortes para cada 100 mil habitantes. Os dados foram extraídos do Global Burden of Disease, ou Carga Global de Morbidade, que conta com cerca de 1.800 pesquisadores de 127 países: trata-se de um estudo que combina 107 doenças e dez fatores de risco para medir as tendências de mortalidade e incapacitação no mundo todo. Há uma forte evidência de que condições que danificam o coração, as artérias e a circulação do sangue aumentam as chances de desenvolver demência: diabetes tipo 2, hipertensão arterial, altos níveis de colesterol e obesidade. A longevidade tem um papel decisivo no incremento dos números, mas um estilo de vida pouco saudável concorre para agravar o quadro, impactando famílias, sistemas de saúde e governos.

Na segunda, assisti a diversas sessões científicas sobre a importância da atividade física na prevenção enfermidade. Um estudo da University of Illinois Chicago mostrou como um programa de dança para idosos melhorou não apenas a coordenação e o equilíbrio dos participantes, mas também sua memória; outro, da University of Wisconsin, indicou a relação entre capacidade cardiorrespiratória e uma maior resiliência frente a doenças cerebrovasculares; na mesma trilha, a Johns Hopkins University apresentou trabalho sobre a mitigação da atrofia cerebral e do declínio cognitivo em estados pré-clínicos de Alzheimer através da atividade aeróbica. A professora Teresa Liu-Ambrose, da University of British Columbia (Canadá), divulgou que os resultados de exercícios físicos e mentais realizados com pacientes que tinham tido derrame – condição que dobra a chance de demência – haviam apontado melhora nos testes cognitivos. Vale lembrar que o aducanumab, medicamento liberado recentemente pelo FDA (o equivale americano da Anvisa) para frear o Alzheimer, ainda não conquistou unanimidade entre os especialistas, devido a seus efeitos colaterais e o custo: o tratamento sai por US$ 56 mil por ano. Não resta qualquer dúvida sobre a necessidade de um esforço planetário contra o sedentarismo.

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