A apresentadora Carla Prata, 39, recebeu o diagnóstico de miastenia gravis após a descoberta de um tumor no timo, região central do peito, entre os pulmões e a frente do coração, há cinco anos. Depois de três dias com a pálpebra direita caída, foi encaminhada para um neurologista que identificou a doença.
"Em fevereiro de 2016, recebi o diagnóstico de tumor no timo. Senti meu mundo caindo. O tamanho do tumor era de 18,5 cm, o que me deixou mais preocupada ainda.
Além disso, tinha o fato de nunca ter ouvido falar no timo antes. Soube que seria uma cirurgia complexa e, por causa do tamanho do tumor, ele estava grudado no coração e no pulmão também.
Geralmente, quem tem tumor no timo, também tem miastenia gravis. Estão diretamente relacionados, mas na época não sabia muito sobre a minha doença e, como ela não é muito falada, é muito difícil realizar o diagnóstico.
Já em 2017, pouco tempo antes de descobrir a Miastenia Gravis, minha pálpebra direita caiu e não levantou mais. Fiquei assim por três dias, até que meu oftalmologista me indicou um neurologista, pois já desconfiava do diagnóstico, fiz o exame de eletroneuromiografia e descobri a doença.
Tentei falar e não consegui
Fiquei sem chão. Achava que iria morrer em 10 minutos. Perguntava a Deus: por que logo comigo? Eu não entendia o motivo, mas hoje me tornei uma pessoa melhor, graças a minha doença.
O pior momento da doença até agora foi quando tentei falar e não consegui. Minha língua não mexia. Mas o ruim mesmo é quando bate a fraqueza, quando não consigo fazer nada.
É péssimo, principalmente para uma pessoa tão ativa como eu. Sinto um cansaço tão grande às vezes que me faz dormir às 21h e só acordar às 9h.
Trato a miastenia gravis com medicina integrativa, mas, quando percebo que passei por um estresse muito grande e que meu olho está fechando, ou quando tenho dificuldade de levantar a pálpebra porque ela está caída, uso um remédio indicado para doenças que afetam os músculos. Também tomo altas doses de vitamina D e um soro de vitaminas.
A doença agora está em remissão, além do tratamento, mudei toda a minha alimentação. Tirei glúten, lactose e açúcar, além disso, também pratico muito exercício físico".
O que é a miastenia gravis?
A miastenia gravis é uma doença autoimune, crônica e que afeta diretamente a comunicação do sistema nervoso com os músculos.
A característica clínica da doença é a fraqueza muscular e a fadiga, e afeta qualquer músculo do corpo, desde a mastigação e a deglutição, membros superiores e inferiores, musculatura de movimentação dos olhos e pálpebras, até músculos respiratórios.
Qualquer pessoa, independentemente da idade, pode ter a doença, porém existem duas faixas etárias com maior evidência de acometimento, sendo maior a incidência em mulheres em idade fértil, abaixo de 40 anos, e a segunda em homens, após 60 anos.
Existem duas formas de miastenia gravis:
Tipo 1 - miastenia grave autoimune adquirida: o paciente desenvolve anticorpo contra o mecanismo da acetilcolina (neurotransmissor) na região da fenda neuromuscular, que aderem aos receptores até que 99% se desfazem e causam os sintomas que são fraqueza nos braços e pernas, queda da pálpebra, visão dupla, dificuldade para mastigar e engolir, falta de ar e voz anasalada.
Tipo 2 - miastenia congênita: causa genética, sem nenhuma relação com imunidade e com formas diferentes de apresentação clínica. Essa versão da doença é menos comum e existe desde o nascimento. Quando a criança sobrevive, ela não chora, não suga, não deglute, tem dificuldade para andar e fica roxa quando mama.
Como todas as doenças autoimunes, não existe cura definitiva para a miastenia gravis, porém há períodos de remissão da doença, com ou sem medicamentos, que podem durar meses ou anos. O tratamento inclui medicamentos que melhoram a força muscular e medicamentos que interferem na resposta imunológica.
Além disso, também pode ser retirada a glândula timo (timectomia) como forma de terapia. Nos períodos de piora acentuada com insuficiência respiratória, chamada de crise miastênica, utiliza-se a imunoglobulina endovenosa ou plasmaférese, associadamente à possível necessidade de ventilação assistida em regime de internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva).
Diagnóstico
O diagnóstico, inicialmente, deve ser pensado naqueles pacientes que apresentam fraqueza muscular com fatigabilidade, ou seja, o paciente apresenta maior fraqueza com o aumento do esforço físico.
Geralmente começa com visão dupla e queda da pálpebra, podendo evoluir com dificuldade para mastigar, deglutir, fraqueza nos membros e falta de ar. Esses sintomas, porém, podem apresentar-se isoladamente ou até todos ao mesmo tempo.
Fonte: Marcelo Annes, neurologista do Hospital Israelita Albert Einstein (SP).
Apresentadora descobre doença rara após tumor e três dias de pálpebra caída - VivaBem
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