Movimentação no Viaduto Santa Ifigênia, no Centro da cidade de São Paulo. — Foto: ROMEO CAMPOS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
O percentual de adultos na cidade São Paulo que possuem anticorpos neutralizantes contra o coronavírus é de 82%, segundo pesquisa divulgada nesta terça-feira (9). De acordo com especialistas, a presença deste tipo de anticorpo, entre outros fatores, faz com que as pessoas desenvolvam formas mais leves da Covid-19 ou fiquem imunes à doença.
Esta é a sétima etapa do estudo que monitora a prevalência do vírus no município desde o início da pandemia. O levantamento é realizado por Grupo Fleury, Instituto Semeia, Ipec e Todos pela Saúde.
Nesta etapa, a novidade é que, além dos anticorpos que indicam que a pessoa já se contaminou pela doença - os chamados anticorpos contra nucleoproteína -, os pesquisadores também mediram os anticorpos que são mais estimulados após o contato com as vacinas - os anticorpos neutralizantes.
"O mais importante [da pesquisa] é a presença de anticorpos neutralizantes, que garantem às pessoas um nível mais fraco da doença ou não ter a doença", afirmou o biólogo Fernando Reinach, um dos coordenadores do estudo.
"Os anticorpos contra nucleoproteína são induzidos nas pessoas quando são infectadas. Quando divulgamos os resultados da fase 6, praticamente não tinha ninguém vacinado ainda. Agora, estamos com uma porcentagem alta e introduzimos o novo teste de anticorpos neutralizantes. Ao contrário da nucleoproteína, esses anticorpos são induzidos em maior parte pelas vacinas."
O pesquisador ressalta que apenas a vacina CoronaVac é capaz também de induzir anticorpos contra nucleoproteína, já que é produzida com vírus inativo.
As amostras sorológicas da fase 7 foram colhidas de 1.055 pessoas de 160 regiões da capital paulista, entre 9 e 20 de setembro de 2021.
Em relação à fase anterior, realizada em abril, o percentual de pessoas que foram infectadas pela doença (anticorpos contra nucleoproteína) subiu de 41,6% para 52,8%. Já o total de pessoas com anticorpos neutralizantes (estimulados majoritariamente pelas vacinas) subiu de 33,3% para 81,8%.
"A combinação desses resultados leva à nossa conclusão de que o nível de proteção em São Paulo já está muito alto entre os adultos. Portanto, permite concluir que essa queda de mortes e casos leves que vem ocorrendo vai continuar, a não ser que a gente tenha uma nova variante ou algo inesperado", disse Reinach.
Desigualdade entre bairros
Assim como nas etapas anteriores, o estudo também mostrou que, nos bairros mais ricos da cidade, a prevalência da doença é menor do que nos bairros mais pobres e periféricos. Nos distritos mais ricos, 43% da população teve contato com o vírus, enquanto nos distritos mais pobres, a prevalência foi de 62%. A média da cidade foi de 52,8%.
Já em relação aos anticorpos imunizantes, não houve disparidade entre o percentual de ricos e pobres. A soroprevalência nos distritos mais ricos foi de 81,3%; nos mais pobres, 82,3%. A média da cidade é de 81,8%.
"A doença não é democrática, mas a vacina é democrática. Essa é a maior informação que a gente pode tirar dessa fase", disse o infectologista Celso Granato, um dos coordenadores da pesquisa.
“Quando a gente vê o número de anticorpos neutralizantes entre os mais ricos e mais pobres, se a gente tivesse começado a vacinação antes, talvez não houvesse essa diferença grande [de óbitos entre as classes]”, disse Márcia Cavallari, CEO do Ipec.
*Com supervisão de Paula Lago.
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