Ter 45, 50, 60 anos atualmente é bem diferente do que foi para as gerações anteriores. O número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil já é superior ao de crianças com até 9 anos de idade. A população 50+ movimenta mais de R$ 1,8 trilhão, sendo a fatia com maior poder aquisitivo. No entanto, o preconceito etário ou, etarismo, permanece.
Este foi o tema do painel (confira a íntegra no vídeo acima) que abriu a segunda edição de Ageless Talks, evento do VivaBem dedicado ao público 45+, que foi realizado na última quinta-feira (24) e contou com a participação de convidados especiais que estão nessa faixa etária e vivenciam um novo estilo de vida e de perspectivas, sem que a maturidade seja encarada como limitação.
Com presença (virtual) da jornalista e apresentadora Carla Vilhena, da atriz e humorista Nany People e do doutor em saúde pública Alexandre da Silva, a mesa "Etarismo: o Preconceito de Idade que Afeta até Nossa Saúde" foi mediada pela comunicadora Cris Guerra, que na conversa compartilhou a experiência que teve quando chegou aos 50 anos, em agosto do ano passado.
"Cheguei a meio século de vida e continuei a mesma pessoa. Não mudei minhas roupas, meus planos e meus sonhos", contou Cris. "Segui com o mesmo espírito, minhas vontades só aumentam, minha visão de mundo só se ampliou e meu humor só melhora". Ainda assim, ela ponderou, sente na pele o etarismo, tanto na fala de terceiros quanto na própria fala.
Não tenho mais idade para isso. Será?
Especialista em envelhecimento, Alexandre da Silva é enfático: o passar dos anos não significa ter que lidar com limitação. "O que acontece é que a velhice é construída. Então, tudo o que fizermos ao longo da vida vai determinar como envelhecemos", explica.
O colunista do VivaBem disse que considera preocupante a recente sinalização da OMS (Organização Mundial da Saúde) de que pretende incluir a velhice na Classificação Internacional de Doenças (CID). "Isso torna patológica uma fase da vida, que pode ser de vinte, trinta anos. Não faz sentido e é preciso lutar de forma incisiva contra a inclusão deste código."
Para Nany People, a maturidade na verdade é libertadora, pois traz a constatação de que a aceitação pelo outro não é necessária. Porém, ela já encarou situações de preconceito etário também no universo trans, embora não tenha se intimidado. "Nunca soube o que foi a tal da convenção, pois nunca fui convencional. Mas tenho a sorte de ter crescido em uma família que sempre me apoiou e uma mãe muito amorosa", disse a atriz, que fez também do humor a sua válvula de escape, que permitiu encarar todas as fases com alguma leveza.
Contrato novo aos 53 anos
A jornalista Carla Vilhena foi pioneira entre as colegas a assumir os cabelos grisalhos, estando à frente de uma bancada de telejornal —um ato ousado, considerando as regras veladas que impuseram historicamente às âncoras dos principais jornais não mostrar os cabelos brancos na tela.
E isso não foi tudo: a profissional foi contratada pela emissora CNN, "um jovem canal", para apresentar uma de duas principais atrações jornalísticas, aos 53 anos. "Nunca me senti vista como uma pessoa que já estivesse fora da televisão ou da tecnologia. Pelo contrário, compartilhamos conhecimentos mutuamente e me senti recebida de uma forma muito bonita, que trouxe muito ânimo e uma energia nova", contou.
"Para uma mulher, dentro do jornalismo, que deveria valorizar o conhecimento e a experiência de tantos anos, é uma vitória", completou Carla Vilhena, que destacou como homens experientes de cabeça branca não enfrentam essas barreiras.
Ageless Talks 2021
Patrocinado por Vitasay e com apoio de Bigfral Moviment, o Ageless Talks é um encontro da geração que passou dos 45 anos para falar de corpo, mente, vitalidade, sexualidade. Confira abaixo como foi a segunda edição do evento (clique no nome de cada painel para assisti-lo no Youtube).
PAINEL 1: ETARISMO: O PRECONCEITO COM A IDADE QUE AFETA A SAÚDE
Com Carla Vilhena, jornalista; Nany People, humorista; e Alexandre da Silva, doutor em saúde pública e especialista em envelhecimento. Mediação de Cris Guerra, escritora e comunicadora.
PAINEL 2: SEXO E LIBIDO NA MATURIDADE: TUDO QUE VOCÊ QUERIA PERGUNTAR
Com Adriane Galisteu, atriz e apresentadora; e Jairo Bouer, especialista em sexualidade. Mediação de Gisele Vitória, jornalista.
PAINEL 3: DITADURA DA ACEITAÇÃO X DITADURA DA ETERNA JUVENTUDE: COMO ABRAÇAR A BELEZA DA MATURIDADE SEM NEURAS
Com Bruna Lombardi, atriz e palestrante; Claudia Liz, artista multimídia; Mônica Moura, modelo e atriz. Mediação de Fabi Gomes, colunista e apresentadora em Universa.
ENTREVISTA: MÔNICA MARTELLI FALA SOBRE ENVELHECIMENTO, SEXO E MENOPAUSA
PAINEL 4: NADA DE PARAR: ELES SEGUEM PRODUZINDO, EMPREENDENDO E SE REINVENTANDO
Com Marcelo Tas, jornalista; Teresa Cristina, cantora e compositora; e Consuelo Blocker, influenciadora digital. Mediação de Tatiana Schibuola, gerente geral de marcas editoriais do UOL.
PAINEL 5: MATURIDADE EM FORMA - COMO EVITAR GANHO DE PESO E SE MANTER ATIVO DEPOIS DOS 45 ANOS
Com Silvia Poppovic, jornalista e apresentadora; Otaviano Costa, ator e apresentador; e Márcio Lui, personal trainer. Mediação de Silvia Ruiz, jornalista e e autora da coluna Ageless
ENCERRAMENTO: ANGELA DIPPE FAZ UM DISCURSO CHEIO DE HUMOR SOBRE ENVELHECIMENTO
Velhice não é doença: maduros rechaçam medida etarista da OMS - UOL
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