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Sunday, July 18, 2021

'Agora, número de casos é menos importante que o de internações’, diz líder das pesquisas da vacina de Oxford - Jornal O Globo

LONDRES — No fim de junho, o público presente na primeira partida do torneio de tênis de Wimbledon, em Londres, se levantou e aplaudiu Dame Sarah Gilbert por um longo tempo no que já é um dos momentos mais marcantes deste ano. A cientista, de 59 anos, é uma das responsáveis pelo desenvolvimento da vacina da Universidade de Oxford contra a Covid-19, posteriormente produzida em colaboração com a farmacêutica AstraZeneca. No Brasil, feita em parceria com a Fiocruz, é a vacina mais aplicada no país.

Obcecada por dados e evidências científicas, Gilbert ataca aqueles que, segundo ela, manejaram informações mal fundamentadas “que custaram vidas”. Leia trechos da entrevista a seguir:

O que podemos esperar no futuro imediato? Qual deve ser o grau de preocupação com a variante Delta?

A variante Delta não está causando uma doença mais grave do que o vírus original. Mas é verdade que é altamente transmissível. Em termos de evolução, a mutação geralmente não leva ao aumento da virulência. O próprio vírus não está interessado. Não há nenhuma vantagem se o infectado sofre de patologias mais graves. Quanto mais doentes graves, mais eles se isolarão e deixarão de transmitir. É do interesse do vírus aumentar sua transmissibilidade e causar efeitos mais suaves. A lógica nos leva a esperar novos vírus altamente contagiosos, mas que causem uma doença cada vez menos grave.

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Em vários países europeus, o número de casos aumentou e fala-se de uma nova onda...

Estou confiante de que as taxas de vacinação continuarão a aumentar. É claro que a variante Delta será dominante, e as infecções aumentarão. Cada país terá que decidir como responder. O número de infecções será menos importante do que o número de hospitalizações. Sabemos que, uma vez vacinadas, as pessoas podem se infectar, mas a doença é mais branda, e o normal é que transmitam menos o vírus. Atualmente, o número de casos que levam à internação não é o que era há um ano. A situação mudou.

A senhora afirmou que a informação da mídia alemã que estimou a eficácia da vacina de Oxford em idosos em apenas 8% 'custou vidas'. Esses meios de comunicação são responsáveis por mortes?

Sim. É muito importante comunicar os dados corretamente. Não apenas por causa das informações que são fornecidas aos governantes de um país, mas também aos cidadãos. As pessoas leem algo que não é correto e tomam suas decisões com base nisso.

As críticas e ataques à vacina de Oxford/AstraZeneca doeram? A senhora foi particularmente combativa em suas declarações...

Meus colegas e eu estamos constantemente tentando comunicar a ciência por trás da vacina. Cada novo resultado dos estudos foi publicado, com especial cuidado para não criar hipóteses ou interpretar excessivamente os dados. Foi frustrante que nossas reivindicações tivessem o mesmo peso e relevância que declarações de políticos ou jornalistas sem qualquer base científica. Elas não devem ter o mesmo peso.

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Os raros casos de trombose detectados em alguns pacientes levaram vários países a dispensarem a vacina da AstraZeneca na segunda dose. Isso faz sentido?

Esse tipo de decisão deve sempre ser amparado por dados e evidências científicas. Estudos ainda estão em andamento sobre a eficácia de possíveis combinações. Mas não se trata tanto de entender se isso pode ser feito quanto se é necessário. Estou preocupada com a tendência de alguns países ou empresas de recomendar novas diretrizes de vacinação sem o apoio dos dados. Por exemplo, a Public Health England [reguladora de saúde pública na Inglaterra] já publicou informações que sustentam que os trombos não são um problema na segunda dose da AstraZeneca. Nesse caso, não faz sentido substituir essa segunda dose por uma vacina diferente.

Seu livro recém-publicado no Reino Unido, 'Vaxxers', é um esforço para combater os negacionistas das vacinas...

O argumento que mais ouvimos é que as vacinas não são algo natural. O que você quer dizer com natural? Se você tiver uma infecção viral, um vírus invade as células do seu corpo, usando-as para se replicar e se espalhar. Ao vacinar, colocamos um pedaço de RNA do vírus em um pequeno número de células para produzir uma proteína que promove a resposta imunológica e evita que o vírus se espalhe. Eu estaria muito mais preocupada com uma infecção viral não controlada em todo o corpo do que com uma vacina controlada e limitada em seus efeitos. Precisamos que as pessoas entendam melhor como as vacinas funcionam.

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